Fuvest 2022: professores comentam provas de disciplinas específicas da segunda fase

Última etapa da segunda fase do vestibular para a USP aconteceu nesta segunda-feira (17) e teve questões que variavam de acordo com a carreira escolhida.


Candidato realiza prova da segunda fase do vestibular da Fuvest. — Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚD

Candidato realiza prova da segunda fase do vestibular da Fuvest. — Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚD

Candidatos que disputam uma vaga na Universidade de São Paulo realizaram nesta segunda-feira (17) provas de disciplinas específicas da segunda fase do vestibular da Fuvest , de acordo com a carreira escolhida.

A prova começou às 12h e a saída dos candidatos foi liberada a partir das 15h. No domingo (16), foi aplicada a prova de dissertativa de português e redação, cujo tema foi “as diferentes faces do riso”.

Professores de cursinhos ouvidos pelo g1 comentaram as questões das disciplinas cobradas nesta segunda. Confira:

GEOGRAFIA

Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo:

“A prova foi considerada difícil pelos professores do Anglo. Cobrou bastante atualidade como pano de fundo para as análises. Caiu Afeganistão, exploração de sal-gema em Maceió e o prejuízo para os bairros da região, El Niño e La Niña e crise energética.

A dificuldade dessa prova está em questões que cobram conceitos puros e outras questões que são de estudos de caso, em que era necessário articular conceitos, conhecimentos de Geografia com os casos concretos”

Eduardo Britto, professor de Geografia do Objetivo:

“A prova pode ser classificada como bastante inteligente. Demandou um aluno muito bem preparado. Teve como característica a conexão entre os temas da agenda atual com os conceitos de geografia. Trouxe, por exemplo, a questão da invasão do Afeganistão pelos EUA, as fontes de energia renováveis e não renováveis, a crise hídrica.

Uma prova de nível difícil. Com gráficos, mapas e imagens muito bem elaborados. Foram perguntas claras, muito objetivas”.

Dario Feltrin, professor de Geografia da Oficina do Estudante de Campinas:

“A prova apresentou, como de costume, um nível médio. Em comparação com o ano anterior, surpreendeu com várias atualidades, como a questão geopolítica do Afeganistão e a crise hídrica. Por outro lado, não apresentou questões polêmicas, mas sim bem tradicionais, com cara de FUVEST. As perguntas estavam todas contextualizadas, facilitando o processo de entendimento.

A prova apresentou uma boa distribuição de assuntos, como da geografia física, econômica e geopolítica. Contudo, não abordou a vacinação ou qualquer tema relacionado à saúde”.

QUÍMICA

Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo:

“Do ponto de vista dos conteúdos, é uma prova tradicional, bastante conteudista, com ampla gama de clássicos do estudo de química: separação de misturas, cinética e equilíbrio químico, inorgânica, estequiometria, interações intermoleculares, isomeria, gordura trans e eletroquímica.

A maioria das questões era muito bem contextualizada, com destaque para uma que abordou o combustível para fazer viagem à Marte, e uma outra sobre tabela nutricional de alimentos. Ou seja, contextos que colocam os conteúdos de uma forma muito mais palpável e concreta para aluno”.

Filippo Fogaccia, professor de Química do Objetivo:

“Questões bem criativas, bem elaboradas, que exigiam do aluno uma boa interpretação de texto para a resolução da sua grande maioria. Foi uma prova considerada bem abrangente, com vários temas trabalhados na área de química como: bioquímica, estequiometria, eletroquímica, separação de misturas, equilíbrio químico, cinética, isomeria, ponto de ebulição e forças intermoleculares”.

Renan Pimentel, professor de Química da Oficina do Estudante de Campinas:

“A prova teve nível de dificuldade médio em relação à de 2021. As questões estavam bem contextualizadas, abordando assuntos que envolvem o cotidiano. Por exemplo, o processo de descafeinação do café, chuva ácida, gasodutos, dentre outros.

Apesar disso, nenhuma questão abordou o tema da pandemia e afins. Ficou ausente da prova o assunto de reações orgânicas, muito característico desta etapa da FUVEST e, normalmente, na forma de uma questão difícil. De modo geral, a prova estava condizente com o nível esperado, exigindo conhecimentos específicos dos estudantes através de questões bem contextualizadas”.

HISTÓRIA

Ricardo Di Carlo, professor de História do Objetivo:

“Uma prova inteligente, já que abordava diversas linguagens nas seis questões. Podemos apontar a discussão historiográfica, a linguagem de propaganda, documento do século XIX e o uso de imagem.

Trazia um diálogo com o contemporâneo. Por exemplo, discutindo a Fundação Palmares e as políticas públicas, trazida em diálogo com as diretrizes do novo Ensino Médio. Inclusive, a discussão sobre a interiorização no país, sobre o indígena, sobre os movimentos negros. Apontava também temas tradicionais como o processo de independência dos Estados Unidos. Um prova brilhante”.

Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo:

“História foi uma prova de nível médio de dificuldade, mas muito bem elaborada e com contextualizações significativas, não só para a resolução das questões como, sobretudo, para o entendimento do mundo contemporâneo.

Com apenas duas questões de história geral sobre Independência dos Estados Unidos e a relação entre estado e religião, foi uma prova predominantemente de história do Brasil. Chama atenção que os temas abordados propuseram discussões muito relevantes sobre o tempo presente ao tratar da questão indígena, da separação de poderes, da revolução praieira de Pernambuco, da relação entre doenças e medicamentos”.

Felipe da Costa Mello, professor de História da Oficina do Estudante de Campinas:

“Apresentou um nível médio, muito semelhante ao ano anterior. Não houve questões polêmicas, mas que propuseram reflexão sobre temas atuais. A prova esteve bem contextualizada, em algumas questões foram fornecidas imagens.

