A ponta do iceberg: Lula versus Banco Central
Com a taxa Selic em 13,75%, PT vê uma barreira para uma proposta de crédito para os mais vulneráveis e grandes investimentos
CÉLIO EGIDIO
Presidente Lula (PT) vem criticando a altos juros aplicados pelo Banco Central do Brasil / Marcelo Camargo/Agência Brasil
Nos últimos dias o presidente Lula (PT) vem criticando a altos juros aplicados pelo Banco Central do Brasil. Embora não haja responsabilidade direta do presidente do BCB, mas de um colegiado – o Comitê de Política Monetária (Copom).
A taxa Selic está 13,75% desde agosto de 2022 e dessa forma, segundo o PT, é uma barreira para uma proposta de crédito para os mais vulneráveis e para os grandes investimentos.
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Na verdade, a batalha entre Lula e Roberto Campos Neto, presidente do BCB, é somente a ponta do iceberg na disputa interna do PT. O melindre está em Fernando Haddad, que ficou com o Ministério da Fazenda e Aloisio Mercadante com a presidência do BNDES.
Mercadante com alta história partidária ficou “longe” do poder, pois o banco tem sua sede no Rio de Janeiro. Haddad está bem mais próximo de Lula, em Brasília.
Nessa disputa, o BNDES precisa brilhar e com taxa de juros alta o banco não consegue dar o salto necessário para alavancar Mercadante.
Para apagar esse fogo, a solução é baixar a taxa de juros para que BNDES inicie o destaque desejado. E de fato, há uma proposta de expansão de crédito daquele banco de fomento, mas como tratar o assunto com Selic a dois dígitos.
Dessa forma a grande fronteira para os interesses do PT é a manutenção da independência do Banco Central e Campos Neto virou o vilão da vez no projeto político do petismo.
O atual modelo do BCB segue a regra mundial e todos os bancos centrais estão subindo ou mantendo sua taxa de juros para conter a inflação.
A varejo está derretendo, grandes grupos não estão aguentando os efeitos pandêmicos, que até hoje causam mortes de “empresas”, a queda de renda das famílias é real. Nesse cenário, cautela e canja de galinha são necessários, mas na disputa de estrelas do PT, isso não entra na conta.
Fonte: Gazeta de São Paulo