Cotidiano

Justiça de SP marca para essa sexta a 1ª audiência do caso do Porsche: motorista está preso por matar homem em acidente a 114 km/h

O empresário Fernando Sastre, que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana — Foto: Reprodução

O empresário Fernando Sastre, que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana — Foto: Reprodução

A Justiça de São Paulo marcou para essa próxima sexta-feira (28) a primeira audiência do caso do motorista do Porsche que causou um acidente trânsito a mais de 100 km/h que deixou um homem morto e outro ferido, em 31 de março de 2024, na Zona Leste da capital.

Essa etapa do processo é chamada de audiência de instrução e serve para a Justiça decidir se há indícios de crime para levar o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do carro de luxo, a julgamento.

Fernando Filho é réu no processo no qual responde preso pelos crimes de homicídio por dolo eventual (por ter assumido o risco de matar o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana) e lesão corporal gravíssima (ao ferir gravemente seu amigo, o estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha).

O motorista do Porsche está preso preventivamente em Tremembé, interior paulista. A prisão preventiva tem o objetivo de manter uma pessoa presa até seu eventual julgamento.

Fernando Filho não precisa comparecer à audiência desta sexta. Existe a possibilidade de que ele a acompanha por videoconferência do local onde está preso.

A sessão ocorrerá a partir das 13h30 no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa do caso. Se for possível, o juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, também interrogará o réu.

Fernando Filho é acusado pelo Ministério Público (MP) de dirigir embriagado e em alta velocidade e assumir o risco de matar e ferir pessoas. A acusação é feita pela promotora Monique Ratton.

g1 não conseguiu localizar a defesa do empresário para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

Antes do acidente, Fernando Filho dirigia o Porsche Carrera a 156, 4 km/h, segundo a perícia da Polícia Técnico-Científica. Ornaldo teve o Renault Sandero atingido por trás pelo carro de luxo guiado por Fernando a 114 km/h na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé. O limite para a via é de 50 km/h. Câmeras de segurança também gravaram o momento da batida.

Em entrevista ao Fantástico, antes de ser preso, e em depoimento à polícia, Fernando Filho disse que não correu com o Porsche, mas não soube informar qual era a velocidade que estava.

Outras testemunhas ouvidas pelo 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, disseram que o Porsche corria bastante. Dirigir em alta velocidade e embriagado são crimes de trânsito graves. Principalmente quando ocorre um acidente com morte. Nesse caso seriam agravantes.

Vídeo mostra réu com voz pastosa

Veja como foi saída de motorista do Porsche de casa de pôquer antes de acidente

Um novo vídeo, obtido pelo g1, mostra Fernando Filho dentro do Porsche dizendo “vamos jogar sinuca” com voz pastosa para a namorada e um casal de amigos, ao sair de uma casa de pôquer, 13 minutos antes de causar o acidente que matou Ornado e feriu Marcus. Quem gravou o vídeo foi a namorada de Marcus.

Além das testemunhas, Marcus e sua namorada também contaram à polícia que Fernando Filho havia tomado bebida alcoólica antes do acidente e tinha sinais de embriaguez. O empresário negou ter bebido, tanto em depoimento à Polícia Civil quanto em entrevista ao Fantástico. A namorada do motorista do Porsche também disse à investigação que ele não bebeu.

Imagens das câmeras corporais dos policiais militares que atenderam a ocorrência do acidente mostraram que eles não tinham o etilômetro, aparelho usado para aferir se um motorista bebeu. As body cams ainda registraram o momento que os agentes da Polícia Militar (PM) liberaram Fernando Filho sem passar pelo teste.

Os PMs alegaram que a mãe de Fernando Filho havia dito a eles que precisava levar o filho para um hospital porque ele estaria ferido. Mas isso não ocorreu. A Corregedoria da Polícia Militar considerou que os agentes erraram ao liberar o motorista o Porsche sem fazer o bafômetro e os afastaram das ruas para responderem a processo disciplinar.

Ainda pelas câmeras corporais dos PMs é possível ouvir um bombeiro conversando com os policiais militares após a liberação de Fernando Filho. Os agentes da PM e do Corpo de Bombeiros confirmam no diálogo que o motorista do Porsche e seu amigos estavam com sinais de embriaguez.

Além dessa gravação, há um documento que está no processo no qual o bombeiro que atendeu a ocorrência menciona que Fernando Filho e Marcus estavam bêbados.

Fernando Filho está preso desde o dia 6 de maio, quando se entregou na delegacia, três dias depois de ficar foragido e ser procurado pela polícia. Ele apareceu com seus advogados.

Empresário é investigado por agressão a ex-madrasta

Fernando Sastre de Andrade, Eliziany Silva e Fernando Sastre de Andrade Filho — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo

Fernando Sastre de Andrade, Eliziany Silva e Fernando Sastre de Andrade Filho — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Globo

A Polícia Civil de São Paulo abriu em maio de 2024 um novo inquérito para investigar Fernando Filho. Desta vez, ele é investigado pela 5ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) por suspeita de lesão corporal contra a e ex-madrastaEliziany Silva.

Segundo ela, o crime ocorreu em 2 de janeiro de 2018, quando o empresário tinha 18 anos. Eliziany acusou Fernando Filho de agredi-la no rosto com um celular e chutar o joelho dela, a deixando com um “hematoma”. Isso ocorreu durante uma discussão entre eles, na qual o enteado passou a filmá-la com o telefone.

Ela contou na DDM que teve uma “união estável” de mais de dez anos com o pai do rapaz, o também empresário Fernando Sastre de Andrade. O casal se separou em 2019.

Ainda de acordo com a então madrasta de Fernando Filho, o pai dele também a agrediu naquele mesmo dia. Segundo Eliziany, ele havia esganado ela horas antes quando estavam num hotel em Florianópolis, em Santa Catarina.

Todas as imagens foram entregues por ela para a investigação. O g1 também não localizou Eliziany para falar do caso.

Fonte: G1

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