O pivô do rompimento entre os clubes é um adolescente de 16 anos, canhoto e que atua preferencialmente pelo lado direito do ataque. Kauê Furquim chegou ao Parque São Jorge aos oito anos para jogar futsal e aos 14 fez a transição definitiva para o campo, onde passou a ganhar destaque no ano passado.

As boas atuações pelo sub-15 do Corinthians renderam as primeiras convocações para a seleção brasileira da categoria em 2024. Ao mesmo tempo, ele passou a entrar em campo por equipes mais velhas da base alvinegre. Em 2025 ele disputou o Campeonato Paulista e o Brasileiro Sub-17 e Sub-20. Ao todo são 18 jogos e dois gols marcados nas competições.

Kauê Furquim também chamou a atenção de Dorival Júnior. A promessa da base vinha treinando com os profissionais no CT Joaquim Grava e chegou a ser relacionada para dois jogos do Campeonato Brasileiro, contra Fortaleza e Grêmio. Se entrasse em campo ele seria o atleta mais jovem a atuar pelo Corinthians em uma partida oficial, mas o atacante ficou apenas no banco de reservas.

Em abril deste ano Kauê Furquim assinou contrato com duração de três anos com o Corinthians. A multa rescisória tinha o valor de 50 milhões de euros (R$ 315 milhões na cotação atual) para o exterior. Para o mercado interno, no entanto, a legislação vigente estipula que a multa deve ser duas mil vezes o valor do salário do atleta.

A diretoria alvinegra argumenta que o Bahia se aproveitou desta “brecha” para pagar os R$ 14 milhões da multa rescisória nacional, levar a promessa da base e preparar o jogador para a transferência ao mercado europeu a partir das relações do Grupo City daqui alguns anos.

Na nota divulgada pelo Corinthians, o clube classificou o Bahia como “um mero intermediador de negócios”. A diretoria tricolor foi procurada pelo ge, mas até a publicação desta reportagem, não se manifestou sobre o assunto.

Leia, na íntegra, a nota publicada pelo Corinthians:

“O Sport Club Corinthians Paulista, ao longo de sua centenária história, tem como um de seus valores o respeito para com as instituições de relevância esportiva e cultural, sejam elas do Brasil ou do exterior.

Repudiamos, veementemente, o aliciamento ilícito e imoral do jogador Kauê Furquim, formado nas categorias de base do Corinthians, em trama envolvendo o City Football Group e o Esporte Clube Bahia.

Em nenhum momento o Corinthians foi comunicado sobre o interesse na negociação do jogador. Estudaremos os caminhos jurídicos necessários e possíveis para punir os responsáveis e apelaremos à CBF e à FIFA para que a justiça seja feita.

A estratégia retoma mais um ato daquela antiga e nefasta prática da subtração de talentos, ainda muito jovens, do futebol nacional, levando-os a preço vil para mercados externos, reduzindo o Bahia a um mero intermediador de negócios.

Reforçamos, mais uma vez, nosso repúdio aos envolvidos rompendo por completa qualquer relação institucional com o Esporte Clube Bahia e o City Football Group”.

Fonte: Ge