Casos de Covid aumentam mais de 300% em escolas estaduais de SP e sindicato pede volta do uso de máscaras
De 8 de maio até esta quarta-feira (1º) foram 765 casos confirmados da doença, contra 163 casos nas quatro semanas anteriores. Comitê de Saúde do governo recomendou que uso em ambientes fechados seja retomado.
Pais e alunos na entrada de escola em São Paulo, em foto de 2021. — Foto: CESAR CONVENTI/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Os casos de Covid-19 aumentaram mais de 300% nas escolas estaduais de São Paulo nas últimas semanas, segundo levantamento realizado pelo sindicato que representa os professores da rede estadual.
De acordo com a Apeoesp, foram registrados mais de 600 casos de professores, funcionários e alunos contaminados em pelo menos 92 escolas estaduais, desde o dia 11 de maio até esta quarta-feira (1º).
A plataforma de acompanhamento do próprio governo do estado, no entanto, aponta números ainda maiores.
Segundo dados do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação (Simed), houve aumento de 370% nos casos confirmados de Covis nas escolas da rede estadual nas últimas quatro semanas.
De 8 de maio até esta quarta-feira (1°) foram 765 casos confirmados da doença, sendo que a última semana epidemiológica se encerra apenas no sábado (4). Já nas quatro semanas anteriores, entre 10 de abril e 7 de maio, tinham sido registrados 163 casos.
O sindicato dos professores afirmou que orientou suas sub-sedes localizadas no estado a realizarem a fiscalização das escolas, notificarem os casos e exigirem suspensão das aulas e demais providências onde forem identificados casos da doença.
A Apeoesp também afirmou que recomendou aos profissionais da educação e a todos os que frequentam as escolas que usem máscaras e tomem todos os cuidados sanitários.
Desde o dia 17 de março, o uso de máscaras nas escolas é opcional em todo estado, cabendo às instituições exigirem ou não o item de proteção.
Nesta terça-feira (31), o comitê de saúde que orienta o governo estadual voltou a recomendar o uso da máscara em locais fechados, incluindo escolas, mas a sugestão não tem peso de determinação.
O g1 questionou a Secretaria Estadual da Educação sobre quais medidas serão adotadas diante do aumento de casos.
Em nota, a gestão afirmou que segue as orientações do Comitê Científico. “A recomendação não modifica a legislação vigente em São Paulo da obrigatoriedade de uso do item apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo”, diz o texto.
A pasta disse ainda que as escolas da rede “, continuam seguindo os protocolos sanitários, como higienização constante das mãos, higienização e ventilação dos ambientes, uso obrigatório da máscara no transporte escolar e opcional nos ambientes da escola, identificação e afastamento dos casos e monitoramento de seus contactantes.”
Em meados de maio, algumas escolas da Região Metropolitana de São Paulo chegaram a suspender as aulas presenciais por conta de surtos de Covid. Outras escolas particulares também voltaram a pedir o uso da máscara em todos os ambientes.
Piora nos indicadores
A quantidade de novas internações por Covid-19 no estado de São Paulo aumentou 120% em maio, segundo dados da Secretaria da Saúde. Apesar do crescimento, a média móvel atual ainda é muito inferior à verificada no pico da pandemia, em março de 2021, e também no ápice deste ano, verificado no final de janeiro, por conta da variante ômicron do coronavírus.
Em meio à preocupação dos especialistas em saúde sobre a possibilidade de uma nova onda da doença, 10 milhões de pessoas ainda não retornaram aos postos de saúde para tomar a dose de reforço da vacina no estado (leia mais abaixo).
A média móvel de novas internações, em leitos de enfermaria ou de UTI, chegou a 374 na segunda-feira (30). No início do mês, em 1º de maio, o indicador era de 171 internações por dia.
Em janeiro deste ano, com a chegada da variante ômicron, o número chegou a 1.521 novas hospitalizações diárias. Já em março de 2021, no pior momento da pandemia, o estado chegou a ter 3.399 internações por dia. Centenas de pessoas morreram em São Paulo à espera de leitos de UTI, na época.
Dose de reforço
Adolescente recebe dose de reforço da vacina contra a Covid nesta segunda-feira (30) em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo
Nesta segunda-feira, o estado de São Paulo começou a aplicar a dose de reforço em adolescentes de 12 a 17 anos. A medida segue a recomendação feita pelo Ministério da Saúde em nota técnica publicada na última sexta-feira (27). O estado tem 3,3 milhões de adolescentes nesta faixa etária.
Antes da ampliação do público, adolescentes imunossuprimidos e todas as pessoas com mais de 18 anos já estavam elegíveis para tomar a dose de reforço, obedecendo o prazo de quatro meses desde a aplicação da última dose do esquema vacinal. 24,3 milhões de pessoas receberam essas doses em São Paulo.
No entanto, 10 milhões não retornaram aos postos de saúde para receber o reforço, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
Especialistas destacam que o reforço é fundamental para que as pessoas, mesmo que cheguem a se contaminar, não desenvolvam quadros mais graves da doença.
Idosos a partir de 60 anos e pessoas imunossuprimidas com idade entre 12 e 18 anos também já estão elegíveis para receber a segunda dose de reforço da vacina (quarta dose). Segundo a secretaria, 3,7 milhões de pessoas receberam o segundo reforço, mas 3,3 milhões de pessoas aptas ainda não retornaram para receber a dose.
O estado de São Paulo tem 87% da população vacinada com o esquema vacinal completo, ou seja, com pelo menos duas doses de vacina ou uma do imunizante de dose única. Em crianças de 5 a 11 anos, 59% têm o esquema vacinal completo.
Média de mortes e casos
A média diária de novos casos de Covid-19 no estado também apresenta tendência de alta nesta terça-feira (31). Foram registrados 5.399 casos em média, aumento de 57% em relação ao observado há 14 dias (3.433).
Já a média móvel de novas mortes é de 39 nesta terça. O valor é 22% menor do que o registrado há 14 dias, o que indica tendência de queda.
Após dois meses seguidos de queda nas mortes, o estado voltou a registrar alta no indicador no início de maio. Nos dias seguintes, houve estabilidade nos registros. Na sequência, foi registrada alta a partir do dia 13. Essa alta foi interrompida na quarta-feira (25), quando os registros voltaram a cair.
Fonte: G1