Vídeo: Holiday tem microfone retirado por vereadora após acusar sindicatos de ‘vagabundagem’ e chamar oposição de insignificante
Vereador do Novo acusou vereadoras do PT e Psol de agressão na quarta (10). Juliana Cardoso chegou a tirar microfone de Holiday. Luana Alves disse para presidente da Câmara que declaração do colega deveria ser respondida. Milton Leite, porém, pediu para Holiday continuar a falar.
Vereadores batem boca e disputam microfone em SP
O deputado Fernando Holiday (Novo) discutiu com duas vereadoras após dizer nesta quarta-feira (10), na tribuna da Câmara de São Paulo, que sindicatos de trabalhadores vivem de “vagabundagem”, recebendo dinheiro dos empregados sindicalizados.
O parlamentar ainda teve o microfone retirado por uma delas após falar para as parlamentares, uma do PT e outra do PSOL, se reservarem à “insignificância” da oposição e se sentarem porque ele não iria conceder a elas a fala para contestá-lo (veja vídeo acima).
“Mais uma vez, muito satisfeito com as vaias dos sindicatos nas galerias, é sempre uma honra ser vaiado por cada uma das senhoras, dos senhores”, disse Holiday sobre as vaias que recebeu quando começou a falar durante sessão na Câmara Municipal que tratava do Projeto de Lei 428 sobre proposta do governo para o funcionalismo público, que organiza o plano de modernização do sistema de fiscalização de atividades urbanas e orientação de atividades urbanas.
Fernando Holiday e Juliana Cardoso discutiram na tribuna da Câmara de Vereadores de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Câmara SP
Segundo o site da Câmara, o “Projeto de Lei apresenta tabelas com as configurações das carreiras, jornadas de trabalho semanais, remunerações e os reajustes estabelecidos para cada categoria. A matéria também extingue aproximadamente 2.000 cargos públicos municipais.”
“Os sindicatos que estão aqui hoje, portanto, passado ao longo de décadas, não representa mais o trabalhador, mas representam a sua própria elite, a sua própria diretoria e esta diretoria vive de fazer nada e, portanto, vive da vagabundagem”, falou o vereador do Novo. “Alguns vereadores ficam receosos quando eu uso esse termo ‘vagabundagem’, mas eu acho interessante nós analisarmos o termo em si, o significado de ‘vagabundagem’. Eu vou jogar no Google aqui, ao vivo: v-a-g-a-b-u-n-d-a-g-e-m.”
“Eu vou deixar muito claro aqui. Não vou conceder a parte à oposição, reservem-se a sua insignificância. Por favor, parlamentares do PT ou do PSOL ou sentem-se nos seus lugares ou voltem aos seus gabinetes, no meu tempo vocês não vão falar”.
As declarações dele desagradou as vereadoras Juliana Cardoso (PT) e Luana Alves (PSOL), que subiram a bancada depois que o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), não atendeu os pedidos delas para que respondessem Holiday.
“Presidente pela ordem; presidente Milton Leite, pela ordem…”, pediu Juliana.
Publicação do vereador Fernando Holiday (Novo) em rede social — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Ao chegarem ao púlpito, onde o vereador do Novo falava, Juliana e Luana discutiram com Holiday, que depois as acusou de agressão nas suas redes sociais.
“Durante discurso na Câmara Municipal, vereadores do PSOL e PT não só tentaram me censurar, como me agrediram. Invadiam a tribuna, ROUBARAM o microfone e me agrediram”, postou o vereador do Novo em seu Twitter.
Juliana chegou a retirar o microfone do vereador. Nas imagens é possível ver quando parte do equipamento se solta quando os dois passam a disputá-lo.
“’Insignificância’ do quê? insignificante é você! Você que é insignificante. Não estou usando de violência. Você não vai chamar servidor público de vagabundo! quadrilha é você, você e o MBL”, rebateu Juliana.
“Vereadora, a senhora não pode fazer isso, vereadora. A senhora não tem direito de fazer isso, vereadora. Retire-se daí, vereadora”, falou Milton sobre a parlamentar ter retirado o microfone de Holiday.
O que dizem os citados
Vereadores Luana Alves, Fernando Holiday e Juliana Cardoso bateram boca durante sessão na Câmara Municipal de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Câmara SP
Procurada pelo g1 para comentar o assunto, a Câmara Municipal de São Paulo informou, por meio de nota divulgada por sua assessoria de imprensa, que tomará medidas a respeito do que ocorreu.
