Hospital Heliópolis fecha as portas e deixa de fazer triagem de pacientes; só urgências são atendidas
Funcionários ouvidos pelo g1 disseram que muitos médicos do Complexo foram afastados por estarem contaminados com Covid-19. Na noite de domingo (9), um paciente tirou foto de cartaz em que o hospital atribuía o fechamento à superlotação.
Nesta segunda-feira (10) foi colocado um papel na porta do pronto-socorro alegando que o hospital está realizando apenas atendimentos emergenciais. — Foto: Deslange Paiva/ g1 SP https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O pronto-socorro do Complexo Hospitalar de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, fechou a triagem para os pacientes e só atendimentos de urgência como fraturas expostas, pessoas baleadas, facadas, entre outros, estão sendo feitos.
Funcionários ouvidos pelo g1 relataram que muitos médicos foram afastados por casos de Covid.
Pacientes que procuram o local, estão sendo orientados a buscar outras unidades de saúde na região, como o AMA Sacomã, onde o tempo de espera para um atendimento no pronto-socorro é de 4 a 5 horas. Funcionários disseram ao g1 que a unidade conta somente com 4 médicos clínicos.
“Não tem médico, fui procurar por um clínico geral, eles me falaram que só emergência. Tem que chegar morrendo porque não tem médico. Fui ao Hospital Ipiranga, lá também está sem médico, eles me mandaram vim até aqui ou no AMA Sacomã”, afirmou uma paciente que procurou atendimento ao local, ela estava com sintomas de desmaios e um caroço no pescoço.
Fechado por superlotação
Na noite de domingo (9) o José César Mota Coutinho sofreu um corte profundo no braço, ele foi até o pronto-socorro do Hospital Heliópolis com um ferimento grande e aberto, mas não foi atendido. Ele deu de cara com um aviso na porta pronto-socorro informando que a área estava fechada por superlotação — o cartaz não estava mais lá quando o g1 foi ao hospital na segunda (10).
“Eu sofri um acidente no portão da casa de um amigo, a lança do portão atravessou meu braço. Nisso, corri para o Hospital Heliópolis com uma vizinha, chegando lá eles só me falaram que não tinha nenhum médico para atender o meu caso”, afirmou José.
Após ter o atendimento negado, José foi até o AMA Sacomã, onde também não conseguiu ser atendido. Ele conseguiu atendimento só às 3h da madrugada no Hospital Ipiranga.
Bilhete colocado na porta do pronto-socorro na noite de domingo alega superlotação. — Foto: Arquivo pessoal/ José César Mota Coutinho https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Entrada do AMA Sacomã lotada na tarde desta segunda (10). — Foto: Deslange Paiva/ g1 SP
A Secretaria Estadual da Saúde informou que “o Hospital Heliópolis está prestando assistência à população, permanece realizando a triagem dos casos, assim como os demais atendimentos. No domingo (9), devido à alta demanda, atendeu prioritariamente casos encaminhados por Samu, Resgate ou outros serviços. Os demais atendimentos foram restabelecidos nesta segunda (10)”.
Disse ainda que “o hospital é uma unidade de média e alta complexidade e, assim como preconiza o SUS, prioriza os casos graves e gravíssimos. Os pacientes com casos ‘leves’ são indicados a procurar as unidades básicas de saúde, ‘porta de entrada’ do SUS”.
Recorde de casos
Uma estimativa da Prefeitura de São Paulo divulgada na quinta-feira (6) aponta que o número de casos de síndrome gripal com confirmação laboratorial para Covid-19, ou seja, de pacientes com sintomas leves de coronavírus na cidade, pode ser atualmente o dobro do registrado no pico da pandemia de coronavírus, em abril de 2021, recorde até então.
O levantamento faz parte do estudo que baseou a decisão da gestão municipal de cancelar o carnaval de rua na cidade neste ano.
Os dados, no entanto, não correspondem a todos casos confirmados de Covid-19 porque levam em consideração apenas os pacientes com sintomas gripais leves, e excluem os internados. Atualmente, as informações sobre o conjunto de casos confirmados de Covid-19, leves ou graves, estão prejudicadas pelo apagão de dados nos sistemas do Ministério da Saúde.
Apesar disso, o coordenador da Coordenaria de Vigilância em Saúde (Covisa) da capital, Luiz Arthur Vieira Caldeira, disse que a prefeitura faz uma estimativa sobre o atraso dos registros das últimas quatro semanas para calcular quantos casos leves de síndrome gripal a cidade tem atualmente.
FOnte: G1