Secretário da Segurança defende PMs da Rota que mataram na Zona Sul e diz que ninguém será afastado

Pelas redes sociais, Guilherme Derrite afirmou que confrontos serão investigados. ‘Até que se prove o contrário, a ação ocorreu dentro da lei’, disse sobre a ação de sexta-feira (10).


Secretário da Segurança defendeu PMs e disse que ninguém será afastado — Foto: Reprodução

Secretário da Segurança defendeu PMs e disse que ninguém será afastado — Foto: Reprodução

O Secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, defendeu policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) que atiraram e mataram um suspeito de assalto na Zona Sul de São Paulo. A morte ocorreu na sexta-feira (10), na Chácara Santo Antônio.

Em seu perfil pessoal no Twitter, o secretário do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que “confrontos sempre serão apurados”, mas defendeu os policiais envolvidos na ocorrência.

“Nenhum policial que sai de casa para defender a sociedade será injustiçado. Confrontos sempre serão apurados, mas ninguém será afastado no caso da abordagem da ROTA que evitou um assalto no semáforo. Até que se prove o contrário, a ação ocorreu dentro da lei”, afirmou Derrite, que é ex-integrante da própria Rota (leia mais abaixo).

Um vídeo que circulou nas redes sociais registrou o momento em que os suspeitos tentam roubar a moto de um casal, quando aparece um carro de polícia. Os policiais descem da viatura e atiram contra os rapazes.

Segundos após os primeiros disparos, um dos suspeitos aparece já deitado no chão. Um agente se aproxima e dispara em sua direção. O homem, de 20 anos, morreu. O outro suspeito seria um adolescente de 16 anos.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP):

  • “[O suspeito] estava armado e apontou na direção dos policiais, que intervieram”;
  • Um adolescente de 16 anos foi apreendido, sem ferimentos, com o celular de uma das vítimas;
  • Uma mulher de 31 anos que passava pelo local foi atingida por disparos, socorrida e liberada após passar por atendimento médico.

O caso foi registrado como roubo de veículo, morte decorrente de intervenção policial, lesão corporal decorrente de intervenção policial e apreensão de adolescente no 11º Distrito Policial, em Santo Amaro, na Zona Sul.

O Departamento de Proteção à Pessoa (DHPP) vai analisar as câmeras de rua e a dos uniformes dos policiais. Um laudo pericial é aguardado.

Além da investigação da Polícia Civil, um inquérito da própria Polícia Militar investiga o caso.

O ouvidor das Polícias de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, disse ao SP2 que solicitou que a Corregedoria da PM investigue o caso e pediu acesso às câmeras corporais para entender o que de fato ocorreu na abordagem.

“Vamos pedir pra Polícia Militar imagens das cops, que os policiais devem estar carregando nos seus uniformes, que são as câmeras operacionais portáteis. Também vamos pedir para a Corregedoria da Polícia Militar, avocar o caso para a Corregedoria Central”, declarou o ouvidor.

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Derrite

Antes de ser secretário, Derrite defendeu que é “vergonhoso” para um policial não ter ao menos “três ocorrências” por homicídio no currículo. O áudio com a declaração foi revelado pela “Ponte Jornalismo” em junho de 2015, quando ele ainda integrava o quadro da PM.

“Os tenentes, principalmente os oficiais, que nos últimos 5 anos se envolveram em três ocorrências ou mais que tenha o resultado evento morte do criminoso, estão sendo movimentados. E o Telhada se encaixa nessa lista. Até eu que estou fora da rua há dois anos me encaixo, porque o camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter […] três ocorrências [em casos em que suspeitos morreram a tiros disparados pelo policial], na minha opinião, é vergonhoso, né?”, diz Derrite na gravação, segundo a Ponte.

No áudio, veiculado em uma rede social, Derrite respondia sobre a transferência do tenente Rafael Telhada das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para o 2º Batalhão do Choque da Polícia Militar (PM). Ele também criticava as ações da polícia para reduzir a letalidade durante ocorrências.

Derrite chegou a ser detido pela Corregedoria da corporação por causa da gravação, de acordo com a reportagem. No entanto, o caso foi arquivado posteriormente pela Justiça Militar.

Além de ser ex-policial militar, Derrite tem forte ligação com a família do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele participou ativamente da campanha pela reeleição do presidente e o acompanhou em diversas agendas. O secretário é formado em direito e integra o quadro de oficiais da reserva da PM.

Fonte: G1

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