Artistas e escritores protestam contra o fechamento da Livraria Cultura
A livraria teve falência decretada pela Justiça de São Paulo na última quinta-feira (9), após mais de 4 anos de uma recuperação judicial malsucedida
Protesto na Livraria Cultura, em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
Artistas e escritores fizeram um ato contra o fechamento da Livraria Cultura na tarde desta terça-feira (14), na unidade da Avenida Paulista, após falência decretada pela Justiça de São Paulo.
Cerca de 50 pessoas estiveram presentes, entre elas a atriz Leona Cavalli, a atriz Clarice Niskier e o ator e diretor André Acioli.
Acioli é curador artístico do Teatro Eva Herz desde 2007, que fica dentro da Livraria Cultura e também será desmontado.
Os artistas se mobilizaram pelas redes sociais. No ato simbólico, eles ocuparam o local e leram trechos de livros. “Traga um livro, separe um trecho de até 1 minuto. Vamos mostrar que a CULTURA é maior que tudo”, diz o anúncio.
“Estamos aqui para pedir que esse lugar esteja aqui, que a gente possa continuar aqui todos juntos”, disse a atriz Clarice Niskier, em cartaz com a peça “A Alma Imoral”, adaptação do livro de Nilton Bonder, no teatro Eva Herz.
Ocupação em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo
A Livraria Cultura teve falência decretada pela Justiça de São Paulo na última quinta-feira (9), após mais de 4 anos de uma recuperação judicial malsucedida.
Quando entrou com o pedido em 2018, a livraria alegou ter dívidas de R$ 285,4 milhões. Na decisão, o juiz disse que a empresa descumpriu o plano de recuperação judicial, além de outras pendências, como ausência de quitação das dívidas trabalhistas, falta de envio de documentos e vencimento do período de pagamento a credores.
A Livraria Cultura vinha enfrentando uma forte crise desde meados de 2015, após o encolhimento do mercado editorial. A empresa tem hoje apenas duas lojas físicas, em São Paulo e em Porto Alegre, e mantém suas operações pelos canais digitais.
Plano não cumprido
Na decisão de quinta, o juiz Ralpho Waldo De Barros Monteiro Filho citou o “descumprimento do plano de recuperação judicial” ao justificar a falência.
De acordo com o magistrado, o novo plano de recuperação, firmado em 2021, também não foi cumprido pela empresa.
“O comportamento das Recuperandas nestes autos tem demonstrado muito o contrário: em verdade, em diversos momentos, beira o descaso para com o procedimento recuperacional e para com o Juízo, que deu diversas oportunidades para suas manifestações, mas sem a vinda de conteúdo materialmente útil à comprovação do cumprimento do plano”, diz trecho da decisão.
O magistrado listou uma série de pendências, como ausência de quitação das dívidas trabalhistas que deveriam ter sido integralmente quitadas até junho de 2021 e a falta de envio de documentos. Ele também destacou o vencimento do período de pagamento a credores.
Segundo o juiz, a inadimplência da empresa passa de R$ 1,6 milhão, “não se verificando qualquer perspectiva quanto à possibilidade de adimplemento”.
Em 2020, a Justiça já havia rejeitado um pedido de mudança no plano de recuperação da empresa, e apontado que a falência poderia ser decretada.
Sérgio Herz, presidente Livraria Cultura, disse que a rede vai tentar reverter a decretação de falência em segunda instância e alertou para o risco de mais varejistas enfrentarem crises.
A Livraria Cultura vinha enfrentando uma forte crise desde meados de 2015, após o encolhimento do mercado editorial. A empresa tem hoje apenas duas lojas físicas, em São Paulo e em Porto Alegre, e mantém suas operações pelos canais digitais.
Fonte: G1