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Por que Paulinho foi substituído após fazer gol contra o Botafogo? Entenda a lesão do atacante

Por Redação do EU Atleta — São Paulo, SP


Abel Ferreira confirma cirurgia de Paulinho após a Copa do Mundo de Clubes

Abel Ferreira confirma cirurgia de Paulinho após a Copa do Mundo de Clubes

Paulinho foi o herói do Palmeiras na classificação da equipe para as quartas de final da Copa do Mundo de Clubes, ao marcar o único gol na vitória sobre o Botafogo, neste sábado (28). Apesar de decisivo, ele precisou ser substituído logo após balançar as redes, durante a prorrogação. O atacante lida com uma fratura por estresse na tíbia da perna direita desde o ano passado, o que tem limitado seus minutos em campo. Nesta matéria do EU Atleta, você entende mais sobre a lesão.

— É muito difícil, uma lesão incomum. Quanto mais corre, mais estressa e mais machuca — disse Paulinho logo após a partida.

Paulinho em partida entre Palmeiras e Botafogo na Copa do Mundo de Clubes — Foto: Francois Nel/Getty Images

Paulinho em partida entre Palmeiras e Botafogo na Copa do Mundo de Clubes — Foto: Francois Nel/Getty Images

O jogador foi diagnosticado com a fratura por estresse na tíbia no primeiro semestre de 2024, quando ainda era jogador do Atlético-MG. Entretanto, ele não se afastou dos gramados para tratar a lesão e seguiu jogando, chegando a atuar à base de injeções para lidar com as dores. Em dezembro do ano passado, passou por cirurgia e ficou quatro meses afastado antes de fazer sua estreia pelo Palmeiras, em abril deste ano.

Apesar do procedimento cirúrgico, Paulinho não se recuperou completamente e ainda sente dores na canela. Ele disputou 15 partidas com a camisa do Verdão, mas apenas uma como titular, e tem média de pouco mais de 27 minutos por jogo. A comissão médica da equipe trata seu caso com cautela e recomendou que o atacante jogasse cerca de 30 minutos por jogo durante a Copa do Mundo de Clubes.

Contra o Botafogo, Paulinho entrou aos 17 minutos do segundo tempo, substituindo Estêvão. A ideia é que ele ficasse em campo até o final da partida, mas como o duelo foi para a prorrogação, o camisa 10 estendeu sua minutagem em campo. No primeiro tempo da prorrogação, marcou um belo gol, comemorou e, logo em seguida, foi substituído pelo zagueiro Micael. Ele ficou aproximadamente 46 minutos em campo.

— Estou passando por um momento difícil por conta da lesão. Ainda sinto bastante dor, está sendo difícil – falou o atacante. — Não tem muito mistério. A gente tem que tirar um pouco a carga, saber dosar os impactos, porque é uma lesão que estressa a região e acaba dando atrito e machucando. É o descanso, saber o momento certo para eu poder mostrar e produzir tudo aquilo que eu sei.

O que é a fratura por estresse na tíbia?

A tíbia é o maior osso da perna, conhecido como osso da canela. Ela fica na parte interna da perna, entre o joelho e o tornozelo. É uma estrutura longa, responsável pelo suporte do peso corporal e da movimentação. Ela está associada à realização de atividades como andar, correr e saltar, sendo essencial para um atleta.

Fraturas na tíbia: tratamento com hastes e pinos eu atleta — Foto: Istock Getty Images

Fraturas na tíbia: tratamento com hastes e pinos eu atleta — Foto: Istock Getty Images

Como explica o médico ortopedista e traumatologista do esporte Adriano Leonardi, a fratura por estresse na tíbia é uma microfratura óssea causada por sobrecarga repetitiva, sendo muito comum em atletas de esportes de impacto, como corrida e futebol. Ela acontece porque o osso não consegue se regenerar na mesma velocidade em que pequenas lesões vão se acumulando.

De acordo com ele, as principais características dessa fratura são:

  • Dor progressiva na região da canela, que inicialmente melhora com repouso, mas, com o tempo, passa a ocorrer mesmo em atividades leves;
  • Edema (inchaço) discreto, sensibilidade local;
  • Ressonância magnética constata edema ósseo e, em estágios avançados, a linha de fratura cortical.

