Frio intenso em São Paulo aumenta urgência do auxílio a desabrigados nas ruas

Entidades assistenciais dizem que estão tendo dificuldades na abordagem de dependentes químicos que ficavam na Cracolândia. É que as recentes ações da polícia levaram a uma divisão dos grupos mais numerosos.


Sem teto e dependentes químicos se dispersam nas ruas de SP; auxílio fica mais difícil

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Em São Paulo, o frio tornou mais urgente o atendimento aos sem-teto e aos dependentes químicos nas ruas, só que eles estão mais espalhados pela cidade.

Em uma cidade com 32 mil pessoas vivendo nas ruas, toda ajuda é bem-vinda. A van da prefeitura cadastra as famílias que precisam de abrigo. Quem pode, oferece roupa, comida e cobertor.

Mas, com os termômetros marcando 13°C no meio da tarde, a manta fina não dá conta de aquecer esse mineiro de Três Corações, que há dois anos vive nas ruas de São Paulo.

“Imagina 3h, 4h, com o vento batendo junto com esse frio. A gente procura ir para os lugares que tem mais doação. Até aqui, que tinha bastante doação, parece que não está tendo muita”, lamenta o sem-teto.

Se as doações não vêm como antes, voluntários também não estão conseguindo chegar a quem precisa. Entidades assistenciais dizem que estão tendo dificuldades na abordagem de dependentes químicos que ficavam na Cracolândia. É que as recentes ações da polícia levaram a uma divisão dos grupos mais numerosos, que até janeiro ocupavam as praças Júlio Prestes e Princesa Isabel, no centro de São Paulo.

Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, defende que as ações policiais sejam coordenadas com outras áreas.

“O que estamos vendo é que todas as operações são na área de Segurança e prescindem da presença da Assistência Social, da Saúde. As pessoas são tratadas somente como situação de segurança pública. Os consultórios de rua, que acabam perdendo as pessoas, perdendo as agendas que eles tem, perdendo a continuidade do tratamento. E todos os outros grupos religiosos e os outros grupos de ação social acabam tendo suas ações destruídas, porque eles atingem as pessoas e, atingindo as pessoas, destroem todo o projeto que essas pessoas têm”, afirma o padre.

Adilene Vieira Monteiro de Marques atua em uma organização religiosa que há 13 anos presta assistência a dependentes químicos, e vê de perto os efeitos dessa dispersão.https://3610c9a9a8374caa1f1b899edd93e4c3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“A gente chegava a ver, à noite, quase 4 mil pessoas aqui na Julio Prestes, na Princesa Isabel. E agora a gente encontra grupos de 800, grupo de mil; mas estão espalhados. Então, os grupos às vezes não sabem onde eles estão; fica difícil de encontrar. Vamos dizer que tem 150 aqui, e eu consigo tirar 15 da rua. Hoje, com 50, eu consigo tirar menos. Então, é a nossa limitação hoje em relação ao passado”, explica.

A procura por atendimento na sede da entidade caiu tanto que os voluntários resolveram fazer o que chamam de busca ativa. Eles vão sair de carro atrás dos dependentes químicos que se espalharam pelo Centro. Estão levando sopa e mantas para distribuir para quem precisa.

No caminho, ruas fechadas para uma nova operação da polícia, em um novo ponto de concentração de dependentes químicos. Os policiais apreenderam drogas e dinheiro.

Quando a kombi finalmente consegue parar, um grupo de cerca de 200 pessoas faz fila para pegar sopa, manta e uma touca, que vão ajudar a enfrentar mais uma noite fria.

“A gente fica morrendo de fome de madrugada, de manhã… A gente vai lá, eles dão café, pão, a gente toma banho, faz a barba. Eles dão a vida digna para gente. Isso que ajuda”, agradece o sem-teto Massao Koda.

Fonte: G1

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