Nutella trancada e escondida: supermercados da Zona Leste de SP adotam medida para evitar furtos
Em uma das unidades, o produto fica dentro do estoque e o cliente precisa pedir para um funcionário buscar. O g1 visitou três unidades da rede de supermercados Chama e, em todas, os funcionários informaram que aumentou o furto de alimentos e higiene pessoal durante a pandemia.
Unidades de Nutella trancados na unidade Jardim Santa Maria. — Foto: Deslange Paiva/g1
Dois supermercados na Zona Leste de São Paulo estão escondendo ou mantendo a Nutella (marca de creme de avelã) trancada em estoques. Segundo funcionários, a medida foi tomada para evitar o furto dos produtos que se tornaram recorrentes nas unidades da rede supermercados Chama.
“Essa é uma orientação da diretoria para evitar furtos, são medidas estratégicas. Estamos tendo prejuízos há quase dois anos por conta desses roubos. As unidades [de Nutella] foram confinadas, o cliente que quiser pede no caixa e um funcionário vai lá e pega. O produto foi confinado, como uma coisa de valor agregado que fica dentro de um cofre”, afirmou o gerente da unidade da rede localizado no bairro Parque Paineiras.https://e140a9d5513c6f3df6060e516147672c.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O funcionário que prefere não ser identificado informou que o furto do produto aumentou nos últimos dois anos.
A Nutella virou sinônimo de algo refinado, delicado, gourmetizado, em contraposição a coisas grosseiras, rústicas, o que deu origem ao meme “raiz x nutella”.
O mesmo acontece na unidade do Jardim Santa Maria, onde as embalagens do produto são colocadas em uma prateleira com tranca. “A Nutella foi colocada na vidraça, estava tendo muito furto, então colocamos na vitrine, esse é um produto que as pessoas sempre levam”, informou o gerente do local.
Nas unidades do supermercado, o produto custa entre R$ 8,99 e cerca de R$ 37, de acordo com o tamanho.
O g1 procurou o Grupo Chama, responsável pelos supermercados, para comentar sobre o assunto, mas até a publicação desta reportagem não teve retorno.
Supermercado coloca Nutella em vitrine com tranca no Jardim Santa Maria. — Foto: g1https://e140a9d5513c6f3df6060e516147672c.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Furtos de carne, pão e itens de higiene básica
Unidade do supermercado Chama no Parque Paineiras. — Foto: Deslange Paiva/ g1
O g1 visitou três unidades do Chama nesta quarta: Parque Paineiras, Jardim Santa Maria, e Vila Matilde e, em todas, os funcionários informaram que, além da Nutella, aumentou o furto de carne, pão e itens de higiene pessoal durante a pandemia.
“Está tendo muito [furto] né, aqui pegam de tudo. Estão roubando muito pão, lanche, tem gente que não tem alternativa e que está passando fome, então acaba roubando”, informou uma atendente de caixa da unidade Jardim Santa Maria.
No Parque Paineiras foi colocado um sensor nas bandejas de carne para evitar a quantidade de furtos. “Uma pessoa que não tem trabalho, não tem uma boa condição financeira, acaba buscando alguma alternativa para conseguir alimento e, infelizmente essa é uma das alternativas, com a pandemia isso aumentou”, afirmou”.https://e140a9d5513c6f3df6060e516147672c.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O gerente também informou que produtos de higiene pessoal também estão sendo furtados no local.
O mesmo ocorre na unidade da Vila Matilde, onde o gerente responsável pelo local informou que furtos sempre ocorreram, mas dobraram durante a pandemia. “É um comércio aberto para o público, estamos suscetíveis a isso, mas teve um aumento de itens básico, teve uma vez que um cara furtou um arroz”.
Um levantamento realizado pela a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que os itens considerados de alto risco pelos supermercados, recebem atenção especial por “possuírem maior valor agregado e por serem mais visados”. Entre as ações estão:
- armazenagem em área controlada em 90,1% dos supermercados
- conferência detalhada em 90%.
- exposição em área controlada em 89,7%.
Somente no ano de 2021, a Abras informou que o setor teve perda de R$ 3,19 bilhões por conta de furtos em supermercados. A associação contabiliza o furto em três fatores:
- Interno, os que ocorrem dentro da loja pela equipe da loja.
- O externo que ocorre dentro da loja pelos clientes.
- Por fornecedores, que é quando o fornecedor faz uma entrega e quando a caixa é aberta o produto está com uma quantidade menor do que o vendido.
A grande parte dos furtos registrados são da categoria externa, representando 54% do total, seguido por furto interno, 25%.
Os furtos integram o índice de perdas dos supermercados, que no ano passado ocasionou um prejuízo de R$ 11,4 bilhões. Essas perdas, além de furtos, contabilizam também produtos vencidos, avariados e erros administrativos como falhas na contagem do estoque.
Crescimento de furtos na cidade de SP
Na cidade de São Paulo, em março deste ano, o número de furtos registrados teve aumento de 72%, crescendo de 12.192 para 21.005, em comparação com o mesmo período do ano passado.
No estado, o aumento foi de 52%, de 33.237 para 50.467.
Fonte: G1