Cobrança de estacionamento no Cemitério Vila Formosa, na Zona Leste de SP, gera revolta de visitantes
Cobrança de estacionamento no Cemitério Vila Formosa, na Zona Leste de SP, gera revolta de visitantes
Primeira hora custa R$ 12 e diária, R$ 20. Concessionária informou que medida tem como objetivo melhorar a segurança. Frequentadores relatam não ver melhorias na mudança de administração e consideram abusivo o valor.
Cobrança de estacionamento em cemitérios de São Paulo
O maior cemitério da América Latina, o Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, começou a cobrar pelo estacionamento.
A mudança começou no 27 de maio e não é ilegal. Entretanto, tem gerado revolta dos visitantes.
O estacionamento cobra R$ 12 na primeira hora, depois um adicional de R$ 3. A diária é R$ 20 e os primeiros R$ 15 não são cobrados.
“Eu acho um absurdo isso, é um absurdo! É um lugar que a gente vem porque é necessário mesmo, não é um local de passeio, é um local que presta um serviço público para quem, infelizmente, não tem condições de estar sendo enterrado em um lugar melhor, e ainda cobrar estacionamento?”, questionou Eliane Cristina Felisberto, aposentada.
A prefeitura concedeu a administração de todos os cemitérios da cidade de São Paulo para empresas privadas há cerca de 1 ano e dois meses.
A expectativa era de melhoras nos serviços, mas frequentadores do local apontam mato alto do lado de fora e falta de espaço para estacionar os carros.
“Você vem em um velório e se for a noite toda você vai pagar quanto de estacionamento? Eu comprei o jazigo, já paguei caríssimo, tem manutenção e tudo e você vai pagar para entrar aqui ainda?” questionou João Siqueira, aposentado que se assustou com a mudança na entrada quando foi visitar o túmulo do filho.
“Quando privatizou, eu falei vai ficar maravilhoso. No início, o mato estava tomando conta, dava até medo de entrar aqui, e já estava privatizado, mas o serviço estava pior que antes. Agora parece que eles começaram a limpar e já começaram a cobrar também pra entrar no cemitério”, completou Siqueira
A capital tem ao todo 22 cemitérios e um crematório. Quatro empresas passaram a ser responsáveis pela administração de todos eles.
Especialistas aponta falta de transparência da Prefeitura
Guilherme Jardim, especialista em gestão pública e professor da FGV aponta para a falta de regulação do preço por parte da prefeitura, ou seja, a concessionária pode cobrar o valor que quiser dos visitantes.
“O preço que a concessionária pode cobrar para explorar o serviço de estacionamento não é regulado pela prefeitura, é um preço livre, a concessionária pode cobrar o que ela quiser, isso está dito no contrato e é um problema”, contou Guilherme Jardim, especialista em gestão pública, em entrevista à TV Globo.
Para ele, os contratos deveriam estar disponíveis de forma pesquisável para os cidadãos.
“Esses contratos precisam estar livres ao público, a informação precisa ser clara e é preciso que esses documentos sejam disponibilizados de formato pesquisável (…) Os cidadãos merecem poder controlar os dados da prefeitura, saber o que a prefeitura está contratando, como ela está contratando e por qual valor. Atualmente, ao menos no caso dos cemitérios, essas informações não estão facilmente acessíveis. Isso, ao meu ver, é muito grave”, concluiu o especialista Guilherme Jardim.
A Consolare, empresa que administra o Cemitério da Vila Formosa, informou que segue as diretrizes previstas em contrato e que a cobrança do estacionamento tem como objetivo melhorar a segurança dos visitantes.
Já a Prefeitura diz que a concessionária pode explorar os serviços de estacionamento com preços que devem corresponder aos de mercado.
Fonte: G1