Educação

Estudante que usou faca e espada para matar gamer Sol vai a júri popular nesta segunda em SP

Julgamento está marcado para esta segunda (8) no Fórum Criminal da Barra Funda. Defesa de Guilherme Costa informa que ele não se lembra de ter matado Ingrid Bueno em 2021. Parecer técnico particular alega que réu tem doença mental. MP discorda ao mostrar laudo oficial que descarta problema.


O estudante Guilherme Alves Costa, de 18 anos, acusado da morte de Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos. — Foto: Reprodução/G1

O estudante Guilherme Alves Costa, de 18 anos, acusado da morte de Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos. — Foto: Reprodução/G1

Após um ano, o estudante Guilherme Alves Costa, de 18 anos, que usou uma faca e uma espada para matar a gamer Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, conhecida como Sol, vai a júri popular nesta segunda-feira (8) pelo assassinato dela em São Paulo. O crime foi cometido em 22 de fevereiro de 2021, na casa do réu, em Pirituba, na Zona Norte da capital paulista.

Guilherme está preso e responde por homicídio qualificado por motivo fútil e meio cruel. Segundo a acusação, o assassino tentou “degolar a vítima”, que tinha conhecido pela internet havia um mês. Se a maioria dos jurados o condenar, a Justiça poderá aplicar a ele uma pena que vai de 6 a 30 anos de prisão.

O julgamento está previsto para começar às 12h30 no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste, e será presidido pela juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro. O júri deveria ter ocorrido em 3 de março, mas foi adiado pela magistrada. À época, a defesa do réu juntou ao processo documentos que ainda não tinham sido analisados antes pelo Ministério Público (MP). Depois ele teria de acontecer em 9 de maio, mas também foi adiado em razão da falta de testemunhas. A Promotoria acusa Guilherme pelo homicídio.

Motivo do crime é desconhecido

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Apesar de ter gravado um vídeo no qual confessa o crime, Guilherme, que é conhecido como Flash Asmodeus no meio dos games, nunca explicou por que assassinou Ingrid. Ela jogava profissionalmente como gamer (saiba mais abaixo). Os dois se conheceram durante partidas online do Call of Duty: Mobile, um jogo de tiro para celulares.

Após matar a gamer, Guilherme gravou um vídeo e compartilhou a imagem nas redes sociais admitindo o assassinato. Em seguida, se entregou numa delegacia, onde foi preso pela Polícia Civil, e continua detido desde então.

“Eu quis fazer isso”, disse o estudante numa filmagem feita por policiais que o prenderam em flagrante.

‘Ataque contra o cristianismo’

Guilherme Alves Costa, réu confesso do assassinato da gamer Ingrid Bueno, a Sol, em São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Guilherme Alves Costa, réu confesso do assassinato da gamer Ingrid Bueno, a Sol, em São Paulo — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

De acordo com a investigação, Ingrid foi encontrada morta a facadas depois de ter ido à casa de Guilherme. Os policiais querem saber se os dois tinham algum relacionamento e se o assassinato foi planejado.

A suspeita da polícia é a de que o crime tenha sido premeditado. Guilherme chegou a fugir após matar Ingrid. Depois falou que iria se suicidar, mas foi convencido pelo irmão a se entregar. O irmão havia visto o corpo da gamer sobre uma cama. Segundo o relato desse familiar, o estudante havia lhe dito que a garota “teria atravessado seu caminho” e por isso a matou.

Guilherme ainda afirmou aos policiais que escreveu um livro de 52 páginas, intitulado “Meu Dicionário”, para explicar os objetivos do crime. A polícia conseguiu uma cópia dele, que foi anexada ao inquérito.

Nele, o assassino afirmou, de acordo com a Justiça, que “planejava um ataque contra o cristianismo e que seria um soldado de um exército, tendo ainda asseverado que a vítima teria atrapalhado seu caminho, o que, em tese, acena para a possibilidade de envolver um plano para atingir outras pessoas”.

