Motoristas e cobradores de ônibus de SP voltam a paralisar atividades nesta quarta-feira; rodízio é suspenso
Apesar de sindicato patronal ter garantido reajuste salarial de 12,47% na última greve, trabalhadores afirmam que outras reivindicações, como hora de almoço remunerada, PLR e plano de carreiras, não foram atendidas. Justiça exige que 80% da frota circule.
Greve de motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo, nesta quarta feira (29). Na foto Terminal Bandeira, região central da capital, fechado, devido a greve. — Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Motoristas e cobradores de ônibus voltaram a paralisar as atividades nesta quarta-feira (29). A greve começou na madrugada e deve durar 24 horas. A categoria já havia parado há duas semanas.
A decisão unânime foi tomada em assembleia na sede do Sindmotoristas, na Liberdade, na região central.
Apesar de sindicato patronal ter garantido reajuste salarial de 12,47%, trabalhadores afirmam que outras reivindicações, como hora de almoço remunerada, PLR e plano de carreiras, não foram atendidas.
A Justiça exigiu a manutenção de 80% da frota em horário de pico e 60% nos demais períodos. Uma nova reunião deve ocorrer às 15h desta quarta.
A paralisação afetou os passageiros que, mesmo sabendo da greve, tinham esperança de conseguir se locomover para chegar ao trabalho. “A gente é brasileiro e a gente tenta”, disse Claudilene, no Terminal Barra Funda.
Vagão de metrô na estação Sé da Linha 1-Azul, na manhã desta quarta (29) — Foto: Celso Tavares/g1
Outros usuários encararam estações de Metrô lotadas, tentavam conseguir uma carona ou dividir um carro por aplicativo para reduzir o custo, que ficou acima da média para o horário.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), classificou a greve como irresponsável e afirmou que o sindicato não cumpriu com a determinação judicial.
“É uma irresponsabilidade muito grande do sindicato, demonstra o descumprimento da determinação judicial, que foi muito clara, era obrigado a manter 80% da frota no horário de pico e 60% nos demais horários não-de-pico, e não cumpriram.”
Movimentação da taxis e carros de aplicativo em frente à estação Anhangabaú da linha 3-Vermelha do Metrô — Foto: Celso Tavares/g1
Linhas afetadas
Segundo a SPTrans, a paralisação afeta 675 linhas diurnas e 6.008 ônibus, que transportariam 1,5 milhão de passageiros no pico da manhã.
Por conta da greve, a prefeitura suspendeu o rodízio e liberou a circulação de veículos nas faixas e corredores de ônibus.
Durante a madrugada, 88 linhas do Noturno, de 150, não operaram.
Terminal de ônibus vazio por conta da greve em SP — Foto: Reprodução/TV Globo
A partir das 4h, a operação em todas as garagens dos grupos estrutural e de articulação regional foi interrompida, exceto na Express, na Zona Leste. O Grupo Local de Distribuição não foi afetado.
As vans do serviço Atende+, que transportam pessoas com deficiência de alto grau de severidade, estão operando normalmente.
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Motoristas e cobradores entram em greve em SP
A Secretaria de Transportes Metropolitanos antecipou a oferta de trens em circulação e ampliar o horário de pico.
Metrô, CPTM, ViaQuatro e ViaMobilidade estão com trens reservas em condições operacionais em todas as linhas para o atendimento à demanda.
Já a EMTU informou que poderá prestar apoio à SPtrans pelo sistema Paese caso seja solicitado.
Garagem da empresa Santa Brígida com todos os veículos estacionados — Foto: Reprodução/TV Globo
Relação de empresas com a operação paralisada em suas garagens:
- Santa Brígida (Zona Norte);
- Gato Preto (Zona Norte);
- Sambaíba (Zona Norte);
- Viação Metrópole (Zona Leste);
- Ambiental (Zona Leste);
- Via Sudeste (Zona Sudeste);
- Campo Belo (Zona Sul);
- Viação Grajaú (Zona Sul);
- Gatusa (Zona Sul);
- KBPX (Zona Sul);
- MobiBrasil (Zona Sul);
- Viação Metrópole (Zona Sul);
- Transppass (Zona Oeste);
- Gato Preto (Zona Oeste)
Relação das empresas operando normalmente:
- Norte Buss (Zona Norte)
- Spencer (Zona Norte)
- Express (Zona Leste);
- Transunião (Zona Leste)
- UPBUS (Zona Leste)
- Pêssego (Zona Leste)
- Allibus (Zona Leste)
- Transunião (Zona Sudeste)
- MoveBuss (Zona Leste)
- A2 Transportes (Zona Sul)
- Transwolff (Zona Sul)
- Transcap (Zona Oeste)
- Alfa Rodobus (Zona Oeste)
Greve do dia 14
No último dia 14, motoristas e cobradores de ônibus da cidade de São Paulo entraram em greve e todos os ônibus do chamado sistema estrutural pararam.
A paralisação afetou 713 linhas e 6,5 mil ônibus, que transportariam 1,5 milhão de passageiros no pico da manhã. De acordo com a SPTrans, os ônibus do sistema local circularam.
Apesar de o sindicato patronal ter garantido o reajuste salarial de 12,47% após a última paralisação, os trabalhadores argumentam que outras reivindicações da categoria, como hora de almoço remunerada, PLR e plano de carreiras, não foram atendidas.
“Já se passaram dois meses das nossas negociações, e os patrões mostraram-se intransigentes, pedindo prazos, paciência e protelando decisões. A categoria está estafada dessa enrolação”, afirmou o presidente em exercício do sindicato, Valmir Santana da Paz (Sorriso).
Segundo a SPTrans, a decisão judicial da greve anterior segue em vigor. Assim, deve haver um mínimo de 80% da frota circulando no horário de pico e pelo menos 60% no restante do dia. Em caso de descumprimento, está prevista a cobrança de multa de R$ 50 mil.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) “lamentou mais essa paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus, com terríveis consequências para a mobilidade da população”.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, também lamentou a decretação de greve antes mesmo do julgamento do mérito pelo Tribunal Regional do Trabalho.
“A gestora irá monitorar a frota desde o primeiro minuto da madrugada para informar os passageiros de São Paulo por seus canais oficiais sobre a situação de momento. A SPTrans continua acompanhando a negociação entre empresários e trabalhadores e espera uma breve resolução entre as partes, para que a população de São Paulo não seja penalizada”, diz a nota.
Em petição, a SPTrans pediu à Justiça do Trabalho a declaração da abusividade da greve, a imposição de multa de forma imediata. Segundo o prefeito, essa segunda greve é “irresponsável”.
O julgamento do dissídio coletivo da categoria está previsto para ocorrer nesta quarta às 15h.
Fonte: G1