Polêmicas da calvície: carecas têm mais testosterona? Boné atrapalha? Veja 10 mitos sobre os calvos
Polêmicas da calvície: carecas têm mais testosterona? Boné atrapalha? Veja 10 mitos sobre os calvos
Alopecia androgenética, como também é chamada a condição, é a perda de cabelo que ocorre somente devido a fatores genéticos e hormonais, mas muitos mitos giram ao seu redor.
Patrick Ribeiro, participante do Casamento às Cegas — Foto: Reprodução/Netflix
Um participante do reality show “Casamento às Cegas”, da Netflix, chamou a atenção dos telespectadores por nunca tirar o boné. Em um dos episódios, outra participante revela que ele é calvo. Patricik Ribeiro decidiu falar sobre o assunto ao responder perguntas no Instagram.
“Pergunta de milhões: É uma forma de preconceito debochar de uma condição genética como a calvície, sendo que quem tem não escolheu e sofre com isso? Não é como em outras condições genéticas que não se enquadram no padrão social de beleza?”, escreveu ele.
Ele também contou que a calvície é um problema que o incomoda e que o boné traz mais confiança. “Se você tem algum acessório, qualquer coisa que te faça sentir mais seguro e melhor com você mesmo, não tem por que não usar. Se tem tanta mulher que é baixinha e usa salto para se sentir mais confiante, e eu uso um boné para me sentir mais confiante, qual o problema nisso?”, questionou.
Patrick Ribeiro, participante de Casamento às Cegas — Foto: Reprodução/Instagram
👉 Abaixo, veja a explicação sobre 10 mitos sobre calvície e o que, de fato, contribui para a saúde capilar, de acordo com os especialistas.
- Raspar a cabeça faz o cabelo cair mais rápido.
- Lavar o cabelo diariamente pode contribuir para o processo.
- Sempre usar um secador facilita a calvície.
- Usar boné faz o cabelo cair permanentemente.
- Homens calvos têm mais testosterona.
- Mulheres nunca podem ser calvas.
- A calvície é transmitida geneticamente pela família da mãe.
- “Se ficou grisalho, não ficará calvo.”
- Alguns alimentos podem impedir ou prevenir a calvície.
- Shampoo antiqueda evita a calvície.
Antes, é importante entender que há diversos tipos de queda de cabelo, sendo que, neste texto, iremos nos concentrar na alopecia androgenética, também conhecida como calvície.
E, como explica o dermatologista Paulo Müller Ramos, especialista no tratamento de doenças dos cabelos e em transplante capilar, o ideal é procurar atendimento médico especializado para definir o diagnóstico.
“Isso é fundamental, pois os tratamentos variam muito a depender da causa”, diz.
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1. Raspar a cabeça faz o cabelo cair mais rápido.
❌ Mito
O mito de que raspar a cabeça afeta o crescimento dos cabelos é um dos mais comuns, mas é infundado. Isso porque a raspagem não interfere no desenvolvimento dos folículos pilosos, estruturas da pele responsáveis por produzir cabelo.
Cortar ou raspar o cabelo só tira os fios da parte de cima, enquanto os folículos embaixo da pele permanecem intactos e continuam seu ciclo de crescimento normalmente.
Além disso, a calvície genética é caracterizada pela rarefação e diminuição dos folículos pilosos.
Um fator-chave relacionado a esse tipo de alopecia é a DHT (dihidrotestosterona), um hormônio sexual mais presente nos homens (veja infográfico abaixo), que estimula o desenvolvimento das características masculinas.
Esse hormônio tem o poder de encurtar o ciclo de vida dos cabelos em pessoas com predisposição genética para a calvície, ou seja, aquelas que têm familiares próximos com a doença, como pais ou avós. Isto é, não é a quantidade de DHT que interfere na sua calvície, mas sim essa predisposição.
Por que algumas pessoas são calvas? — Foto: Luisa Rivas/Arte g1
No entanto, como ressalta Leonardo Abrucio Neto, dermatologista da BP – a Beneficência Portuguesa de São Paulo, é importante lembrar que um processo inflamatório intenso pode, sim, danificar a raiz do cabelo se essa raspagem for demasiada (com força), “acelerando o processo de alopecia”, criando áreas onde o cabelo não cresce mais.
2. Lavar o cabelo diariamente pode contribuir para o processo.
❌ Mito
A frequência adequada de lavagem do cabelo depende do tipo de couro cabeludo, e não interfere na quantidade de fios que perdemos rotineiramente.
- Se o couro cabeludo for oleoso, é necessário lavar o cabelo com mais frequência, até mesmo diariamente.
- Se esse tecido que recobre o crânio for seco, lavar o cabelo todos os dias pode não ser necessário e a lavagem a cada dois dias será suficiente.
“Estima-se que o normal é perder aproximadamente 100 fios de cabelo por dia. O sinal de alerta é a pessoa perceber que está perdendo mais fios que o habitual”, diz Carolina Milanez, médica dermatologista do Hospital Heliópolis, em São Paulo.
A frequência ideal de lavagem do cabelo depende do tipo de couro cabeludo da pessoa — Foto: Pexels
3. Sempre usar um secador facilita a calvície.
❌ Mito
Na realidade, o uso frequente do secador de cabelo pode tornar os fios mais finos, mas não leva à calvície.