A distribuição das questões foi coerente, chamando a atenção a ausência de temas que se relacionassem com a temática feminina na História. Não houve questões que mencionassem a pandemia”.

MATEMÁTICA

Rodrigo do Carmo, professor de Matemática da Oficina do Estudante de Campinas:

“A prova de Matemática apresentou um nível de dificuldade médio para difícil. Posso afirmar que estava no mesmo nível do ano passado. Não tivemos questão contextualizada.

Talvez um assunto que faltou foi geometria plana. Não tivemos também questões de saúde ou relacionadas com a pandemia. Em geral, uma prova muito boa, que irá selecionar os melhores candidatos”.

Marcelo da Silva Melo. Prof. De Matemática do Objetivo:

“Nessas seis questões, podemos destacar que a prova foi abrangente. Caiu sequências, funções, probabilidades, geometria espacial e geometria analítica. Alguns temas que não apareceram na primeira fase surgiram agora, como um exercício que tem geometria analítica e um de sequências.

Agora, em relação à dificuldade, três questões boas, típicas de segunda fase. Das seis questões, três questões normais, as outras três muito trabalhosas.”

Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo:

“Questões bem técnicas, bastante conteudistas, sobre assuntos clássicos do ensino médio e com um nível geral de dificuldade mediano.

Foram cobrados temas como sequências, funções, probabilidade, geometria espacial e, nas últimas duas questões questão 5 e 6 que se destinam a carreiras mais diretamente ligadas à matemática, geometria analítica e análise combinatória”.

FÍSICA

Ricardo Helou Doca, professora de Física do Objetivo:

“As questões versaram sobre temas oportunos, modernos. Por exemplo, uma questão que relaciona eletrostática com o mundo celular, portanto uma questão interdisciplinar de Física e Biologia. A segunda questão trata de um assunto moderníssimo que é o aproveitamento da energia maremotriz.

Hoje há uma busca muito grande por novas matrizes energéticas, e o Brasil que tem 8 mil km de litoral poderá aproveitar a energia das marés. Muito interessante a formulação. Os cálculos não foram complicados e não houve nenhum problema de formulação das questões”.

Rodrigo Araújo, professor de Física da Oficina do Estudante de Campinas:

“A prova exigia dos candidatos, como sempre, domínio conceitual da Física, domínio das principais equações e habilidades de interpretação e raciocínio lógico. A distribuição dos assuntos não privilegiou tanto a mecânica como costuma acontecer e deixou de fora a óptica geométrica, mas abordou a eletrostática em duas questões diferentes (o que é pouco comum).

Apesar de algumas questões serem contextualizadas, a prova não teve um eixo temático e não abordou a pandemia ou a vacinação. O nível de dificuldade ficou entre médio e difícil, mas mais fácil que a prova do ano anterior”.

Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo:

“A prova de Física teve a peculiaridade de construir um crescendo de dificuldade. Da questão 1 até a 4 nota-se a preocupação da banca de ir acrescentando dificuldades. As duas últimas questões são muito mais trabalhosas, pensadas para carreiras mais específicas em que Física é crucial.

Todas as questões cobram conhecimento sólido e envolve, além disso, interpretação de textos, figuras e gráficos. As contextualizações são muito relevantes”.

BIOLOGIA

Sérgio Paganim, diretor pedagógico do Curso Anglo:

“Cobrou temas clássicos do estudo de biologia, como evolução, ciclo de parasitas, ciclo de vida de angiospermas, fisiologia animal. Mas por contar com apenas seis questões, ficaram de fora dessa prova temas importantes como citologia, genética e biotecnologia.

Além desses, merecem destaque temas muito atuais de ecologia que foram cobrados, como a diminuição das espécies nos diversos biomas brasileiros e poluição nas grandes cidades.”

Guilherme Francisco, professor de Biologia do Objetivo:

“Teve questões bem exigentes, questão de construção de gráficos, interpretação de tabelas, sempre muito típico da segunda fase.

Questões sobre parasitologia, sobre fisiologia animal, coração, que é um assunto também bem clássico. Destaque para duas questões cujo assunto foi ecologia e poluição, envolvendo poluição e os biomas brasileiros. A maioria das questões com itens A, B e C”.

André Bourg, professor de Biologia da Oficina do Estudante de Campinas:

“Uma prova objetiva, com perguntas de dificuldade média, relativamente mais fácil que 2021. Não foi abordado nenhuma questão polêmica, os assuntos foram distribuídos em variadas áreas da biologia, não contemplando genética ou biotecnologia.

Também não foi contemplada nenhuma questão sobre os temas relacionados à Covid-19 ou vacinação.”

Vagas do vestibular

Segunda fase da Fuvest tem prova de disciplinas específicas nesta segunda-feira (17/01)

Segunda fase da Fuvest tem prova de disciplinas específicas nesta segunda-feira (17/01)

Das 11.147 vagas disponíveis para a USP neste ano, 8.211 serão preenchidas pela seleção feita pelo vestibular da Fuvest. A seleção das outras 2.936 vagas será feita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu/Enem).

A divulgação da primeira lista de aprovados ocorre em 11 de fevereiro.

A primeira fase do vestibular aconteceu no dia 12 de dezembro. O exame teve 5 horas de duração e foi aplicado em 35 cidades do estado de São Paulo. Foram 90 questões de múltiplas escolhas sobre biologia, física, geografia, história, inglês, matemática, português e química, além de questões interdisciplinares.

Estudantes ouvidos pelo g1 disseram que a prova teve dificuldade média e destacaram questões sobre pandemia e letra do rapper Emicida no exame.

Fonte: G1

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