Célio Egidio

A união dos opostos no desastre ambiental paulista

Em um momento de grande comoção nacional e alta cobertura pela imprensa, Lula divide a atenção com Tarcísio

CÉLIO EGIDIO

Presidente Lula (PT) e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) em encontro no no Teatro Municipal de São Sebastião, atual sede do gabinete de gerenciamento das ações de resgate e salvamento no Litoral Norte / Cris Cunha/Governo de SP

O litoral norte paulista sofreu forte abalo climático no último sábado (18), deixando danos inestimáveis. Uma conjunção de fatores meteorológicos provocou uma chuva torrencial e fortes rajadas de vento, promovendo um desastre sem igual em toda a região – com rodovias interrompidas e várias mortes de moradores e turistas.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi até o epicentro dos problemas, e lá instalou o seu gabinete. Diante da repercussão, em pleno período carnavalesco, o presidente Lula (PT) foi para o local sinistrado, reunindo-se com prefeitos e com o governador paulista.

Com discurso de união e democracia, propôs que sejam abandonadas as disparidades para um bem maior.

No mesmo palco, Lula divide a atenção com Tarcísio, em momento de grande comoção nacional e alta cobertura pela imprensa, além da repercussão nas redes sociais. Dessa forma houve a união dos opostos no desastre ambiental do litoral paulista.

O discurso foi moldado na cortesia e pragmatismo diante do cataclismo, mas, na verdade, os players estavam com o olhar para 2026. Isso mesmo caro leitor.

Lula, atual presidente, desejará continuar na cadeira ou criar ambiente para um sucessor. E naquele momento estava diante de um grande opositor e não poderia deixá-lo como o condutor das decisões.

Tarcísio quer se tornar um político de expressão, mas com contornos de estadista, diverso de seu mentor Bolsonaro, ex-presidente, e isso dificultará Lula no combate a uma direita, agora, pragmática.

O PT tem nas mãos a caneta e o orçamento, mas muitas adversidades pela frente, como a crise de abastecimento mundial, guerra na Europa e inflação que deixa os juros no andar de cima do acesso ao crédito. Lula veio para São Paulo como pacificador e encontrou um governador receptivo, sem confrontos, mas que pretende uma projeção nacional e fazer sombra ao petismo.

Fonte:Gazeta de São Paulo

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