Blocos de rua de SP reúnem de crianças a idosos em desfiles pouco divulgados e concentrados no Centro e Zona Oeste
Sem apoio logístico da prefeitura, blocos foram divulgados pelas redes sociais com pouca antecedência para atrair público menor. Prefeitura de SP declarou que não há orientação para PM e GCM reprimirem os blocos.
Foliões no desfile do bloco de carnaval Saia de Chita, no bairro da Pompeia, na zona oeste de São Paulo, nesta quinta-feira, 21 de abril de 2022. — Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDOhttps://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Os blocos de carnaval de rua que desfilaram nesta quinta-feira (21), feriado de Tiradentes, em São Paulo, reuniram público diverso, com foliões de todas as idades, mas se concentraram nas regiões do Centro e da Zona Oeste. Sem apoio logístico da prefeitura, as apresentações foram divulgadas principalmente pelas redes sociais e tiveram estrutura menor do que em outros anos.
De acordo com levantamento da TV Globo, pelo menos dez blocos se reuniram nesta quinta, em bairros como Perdizes, Pompeia, Pinheiros, Água Branca e Barra Funda, na Zona Oeste, e no Bixiga, região central da capital.
A estratégia usada por muitos deles foi não anunciar o endereço da concentração previamente para não atrair grande número de visitantes. O temor de que a divulgação prévia provocasse repressão da Polícia Militar ou da Guarda Civil Metropolitana (GCM) também fez com que diversos organizadores mantivessem os planos em segredo.https://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
A prefeitura, no entanto, declarou que não há orientação para reprimir os blocos. Nesta quarta-feira (20), a secretária de Cultura da cidade disse ainda que entende que não será preciso fechar o trânsito porque os blocos que deverão ir às ruas não ocuparão vias centrais, com trânsito intenso. Nesta quinta (21), a maioria dos blocos optou por espaços como praças e não saiu em cortejos.
Depois de polêmica e expectativa, os blocos saíram às ruas da capital nesse feriado
Em nota, a secretaria municipal das Subprefeituras informou que nenhum bloco de rua comunicou a intenção de ocupar ruas ou avenidas com desfiles, mas que equipes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da limpeza urbana estão de prontidão caso seja necessário.https://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Pela manhã, um dos blocos que teve maior público foi o Saia de Chita, nas ruas da Pompeia e Perdizes. O clima no local era familiar, com crianças e grupos de amigos. Uma idosa moradora da região acenou para os foliões da porta de casa, e conquistou o público.
Pelo menos dois banheiros químicos foram instalados em uma das ruas do circuito. A presença dos foliões também atraiu vendedores ambulantes.
Idosa acena para foliões do bloco Saia de Chita em cortejo de carnaval nesta quinta-feira (21) em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
Foliões se divertem com o desfile do bloco Saia de Chita, na Zona Oeste de SP, nesta quinta (21) — Foto: Felipe Rau/ Estadão Conteúdohttps://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Foliões se divertem com o desfile do bloco Saia de Chita, na Zona Oeste de SP, nesta quinta (21) — Foto: Felipe Rau/ Estadão Conteúdo
Na Bela Vista, região central da capital, pelo menos dois blocos desfilaram: o Obscênicas, no meio da manhã, e o Bloco Pirikita, no começo da tarde.
A Escadaria do Bixiga, no entorno da Praça Dom Orione, concentrou a maior parte dos foliões e músicos.
Foliões reunidos no Bloco Pirikita, na escadaria do Bixiga, nesta quinta (21) — Foto: Reprodução/TV Globo
À tarde, o bloco Baco do Parangolé se apresentou na Água Branca, na Praça Aureliano Leite, desde as 14h.
O nome do grupo é uma homenagem ao personagem Baco que, na mitologia romana, é o deus do vinho, da agricultura, da fertilidade e da folia.
Foliões no bloco Baco do Parangolé, na Praça Aureliano Leite, no bairro da Água Branca, zona oeste de São Paulo, nesta quinta-feira, 21 de abril de 2022. — Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO
Bloco Baco do Parangolé, na Praça Aureliano Leite, bairro da Água Branca, zona oeste de São Paulo, nesta quinta-feira, 21 de abril de 2022. — Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDOhttps://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Organizadores de blocos
A ausência de um circuito oficial de blocos fez com que muitos tivessem que pedir doações para angariar recursos neste ano. Foi o caso do Bloco do Amor, que se apresentou nas ruas da Barra Funda, na Zona Oeste da cidade, por volta das 15h.
