Nunes diz que proposta de isenção de IPTU na Cracolândia foi baseada na localização do ‘fluxo’
Nunes diz que proposta de isenção de IPTU na Cracolândia foi baseada na localização do ‘fluxo’ dos usuários e não descarta ampliar número de imóveis
Projeto foi enviado à Câmara na semana passada e deve ser discutido nesta quarta (16). Comerciantes criticam seleção de ruas e alegam que região toda sofre com impactos da violência.
Prefeito de SP fala sobre projeto de isenção de IPTU na Cracolândia
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nesta quarta-feira (16) que o projeto que prevê isenção de IPTU para alguns imóveis do Centro de São Paulo foi baseado na localização do chamado “fluxo” de usuário, local onde é feito a venda e o consumo de drogas.
“O parâmetro do critério é de que os boletins que são emitidos diariamente pela secretaria de segurança urbana e secretaria de saúde, definem quais são as ruas que têm a concentração de pessoas naquela região”, afirmou Nunes em entrevista à GloboNews.
Mapa de ruas da Cracolândia que podem ter imóveis isentos de IPTU — Foto: Reprodução/GloboNews
Entretanto, ele não descartou que alterações possam ser feitas no texto durante debate na Câmara, dentre elas, a ampliação do número de contemplados. Pelo texto, 947 imóveis localizados em seis ruas selecionadas serão beneficiados.
“Quando a gente manda um projeto para a Câmara Municipal, ele não está ali fechado. De regra geral, sempre tem contribuições e alterações no projeto”, afirmou.
Comerciantes de ruas como a Santa Ifigênia, que ficou de fora da proposta, reclamam dos critérios, uma vez que o impacto da violência e insegurança é sentido por uma área muito mais abrangente.
A previsão é a de que o PL seja discutido pelos vereadores na tarde desta quarta-feira. Ele deve passar também por três audiências públicas.
Proposta de isenção de IPTU começa a ser debatida na Câmara de SP nesta quarta — Foto: Reprodução/GloboNews
A região reflete a espiral da violência na capital paulista. O problema se arrasta há décadas e é tratado de diferentes formas a cada nova gestão.
Na noite desta terça (15), a polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha contra os usuários. Houve correria e confusão.
Nos últimos anos, a prefeitura e o estado passaram a realizar ações policiais para dispersar usuários de drogas que ficavam concentrados em determinadas ruas. A medida fez com que os usuários se espalhassem pela região e afetou a vida de comerciantes e moradores, que relatam o aumento da violência e insegurança.
Imagens exclusivas mostram como funciona o tráfico na Cracolândia, em São Paulo
Intervenção na Cracolândia
Em julho, a Defensoria Pública do Estado divulgou um relatório que aponta a ineficácia da estratégia de intervenção policial adotada ao longo dos últimos anos para lidar com a questão da Cracolândia.
Ainda segundo o relatório, 90% das prisões em massa realizadas na região durante a 6ª fase da Operação Caronte — apelidada por um dos detidos de “Operação Cachimbo” —, foram consideradas ilegais pela Justiça e arquivadas.
Eleições 2024
Durante a entrevista, o prefeito se definiu como um político de Centro que dialoga com diferentes frentes ideológicas.
Nunes tenta costurar uma reeleição com apoio do partido e de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas negou ser bolsonarista.
“O que é bolsonarista? Eu me considero Ricardista”, afirmou.
Na semana passada, Ricardo Nunes almoçou com Jair Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Questionado se pretende ser o candidato do ex-presidente na capital, ele afirmou:
“Eu sou o candidato do MDB, partido ao qual me filiei quando tirei meu título de eleitor.”
Nunes diz reconhecer o PL como um dos maiores partidos do Brasil e quer “juntar a força de Centro-direita” para definir o nome de seu vice.
“Vai depender do nome que o PL vai trazer, que os outros partidos vão trazer. Vai depender do governador, se vier me apoiar, a opinião do governador tem peso.”
Um dos nomes que chegou a ser cotado é o de Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência do governo Bolsonaro.
Investigação da PF, entretanto, aponta envolvimento de Wajngarten no caso da recompra de um Rolex , relógio dado de presente ao ex-presidente Jair Bolsonaro em viagem oficial à Arábia Saudita e vendido nos Estados Unidos pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid.
Segundo a PF, ele teria sido escalado para recomprar a peça nos EUA.
Fonte: G1