Procon faz nova blitz no Mercadão contra o ‘golpe da fruta’ e ‘da mortadela

Além das barracas de frutas e lanchonetes, os agentes também passaram por lojas de laticínios.


Procon realiza fiscalização no Mercado Municipal de São Paulo — Foto: Divulgação

Procon realiza fiscalização no Mercado Municipal de São Paulo — Foto: Divulgação

O Procon-SP realizou uma nova fiscalização nesta quarta-feira (23) para investigar se o “golpe da fruta” e o “golpe da mortadela” continua sendo aplicado no Mercadão Municipal de São Paulo.

Os agentes passaram por barracas de frutas, lojas de laticínios e lanchonetes para verificar a qualidade da mortadela que estava sendo vendida para os clientes. O balanço da fiscalização ainda não foi divulgado.

Em fevereiro, consumidores denunciaram a qualidade da mortadela que estava sendo servida no tradicional sanduíche que é vendido no local. Segundo os agentes, os comerciantes anunciavam o sanduíche de mortadela de uma marca de boa qualidade, porém, não conseguiram comprovar que estavam utilizando os produtos da marca.

No mesmo mês, depois de interditar três barracas na terça, os agentes autuaram onze estabelecimentos por desrespeitarem a legislação. Entre as irregularidades estavam a venda de frutas importadas com o prazo de validade vencido e sem conter os dados do importador e a falta de informação do preço de forma precisa e adequada, especificando se o valor era cobrado por unidade, quilograma ou grama.

Procon realiza fiscalização em loja de laticínios.  — Foto: Divulgação

Procon realiza fiscalização em loja de laticínios. — Foto: Divulgação

Golpe da fruta

O g1 esteve no local no dia 14 de fevereiro e visitou quatro barracas e, em todas, a equipe foi constrangida a comprar frutas por valores muito acima da média. No total, foram gastos quase R$ 100 por uma única unidade de fruta-do-conde, cinco morangos e 18 tâmaras.

Uma das estratégias mais usadas e presenciadas pela reportagem foi a de tentar convencer os consumidores a levar bandejas de frutas pelo preço do grama de cada produto, que segundo eles, é mais barato que o quilo (veja mais abaixo).

Frutas são vendidas no Mercadão Municipal de São Paulo por valores muito acima da média

Frutas são vendidas no Mercadão Municipal de São Paulo por valores muito acima da média

Logo quando se entra no Mercadão, vendedores já iniciam a abordagem, insistindo para que o cliente prove diversas frutas. Enquanto isso, eles contam histórias sobre a origem dos produtos e em nenhum momento citam os preços.

Em todas as barracas eles usam o mesmo argumento e falam que, por ser “a primeira compra do dia, o cliente recebe promoções”.

Em uma das barracas, um vendedor informou ao g1 que o quilo da fruta-do-conde, também conhecida como pinha, sairia por R$ 69,90, porém, se levasse em gramas, o valor ficaria mais barato. De acordo com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), o preço médio do quilo da fruta-do-conde no atacado é de R$ 8.

O vendedor argumentou que, levando duas frutas-do-conde, o cliente não teria 1 kg da fruta, já que em média, cada uma pesava 300 gramas.

Na hora de pesar e calcular o pagamento, o primeiro valor apresentado foi de R$ 80 por duas frutas-do-conde. Com a recusa, o vendedor insistiu em embrulhar duas unidades e disse que faria o valor “especial” de R$ 60 pelas duas. Apesar da insistência, a reportagem levou apenas uma, que saiu por R$ 40.

Em uma outra banca, o vendedor informou que estava com uma promoção em que 100 gramas de qualquer fruta sairia pelo valor de R$ 12. A reportagem pediu que colocassem 200 gramas de morango e tâmaras e, depois disso, a bandeja foi mandada para os fundos da barraca, onde seria feito o pagamento.

Barraca de frutas no Mercadão Municipal de São Paulo.  — Foto: Deslange Paiva/ g1 SP

Barraca de frutas no Mercadão Municipal de São Paulo. — Foto: Deslange Paiva/ g1 SP

Na hora do pagamento, o funcionário do caixa não soube explicar com qual referência de quilo ele iria fazer o cálculo do valor, já que tinha duas frutas diferentes na pesagem. Apenas acrescentou o valor de R$ 129,90 no caixa como referência e tentou cobrar de início R$ 80 por 5 morangos e 10 unidades de tâmaras.

A reportagem falou sobre a promoção informada de R$ 12 por 100 gramas, mas na hora da pesagem os 200 gramas se tornaram 400 gramas. Depois de muita insistência, o vendedor ofereceu a bandeja por um preço “especial” de R$ 40

Segundo a Ceagesp, a média do quilo do morango é de R$ 8,03 em São Paulo e da tâmara é R$ 30,52.

Os tipos de golpes:

  • Ofertar um produto por um valor e cobrar mais do que o dobro na hora do pagamento;
  • Apresentar o valor por grama em vez de falar por quilo para tentar confundir o consumidor;
  • Colocar mais produtos do que o solicitado pelo cliente nas bandejas para aumentar o peso e elevar o valor da compra.

Os preços de cada barraca também não seguem um padrão. Em uma terceira, um vendedor tentou montar mais uma bandeja de morango com tâmaras, o g1 recusou algumas vezes, ainda assim ele insistiu em montar uma somente com tâmaras. A bandeja com 8 unidades saiu por R$ 13.

O g1 também abordou uma turista que estava andando pelo Mercadão, e ela disse que gastou R$ 80 em uma bandeja com quatro frutas. “Pelo que percebemos aqui, esse é o preço na bandeja, não sai menos que isso.

O funcionário do estacionamento também comentou sobre os preços e disse que no Mercadão a tradição é a de uma única fruta custar R$ 50.

“Quem vem aqui precisa ter dinheiro, tem que vir para gastar. Mas eu jamais sairia de casa para gastar com fruta, não dá certo.”

Ainda segundo relatos de consumidores do local, além dos preços abusivos, os vendedores também costumam colocar açúcar na fruta na hora de ser degustada. A reportagem não conseguiu verificar se as facas que os vendedores usaram para cortar as frutas tinham açúcar, mas todas as frutas provadas estavam extremamente doces.

O g1 esteve no local por cerca de 2 horas e visitou quatro barracas, com compras em três delas. Uma fruta-do-conde, 5 morangos e 18 tâmaras saíram por R$ 93, após muito “choro”.

Relatos nas redes

No Instagram, o perfil golpe_do_mercadao_sp, recebe relatos de consumidores que sofreram o golpe no Mercadão. A conta já tem mais de 11 mil seguidores e centenas de relatos entre postagens e comentários.

Em um deles, um consumidor informou que a polícia foi acionada depois de uma briga em que uma família se recusou a pagar R$ 370 em uma bandeja de frutas.

“Somos do Paraná, em uma visita em São Paulo fomos até o Mercadão. Nos ofereceram várias frutas para degustação, segundo eles, exóticas. Enquanto provávamos, eles preparam uma bandeja com todas as frutas, nos recusamos a pagar. Eles nos chamaram de folgados, e o meu primo acabou deferindo um soco contra um vendedor. Argumentaram para os policiais que a gente tinha comido tudo e se recusado a levar a bandeja”, informou uma consumidora.

Uma outra pessoa afirmou que pagou R$ 200 em uma bandeja de laranja porque um dos vendedores estava com uma faca na mão, e ela se sentiu ameaçada.

Fonte: G1

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