— Em atletas profissionais, é uma lesão crítica porque pode evoluir de uma simples reação de estresse para uma fratura completa se não tratada corretamente — explica Adriano Leonardi.

Tratamento e recuperação

O tratamento inicial de casos de fratura por estresse na tíbia não envolve cirurgia. Recomenda-se, essencialmente, o afastamento de atividades que geram impacto; modificação da carga de treino e reabilitação fisioterápica; eventualmente uso de muletas e restrição de apoio parcial; e suplementação nutricional (vitamina D, cálcio).

Por conta da manutenção das dores ao longo dos meses, Paulinho precisou passar por cirurgia, que é um estágio “avançado” do tratamento. No procedimento, costuma haver a fixação interna com placa e parafusos ou haste intramedular. Essa intervenção cirúrgica só é indicada em situações específicas, como quando:

  • A fratura não cicatriza após pelo menos 3-6 meses de tratamento conservador;
  • Há progressão para fratura completa;
  • Existe risco elevado de não união (fraturas por estresse do lado anterior da tíbia são notoriamente difíceis de consolidar);
  • O atleta tem necessidade de retorno precoce ao esporte de alto rendimento.

Normalmente, o tempo de recuperação do tratamento conservador varia de oito a 16 semanas para fraturas por estresse grau 2-3 (sem linha de fratura). Em casos em que há cirurgia, há uma média de quatro a seis meses até o retorno gradual aos treinos e jogos, podendo chegar a oito meses em caso de consolidação demorada.

O caso de Paulinho

Paulinho comemora gol da vitória do Palmeiras sobre o Botafogo na Copa do Mundo de Clubes — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Paulinho comemora gol da vitória do Palmeiras sobre o Botafogo na Copa do Mundo de Clubes — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Paulinho não ficou afastado dos gramados após ter a lesão detectada e jogou ao longo de 2024 com muitas dores. No fim do ano, realizou a cirurgia e ficou cerca de quatro meses parado, retornando em abril de 2025. Apesar disso, o atleta segue lidando com muitas dores, e precisará passar por nova cirurgia ao final da Copa do Mundo de Clubes — confirmada pelo técnico Abel Ferreira em entrevista coletiva após o jogo contra o Botafogo.

— O caso do Paulinho é complexo e delicado, mas infelizmente não raro em atletas de elite. O fato de ele não ter sido afastado logo no início e ter continuado treinando e jogando com dor provavelmente contribuiu muito para: a evolução da lesão de grau leve para uma fratura mais avançada; a atraso na consolidação óssea; e a necessidade de uma primeira cirurgia e agora de uma nova intervenção — avalia o ortopedista Adriano Leonardi.

— Na prática esportiva de alto rendimento, há grande pressão para retorno precoce, mas esse é o típico exemplo de como isso pode comprometer a evolução e prolongar o tempo de afastamento total — comenta o médico.

Leonardi explica que existem algumas razões frequentes para nova intervenção cirúrgica em fraturas por estresse tibial.

  • Pseudoartrose (não união): quando a fratura não consolida;
  • Retardo de consolidação importante: há indícios de reparo parcial, mas com dor persistente e incapacitante;
  • Eventualmente necessidade de remoção e troca do material de síntese ou complementação com enxerto ósseo.

— É provável que o Paulinho tenha tido uma consolidação incompleta e dor crônica que inviabilizam o alto rendimento — opina o médico.

Após a nova cirurgia, que acontecerá depois do Mundial, a expectativa é que Paulinho faça um retorno progressivo ao treino físico entre três e quatro meses. O retorno ao esporte competitivo de alto nível é estimado em um período de seis a oito meses.

Esses prazos, porém, dependem de fatores como grau de consolidação prévia, uso de enxerto ósseo, qualidade óssea do paciente e manejo da carga de treinamento na reabilitação. Após a cirurgia, ainda é importante que o atleta tenha um acompanhamento multidisciplinar rigoroso para evitar novos problemas.

Fonte: Adriano Leonardi é médico ortopedista e traumatologista do esporte, especialista em joelho e colunista do EU

Atleta.


Fonte: Ge

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