Policial acusado de matar lutador Leandro Lo é demitido da PM mais de três anos depois do crime
Policial acusado de matar lutador Leandro Lo é demitido da PM mais de três anos depois do crime
Assassinato ocorreu após briga em 2022, no Clube Sírio, Zona Sul de SP. Com a demissão, Henrique Velozo deixa de receber o salário mensal de R$ 14,6 mil que foi garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) até o fim dos processos na Justiça Militar.
Por Rodrigo Rodrigues, Kleber Tomaz, g1 SP e TV Globo — São Paulo
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O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, preso por ter matado o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, em agosto de 2022. — Foto: Reprodução/Instagram
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), demitiu o tenente da Polícia Militar, Henrique Otávio Velozo, acusado de assassinar o campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo.
A demissão foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira (22) e afirma que cumpre decisão do Tribunal de Justiça Militar de SP, que em junho já tinha determinado a perda de posto e patente do tenente dentro da Polícia Militar.
A demissão acontece mais de três anos depois do crime, ocorrido em agosto de 2022.
Naquela ocasião, Henrique Velozo deu um tiro na cabeça de Leandro Lo, após os dois se envolverem em uma briga dentro de um show de pagode no Clube Sírio, na Zona Sul da capital paulista.
Com a demissão, Velozo deixará de receber o salário mensal de R$ 14,6 mil que foi garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), até que os processos administrativos tivessem concluídos na Justiça Militar e dentro da PM.
O g1 procurou a defesa de Henrique Velozo, que disse, por meio de mensagem, que “ele será absolvido e regressará às fileiras da Polícia Militar do Estado de São Paulo”, declarou o advogado Cláudio Dalledone Jr.
Velozo está preso no Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo, desde o dia do crime.
Julgamento criminal adiado

Começou hoje, em São Paulo, o julgamento do policial militar acusado de matar o campeão mundial de jiu-jitsu, Leandro Lo
Apesar de estar fora da corporação, o ex-policial ainda não foi julgado pela Justiça. No último dia 5 de agosto, o júri que vai deliberar sobre a pena dele pelo crime foi adiado pela 2ª vez, por conta de um bate-boca entre os advogados do agora ex-PM e os promotores do caso, no Tribunal Criminal da Barra Funda.
A discussão cancelou o júri que colocaria fim ao crime que ocorreu em agosto de 2022.
Após a saída dos jurados do plenário 6, no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste, o juiz determinou a dissolução do júri e o remarcou para os dias 12, 13 e 14 de novembro deste ano, a partir dar 10h.
A confusão começou quando o advogado de defesa do tenente Velozo, Cláudio Dalledone, e o promotor do caso, João Calsavara, discutiram após o representante do PM insinuar que, na noite do crime, Leandro Lo “fumava algo com cheiro de maconha dentro da balada” onde o crime aconteceu, na Zona Sul da capital paulista.
No momento da discussão, a testemunha que estava sendo ouvida era o delegado João Eduardo da Silva, que presidiu o inquérito de homicídio. Ele disse em juízo que não foi provado por meio de laudos que o lutador tenha consumido maconha no dia do assassinato.
O juiz advertiu as duas partes que não era o momento para debates entre as partes, uma vez que a primeira testemunha ainda estava sendo ouvida.
Cláudio Dalledone então exibiu fotos de amigos de Leandro Lo que estavam com ele na noite do crime, insinuando que eles eram fortes e grandes e que, portanto, Henrique Velozo teria agido em legítima defesa contra o grupo ao ser intimidado e sacado a arma.
O juiz então advertiu novamente Dalledone, dizendo que ele fazia perguntas a uma testemunha que não tinha condições de responder, já que não foi a responsável por produzir o laudo técnico do crime.
O magistrado indeferiu várias perguntas da defesa de Henrique Velozo, e Dalledone ameaçou deixar o plenário, alegando estar sendo desrespeitado pelo promotor.
“Estou saindo do plenário. (…) Pede para o promotor de Justiça respeitar advogado”, afirmou Dalledone para um dos advogados assistentes da acusação.

Tribunal Militar decide por perda de posto e patente de tenente da PM acusado de matar Leandro Lo
O delegado do caso deixou, então, o plenário e o juiz chamou o promotor e a defesa para uma conversa privada. Ao retornar, o magistrado anunciou não haver mais condições de continuar o julgamento e que uma nova data seria marcada.
“Seus cabelos brancos não fazem jus ao seu comportamento”, disse um dos advogados de defesa ao promotor João Calsavara.
A partir daí, a família de Leandro Lo também reagiu e criticou a defesa do PM acusado de assassinato.
“Só adiou o sofrimento. Fizeram circo”, disse a mãe do lutador, Fátima Lo, ao g1.
Após a fala, ela se emocionou e chorou na saída do plenário: “Me deu uma coisa ruim quando o vi, ele tem um semblante horrível: o assassino”, completou. Ela comentou que a defesa do policial mais uma vez tumultuou o júri.
“Quero justiça, porque está lá provado tudo o que aconteceu, mas o advogado de defesa tumultuou [o julgamento] e acabou adiando. Só adiou o meu sofrimento… está acabando comigo, isso. Porque eu estava na esperança que dia 7, três anos após a morte dele, que ele [Henrique Velozo] iria começar a pagar, cumprir a pena dele. E não foi assim. Mas a justiça ainda vai vir”, comentou a mãe do lutador (veja vídeo abaixo).

Mãe de Leandro Lo chora ao saber do 2° adiamento de júri: ‘Só adiou minha angústia’
Fonte: G1