Paraisópolis tem superfícies até 15°C mais quentes que Morumbi, diz estudo
Paraisópolis tem superfícies até 15°C mais quentes que Morumbi, diz estudo
Pesquisa analisou imagens de satélite que mediram, no último verão, a temperatura de telhados, ruas e solo

Um estudo da Cefavela (Centro de Estudos da Favela) apontou que, no último verão, enquanto a região do Morumbi, localizada na zona Oeste da capital paulista, registrou temperaturas na susperfície em torno dos 30°C, na favela de Paraisópolis, região vizinha ao bairro, os números chegaram a 45°C.
A pesquisa analisou 19 imagens de satélite que medem a temperatura das superfícies como telhados, ruas e solo e identificou diferenças de até 15°C entre territórios de favelas e de bairros vizinhos na cidade de São Paulo.
Segundo o estudo, a maior temperatura foi registrada na zona Sul da capital, no Jardim Capelinha, bairro que registrou 47,4° C na superfície. Já em Heliópolis, uma das favelas mais populosas do município, os registros permaneceram acima de 44°C nos dias mais quentes.
O estudo, conduzido pelos pesquisadores Rohit Juneja, Flávia Feitosa e Victor Nascimento, também destacou que comunidades localizadas em áreas densas e sem vegetação registram maiores temperaturas do que as áreas com maior proximidade de corpos d’água ou corredores verdes.
No período analisado, de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025, o Capão Redondo, distrito densamente ocupado da zona sudoeste, acumulou três das dez favelas mais quentes da cidade de São Paulo, sendo elas:
- Jardim Capelinha: 47,4° C;
- Jardim D’Abril II: 47,3° C;
- Basílio Teles: 47,2° C;
Segundo o último censo demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cidade de São Paulo acumula cerca de 11,5 milhões de habitantes.
Entre esse número,mais de 1,7 milhão deles vivem nas mais de 1.350 favelas (onde as temperaturas das superfícies costumam ultrapassar 40°C), que concentram mais de 15% da população.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) as temperaturas superiores a 40 °C representam risco grave, principalmente para idosos, crianças e pessoas com doenças cardiovasculares e respiratórias.
“É relevante ampliar a sensibilização de que o calor não é apenas um fenômeno meteorológico, é também resultado das escolhas de planejamento do território, capazes de mitigá-lo ou intensificá-lo […] Incluir o calor como dimensão da inadequação habitacional significa reconhecer que a exclusão urbana também se mede em graus Celsius”, concluíram os pesquisadores.
Fonte: CNN