Por outro lado, usar o secador de cabelo em alta temperatura, especialmente próximo ao couro cabeludo, pode tornar os fios frágeis e, com o uso excessivo, danificar o cabelo e o couro cabeludo.
Portanto, é aconselhável usar o secador a uma distância segura (cerca de 15 cm), por menos tempo e em temperaturas mais baixas para evitar danos.
“O que deve ser feito é evitar danos aos fios, evitando o calor excessivo e a tração durante a secagem. Portanto, o ideal é minimizar o uso do secador, protegendo os cabelos e, ocasionalmente, optando pelo ar frio ou deixando-os secar naturalmente”, alerta a cosmetóloga Paula Chagas.
4. Usar boné faz o cabelo cair permanentemente.
❌ Mito
Usar boné não causa calvície e não há nenhuma evidência concreta neste sentido.
No entanto, conforme explica Abrucio Neto, o uso frequente de chapéus ou outros acessórios semelhantes pode aumentar a temperatura do couro cabeludo e agravar a dermatite seborreica, o que, por sua vez, pode tornar o tecido mais inflamado e contribuir um pouco para a queda de cabelo temporária.
Mas isso não tem relação alguma com a forma de queda de cabelos geneticamente determinada e permanente.
⚡ Agora, existem muitos outros tipos de queda que são temporários e podem ser desencadeados por várias razões, incluindo essas doenças dermatológicas, estresse e deficiências nutricionais, como no caso da alopecia areata, uma doença autoimune.
Usar boné não causa calvície. Não há nenhuma evidência concreta neste sentido. — Foto: Pexels
5. Homens calvos têm mais testosteron
❌ Mito
Homens calvos NÃO têm níveis mais elevados de testosterona.
A calvície está, de fato, relacionada à testosterona, mas aqui não é a quantidade produzida que importa e, sim, a sensibilidade do nosso corpo a ela.
Como mencionamos no começo do texto, a DHT, uma substância derivada da testosterona, desempenha um papel fundamental na perda de cabelo. Isso ocorre devido à ação de uma enzima conhecida como 5-alfa redutase, que converte a testosterona em DHT e resulta na diminuição dos folículos capilares.
E alguns homens têm uma predisposição que os torna mais sensíveis à DHT do que outros.
Resumindo: embora a testosterona tenha um papel na calvície, a diferença entre calvos e não calvos não está na quantidade de testosterona produzida, mas, sim, na forma como a testosterona é recebida nos folículos capilares.
6. Mulheres nunca podem ser calvas
❌ Mito
A calvície NÃO é uma exclusividade dos homens, e algumas mulheres também podem experimentá-la.
No caso da alopecia androgenética, embora seja menos frequente em mulheres do que em homens, a conversão de testosterona em DHT ocorre em ambos os sexos, levando à perda de cabelo.
Além disso, existem outras formas de queda que afetam as mulheres, como a alopecia areata.
“As mulheres produzem uma menor quantidade de testosterona. Então, não ocorre a conversão da testosterona em di-hidrotestosterona, que é o hormônio que causa afinamento dos fios de cabelo. Portanto, a rarefação capilar na mulher é bem menor do que no homem, que apresenta maior produção do hormônio”, diz Abrucio Neto.
7. A calvície é transmitida geneticamente pela família da mãe
❌ Mito
Na verdade, a alopecia androgenética é autossômica e poligênica, o que significa que a condição pode ser transmitida tanto pela mãe quanto pelo pai.
Ou seja, a calvície é influenciada por diversos genes, que podem ser herdados de ambos os lados da família. Portanto, para avaliar suas chances de perda de cabelo, é importante considerar todos os parentes das famílias materna e paterna.
“Às vezes, a herança vem até mesmo dos avós, bisavós”, diz Milanez.
A alopecia androgenética é autossômica e poligênica, o que significa que a condição pode ser transmitida tanto pela mãe quanto pelo pai. — Foto: Pixabay
8. ‘Se ficou grisalho, não ficará calvo’
❌ Mito
Não há relação científica entre cabelos grisalhos e calvície. Ambos têm influência genética, mas cabelos grisalhos podem surgir mais cedo em situações de estresse, doenças do couro cabeludo (como alopecia areata), vitiligo e condições inflamatórias (como tireoidite). Maus hábitos, como alimentação inadequada e tabagismo, também podem desempenhar um papel.
9. Alguns alimentos podem impedir ou prevenir a calvície
❌ Mito
A alopecia androgenética é uma condição genética, e não existem alimentos que possam preveni-la. Embora uma dieta saudável possa contribuir para a saúde dos cabelos, ela não tem o poder de evitar a perda de cabelo de origem genética.
10. Shampoo antiqueda evita a calvície
❌ Mito
Aqui é importante entender que o shampoo tem uma função principal de limpar o couro cabeludo e os fios, e seu contato com a pele é bastante breve. Portanto, não há tempo suficiente para que ele penetre na pele e atue nas causas da queda de cabelo, que ocorrem no interior da pele. Consequentemente, shampoos antiqueda não são eficazes para combater a perda de cabelo.
Por isso, a dermatologista Carolina Milanez resume: “não há como prevenir a alopecia androgenética nem a alopecia areata. O melhor é procurar ajuda o quanto antes para ser acompanhado”.
Entenda as causas e tratamentos da alopecia, a calvície feminina
Fonte: G1