Semi-imputável

William Vinicius Sartório, Joao Marcos Alves Batista  e Fernanda Magnusson, advogados de Guilherme Alves Costa — Foto:  Jeferson Galli/Divulgação

William Vinicius Sartório, Joao Marcos Alves Batista e Fernanda Magnusson, advogados de Guilherme Alves Costa — Foto: Jeferson Galli/Divulgação

A defesa de Guilherme alega que seu cliente não se lembra de ter matado Ingrid. Parecer técnico feito por um psiquiátrica particular, encomendado pelos advogados de Guilherme, e que foi anexado recentemente ao caso alega que o réu tem doença mental e precisa de tratamento psiquiátrico.

De acordo com o documento, o acusado possui “Transtorno Delirante Persistente e Traços de Personalidade Antissocial”, que o levam a “distorção do entendimento da realidade”.

“Guilherme é semi-imputável e é isso que vamos buscar provar no julgamento”, disse o advogado João Marcos Alves Batista ao g1. Ele defende o réu com os também advogados William Vinicius Sartório e Fernanda Magnusson.

Se o júri considerar que o acusado é semi-imputável, ele pode escapar de uma condenação que o levaria à prisão, seguindo para tratamento médico num hospital. Lá ele teria restrição de liberdade, como medida de segurança, sem poder deixar o local. Mas seria analisado periodicamente por especialistas que poderiam dar ou não alta médica para ele sair.

“No nosso entendimento Guilherme não tem condições de voltar ao convívio social porque ele representa risco a sociedade”, falou João Marcos.

Imputável

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O Ministério Público discorda da alegação da defesa de Guilherme de que ele é semi-imputável. Para o promotor Fernando Cesar Bolque, que acusa o réu, “o estudante é imputável” e pode responder criminalmente por seus atos.

O representante do MP baseia essa afirmação no laudo oficial feito por peritos da Justiça, que concluiu em abril do ano passado que Guilherme não possui qualquer doença mental.

O exame de insanidade mental havia sido realizado a pedido da própria defesa do réu, que, no entanto, criticou a maneira como esse teste foi feito e o seu resultado. “Foi um laudo incompleto de poucas folhas. Por isso pedimos um parecer técnico particular mais completo de 22 páginas”, falou o advogado do acusado.

Gamer

A gamer Ingrid Bueno, a Sol, tinha 19 anos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

A gamer Ingrid Bueno, a Sol, tinha 19 anos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Ingrid disputava Call of Duty: Mobile pelo time FBI E-Sports. Guilherme jogava em outro time, o Gamers Elite, e a suspeita da polícia é a de que eles se conheceram durante partidas do game online. Um grupo de jogadoras homenageou a gamer morta dentro do jogo preferido dela.

A organização FBI E-Sports declarou ao GloboEsporte que Ingrid era uma excelente jogadora.

“Ela ingressou no nosso esquadrão de meninas e fez muita amizade com os rapazes da line Black Stars, onde ela ficou até o seu final. Ela era uma excelente jogadora, tinha um espaço em nossos corações. Era uma pessoa extraordinária, sempre nos motivando e acreditando. A ligação dela com todos os membros era super boa, super respeitosa, amistosa e educadíssima. Dedicamos a ela nosso respeito máximo, e à família dela, nossos sentimentos e nossas condolências”, informa o comunicado da FBI E-Sports.

Em nota, a Gamers Elite informou que Guilherme enviou um vídeo com imagens da jovem morta no grupo da organização, e os responsáveis afirmaram que informaram “as devidas autoridades” e pediram para que os integrantes do grupo não compartilhassem o vídeo. A organização comentou ainda que nunca viu o jogador pessoalmente e que “não compactua com qualquer criminoso de nenhum modo e jamais irá compactuar ou fazer apologias ao mesmo”.

Fonte: G1

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