Por que falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho é tão importante?
Como a saúde mental pode afetar diretamente os custos da empresa
As doenças mentais podem ter um impacto significativo no mercado de trabalho, tanto em termos de custos diretos quanto indiretos.
Os custos diretos incluem os serviços de saúde mental, consultas com profissionais e medicamentos. Os custos indiretos incluem a perda de produtividade, absenteísmo e presenteísmo no trabalho e toda uma sorte de fatores complicadores de relacionamento interpessoal devido a problemas de saúde mental que afetam diretamente a produtividade.
De acordo com um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças mentais e neurológicas representam cerca de 10% do ônus global de doenças e custam à economia mundial cerca de US$ 2,5 trilhões por ano.
Outro estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que as doenças mentais custam cerca de US$ 193,2 bilhões em perda de produtividade a cada ano. O presenteísmo, que é quando os funcionários estão presentes no trabalho, mas não conseguem realizar suas tarefas com eficácia devido a problemas de saúde mental, é estimado como responsável por mais de 80% desse custo. Além disso, há várias pesquisas que mostram um aumento exponencial no número de afastamentos do trabalho por motivo ligado à saúde mental.
Nos Estados Unidos, a Associação Americana de Psicologia relatou que 61% dos trabalhadores americanos relataram que o estresse no trabalho os deixou desgastados e incapazes de realizar suas tarefas, enquanto outro estudo indicou que mais de 50% dos trabalhadores norte-americanos relataram ter experimentado sintomas de estresse e ansiedade.
Um estudo do Reino Unido mostrou que o número de dias perdidos de trabalho devido a problemas de saúde mental aumentou em 24% entre 2009 e 2017, e que os trabalhadores com problemas de saúde mental eram mais propensos a tirar licença médica por um período prolongado.
No Brasil, por exemplo, um estudo realizado em 2018 pelo Ministério da Saúde mostrou que os transtornos mentais foram responsáveis por cerca de 35% dos afastamentos do trabalho por mais de 15 dias.
Em pesquisa realizada pela Assessoria de Saúde e Previdência da Federação dos Trabalhadores do Ramo Químicos da CUT do Estado de São Paulo (FETQUIM/CUT/Intersindical), com base em dados abertos da Previdência sobre afastamentos, coletados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e nos ministérios do Trabalho e Previdência, entre 2015 a 2020, revela que o porcentual de transtornos mentais e comportamentais passou de 8,43% para 12,45% do total de CIDs (Código Internacional de Doenças) registradas.
Entre as 100 CIDs referentes ao capítulo V, de transtornos mentais, três se destacaram mais intensamente com percentuais elevados de transtornos mentais entre os trabalhadores:
– F-32 (episódios depressivos),
-F-41 (transtornos ansiosos), e
-F-43 (estresse grave e transtorno de adaptação).
Porém, dados compilados após os efeitos da pandemia demonstram um crescimento ainda maior do problema.
Recentemente duas novas publicações que visam abordar essa questão foram disponibilizadas – diretrizes da OMS sobre saúde mental no trabalho (WHO Guidelines on mental health at work) e uma nota conjunta da OMS/OIT .
As diretrizes globais da OMS sobre saúde mental no trabalho recomendam ações para enfrentar os riscos para a saúde mental, como cargas de trabalho pesadas, comportamentos negativos e outros fatores que criam angústia no trabalho. Pela primeira vez, recomenda o treinamento de gerente, para construir sua capacidade de evitar ambientes de trabalho estressantes e responder aos trabalhadores e às trabalhadoras em perigo.
O Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, publicado em junho de 2022, mostrou que de um bilhão de pessoas que viviam com algum transtorno mental em 2019, 15 % dos adultos em idade ativa sofreram um transtorno mental.
Com efeito, o trabalho amplifica questões sociais mais amplas que afetam negativamente a saúde mental, incluindo discriminação e desigualdade. O bullying e a violência psicológica (também conhecidos como “mobbing”) são as principais queixas de assédio no local de trabalho que têm um impacto negativo na saúde mental. No entanto, discutir ou divulgar a saúde mental continua sendo um tabu nos meios de trabalho em todo o mundo.
Esses dados destacam a importância de abordar a saúde mental no ambiente de trabalho e implementar práticas e políticas que ajudem a promover a saúde mental dos funcionários, bem como prevenir o absenteísmo e o presenteísmo relacionados à saúde mental. Isso pode ajudar a reduzir os custos associados às doenças mentais no local de trabalho e melhorar a produtividade e o bem-estar geral dos funcionários.
Para tanto, no dia 24 de março de 2023, a partir das 13h, no Salão Nobre da Universidade São Francisco em Bragança Paulista – SP, faremos um evento com grandes nomes e com olhares da Filosofia, Medicina, Psicologia e do Direito a propósito do tema.
Para participar do 1º Seminário de Saúde Mental, Trabalho e Justiça, que acontece em Bragança Paulista, basta você acessar o link https://swiy.co/Mtplus e garantir a sua vaga. O evento ocorre próximo a hotéis e restaurantes, além disso, ficará localizado em uma área estratégica de Bragança, onde quem chega pela Rodovia Fernão Dias e Rodovia Alkindar Monteiro Junqueira (Bragança /Itatiba) tem fácil acesso.
Fonte: G1