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Após defender material 100% digital, secretário diz que SP não aderiu ao PNLD porque livros do MEC não podem receber anotações de alunos


Secretário estadual da Educação de SP, Renato Feder, durante coletiva de imprensa — Foto: Paola Patriarca/g1

Secretário estadual da Educação de SP, Renato Feder, durante coletiva de imprensa — Foto: Paola Patriarca/g1

O secretário estadual da Educação de São Paulo, Renato Feder, afirmou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (7), que a decisão do governo de não aderir ao material didático e pedagógico do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), do Ministério da Educação, foi tomada porque os livros não podem receber anotações dos estudantes, uma vez que são repassados para outros alunos ano a ano.

“Material do currículo paulista é um livro consumível e os livros do PNLD não são consumíveis. Ele pode anotar, grifar. A gente quer que o aluno consuma. O segundo motivo é pra não passar dupla orientação [currículo nacional x currículo estadual]. Isso não vai ajudar, na nossa visão”, afirmou em encontro com jornalistas nesta manhã”, afirmou, em encontro com jornalistas nesta manhã. O conteúdo do currículo paulista não foi divulgado.

A declaração acima representa uma mudança de rota nas medidas divulgadas pela pasta, já que na semana passada ele defendeu o material 100% digital, impossível de “se rabiscar”.

Após repercussão negativa, com críticas de educadores, a gestão estadual recuou, passou a afirmar que o material será impresso para todos e que o custo já estava previsto no orçamento.

“A gente tinha tempo para tomar essa decisão de ter material 100% digital. Tinha sete meses. Agora, surgiu a polêmica e tomamos a decisão que é a mais sensata. Aprendemos com a rede após a crítica. Acreditamos que a decisão que tomamos agora é melhor que a outra”, disse, sobre imprimir os livros.

Inconsistências

O secretário defendeu ainda que o estado decidiu sair do PNLD após uma pesquisa feita pela pasta apontar que “84,4% dos alunos do ensino médio afirmam utilizar nunca, raramente ou ocasional os livros do PNDL”.

A pesquisa foi feita no ano passado, na gestão do ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB). Questionado, Feder não passou detalhes sobre os resultados tampouco esclareceu como uma pesquisa feita apenas com estudantes do ensino médio pode justificar decisões tomadas também para o fundamental.

O secretário afirmou ainda que serão R$ 211 milhões investidos em 24 milhões livros didáticos próprios em 2023.

“Poderíamos até economizar com livros do MEC, mas já está no nosso orçamento a impressão e preferimos manter o nosso conteúdo.”

Em entrevistas anteriores, Feder já havia classificado o conteúdo do MEC como “superficial”. O secretário, entretanto, não soube dar exemplos de quais os problemas encontrados e como a secretaria irá elaborar o conteúdo próprio.

Disse, apenas, que o plano é alinhar o conteúdo do currículo paulista na grade de todos os alunos.

Sala de aula de escola em São Paulo.  — Foto: Reprodução/TV Globo

Sala de aula de escola em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

A Secretaria da Educação havia anunciado na terça-feira (1º) que o material didático de São Paulo passaria a ser 100% digital a partir de 2024 para alunos do 6º ao 9º ano.

No total, 1,4 milhão de alunos seriam impactados pela medida, segundo Ângelo Xavier, presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais.

Na ocasião, o secretário-executivo da pasta, Vinícius Neiva, defendeu a mudança do material didático impresso para o 100% digital. Na ocasião, a gestão estadual tratou como opção —não como regra— a possibilidade de imprimir material didático.

A decisão de usar material didático 100% digital foi criticada por educadores. “A gente sabe da dificuldade de acesso em muitos lugares. E também vai na contramão dos países que já tinham optado pelo uso dos recursos digitais e estão retrocedendo. A Suécia, por exemplo, eliminou completamente e agora só trabalha com livro”, disse ao g1 na ocasião Tereza Perez, presidente da Comunidade Educativa CEDAC.

No sábado, Tarcísio tratou a repercussão negativa do assunto como erro de comunicação do governo.

“Tudo vira polêmica… Acho que as coisas às vezes são mal comunicadas por nós mesmos. O que acontece: ao longo desse ano, a gente fez um esforço muito grande de criar conteúdo digital. São aulas digitais, são mais de 6 mil aulas preparadas. Qual o objetivo disso: primeiro, facilitar o esforço do professor e também uniformizar, padronizar. Então isso vai garantir que um aluno que está na ponta do Vale do Paraíba vai ter o mesmo conteúdo que será ministrado aqui no Alto Tietê, no Vale do Ribeira, no Oeste do Estado, no Pontal do Paranapanema, na cidade de São Paulo”, afirmou.

Governo de SP não terá livros didáticos físicos nas escolas a partir de 2024

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Fonte: G1

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