Nas redes sociais, o grupo, criado em 2022, declara que precisa de doações para financiar o cortejo.
“Fazer carnaval sem apoio é osso! Mas a gente é duro de roer! Se puder faz um PIX?”, pedem os organizadores, na publicação.
O bloco, que se foi organizado em apenas uma semana, é formado por um grupo de amigos que já tocava em outros blocos.
“Ele é um catadão de vários blocos, a gente tá aqui com muita gente que sabe fazer o carnaval, que ama o carnaval e que tá aqui pra fazer uma festa popular, livre, sem bagunça. Sem violência, só festejar na rua”, disse Paula Klein, uma das organizadoras do Bloco do Amor.
Foliões saem às ruas na zona oeste de SPhttps://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Também na Zona Oeste, a Praça da Nascente, na Pompeia, recebeu a turma do Ano Passado Eu Morri, bloco que homenageia o cantor Belchior.
Artista plástico e um dos organizadores do bloco, Fábio Tremonte disse que a escolha da praça ocorreu para evitar problemas no trânsito, já que não houve apoio da CET.
“A gente optou por fazer um carnaval numa praça que não atrapalhasse trânsito, não fechasse ruas, a gente decidiu não sair pelo bairro, decidiu ficar num lugar, então isso traz um pouquinho de tranquilidade”, explicou.
Conforme o g1 adiantou no início da semana, pelo menos 50 blocos haviam demonstrado interesse em desfilar nos feriado de Tiradentes, apesar da ausência de apoio da prefeitura.
Em janeiro, a prefeitura chegou a anunciar o cancelamento do carnaval de rua alegando que não tinha tempo suficiente para organizar cortejos relâmpagos com a estrutura necessária para o atendimento dos foliões. A administração, porém, oficializou o carnaval no sambódromo, com as escolas de samba.
Estrutura da prefeitura
Embora a prefeitura de São Paulo alegue que faltou tempo para organizar um circuito oficial de carnaval de rua, as principais entidades de blocos de rua da cidade emitiram uma carta pública anunciando a intenção de realizar desfiles nas ruas da capital paulista no feriado de Tiradentes.https://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Após uma série de negociações entre representantes dos blocos e da administração municipal, a prefeitura resolveu adotar uma pequena estrutura de apoio para os blocos desta quinta (21).
Em entrevista à TV Globo, o prefeito da capital, Ricardo Nunes, disse que foram disponibilizados 400 agentes da CET.
“Nós vamos entender [os blocos no feriado] como uma ação de uma atividade cultural, uma expressão cultural, então nós colocamos 400 agentes da nossa CET disponível pra uma necessidade de regular a questão do trânsito”, declarou.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). — Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ele reconheceu que a estrutura, que inclui ainda equipes de limpeza e guardas municipais, é pequena para o tamanho da festa.https://4e8c6f552603072b31e96d4d92bfd055.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“É uma estrutura muito pequena, a gente fala em 400 agentes parece que é algo muito grande, mas pro tamanho da cidade, é pequena, é realmente pra algum bloco ou outro que acabou não seguindo a orientação da prefeitura e insiste em sair. Então, para tentar minimamente poder organizar isso, também as equipes de limpeza e a GCM estão ali de plantão”, disse Nunes.
Carnaval em julho
Prefeitura propõe carnaval de rua em julho e pede que blocos do feriado informem subprefeituras
Como alternativa ao impasse, a prefeitura sugeriu na reunião desta quarta (20) que os cortejos fossem realizados entre os dias 16 de 17 de julho, no “Esquenta Carnaval”. A administração pediu ainda que os blocos que quisessem sair no feriado de Tiradentes procurassem as subprefeituras. Segundo a secretaria da Cultura, elas dariam apoio ao desfile, realizando as limpezas das ruas depois da folia.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou que, mesmo sem autorização, não proibiria os blocos de rua de desfilarem na capital. No dia 13 de abril, ele afirmou que “jamais usaria a força” contra manifestações culturais na cidade de São Paulo.
Sem apoio oficial, alguns blocos decidiram trocar os desfiles de rua por festas em lugares fechados, como é o caso do Acadêmicos do Baixo Augusta, que vai se apresentar no Novo Vale do Anhangabaú na domingo (24), ou o Bangalafumenga e o Tarado Ni Você, que vão se apresentar no Komplexo Tempo, na Mooca, no sábado (30), com cobrança de ingresso.
Fonte: G1