“A Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo vai se posicionar na próxima semana, após avaliar o fato ocorrido, e tomará medidas legais e cabíveis”, informa o comunicado da Câmara.
Em nota encaminhada por sua assessoria à reportagem, Holiday reforçou que foi vítima de censura por parte da vereadora Juliana e que representou contra a petista para que a conduta dela seja apurada pela Câmara.
“A vereadora do PT cometeu um ato de completa censura ao tentar impedir que eu utilizasse a tribuna para discursar. No meu entendimento, essa ação traz uma imagem completamente negativa para a CMSP. Uma verdadeira vergonha. Diante disso, cobrarei um posicionamento da Mesa Diretora e já representei a Vereadora Juliana Cardoso na corregedora, para que a imagem da Câmara seja preservada como uma instituição democrática. Ressalto ainda que o que a vereadora Juliana fez é uma pequena demonstração do que o PT pretende replicar pelo país, caso retornem ao poder. São autoritários e antidemocráticos. Atitudes como essa desmascaram aqueles que se dizem “defensores da democracia”, informa o comunicado do vereador do Novo.
Publicação da vereadora Juliana Cardoso (PT) em rede social — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Na sua conta no Instagram, Juliana comentou o caso dizendo que defendeu a “honra, a dignidade, a carreira e os direitos” dos trabalhadores.
“Minha missão como militante nas ruas e no parlamento é defender a honra, a dignidade, a carreira e os direitos de todas funcionárias (os) públicas (os), trabalhadores da educação, da saúde, da administração pública contra quem os desrespeita e ofende”, escreveu a vereadora do PT, que postou trechos do vídeo em sua conta. “Assista para entender como Holiday e sua turma trata servidor público e as mulheres.”
Depois, por meio de nota, enviada nesta tarde ao g1 por sua assessoria, Juliana informou que irá fazer uma representação na Câmara contra Holiday por quebra de decoro.
“O mandato da vereadora Juliana Cardoso (PT) está ingressando com representação na Corregedoria da Câmara Municipal contra o vereador Fernando Holiday por quebra de decoro parlamentar. Ao usar a tribuna na tarde desta quarta-feira (10) durante os debates sobre o PL 428/2022 que retira direitos dos funcionários públicos, o vereador se mostrou extremamente agressivo no seu pronunciamento proferindo palavras que ofenderam todos os servidores e servidoras. Ele xingou repetidamente aos gritos as funcionárias (os) públicas de vagabundas. E ao se dirigir a vereadora Juliana Cardoso a chamou de insignificante, emendando que a vereadora e os vereadores do PT são bandidos e quadrilheiros. São fatos graves que merecem serem apreciados pela Corregedoria e aplicadas as sanções previstas no Regimento da Câmara Municipal. A sua fala foi uma sucessão de calunias, difamações e ofensas contra os servidores que estavam presentes à sessão plenária, reivindicando os seus direitos para manutenção dos salários. Como previsto no regimento e pela democracia que deve imperar na casa do povo, os servidores têm o direito de acompanhar as sessões sem serem ofendidos. As ofensas também foram proferidas contra todos os vereadores petistas. Para se livrar de eventuais denúncias contra o seu comportamento indecoroso e assedioso, o vereador tentou dar verniz acadêmico ao termo vagabundagem”, informa o comunicado da vereadora petista.
Questionada pela reportagem, Luana informou que Holiday tem de ser punido pelas declarações ofensivas que fez na tribuna.
“O que a gente viu no dia de ontem na Câmara foi mais uma vez o vereador Fernando Holiday desesperado por palco, ofendendo servidores públicos. Não é a primeira, nem segunda vez que ele faz isso. Ele tenta ganhar na polêmica, mas é uma polêmica ofensiva, é uma polêmica que, de fato, agride os servidores públicos que estão todo dia construindo a educação, a saúde, o transporte, assistência social em São Paulo”, disse a vereadora do Psol. “Então o que a gente vê é o vereador Fernando Holiday, de uma forma irresponsável, leviana, tentando chamar a visibilidade para si mesmo, mas sem entender que essa visibilidade é uma agressão. É em cima de uma agressão que as pessoas sentem. As pessoas se sentem desrespeitadas. É uma forma de agressão moral muito grave. Então eu acho que é lamentável e ele tem que receber sim uma punição por isso”.
Milton ainda não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
Fonte: G1