Ministério da Saúde envia missão à Terra Yanomami para fazer diagnóstico sobre situação dos indígenas
Objetivo é levantar informações para traçar ações de enfrentamento à crise sanitária. Indígenas sofrem com desassistência e problemas como malária e desnutrição.
Ministério enviou missão para a Terra Indígena Yanomami — Foto: Alejandro Zambrana/Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde enviou na segunda-feira (16) uma equipe multidisciplinar para a Terra Indígena Yanomami, na floresta amazônica, com o objetivo de fazer um diagnóstico sobre a situação da saúde dos indígenas e, a partir daí, traçar as ações para enfrentar a crise sanitária vivida na região.
A missão, que tem a parceria de lideranças indígenas, deve durar cerca de 10 dias.
Localizado nos estados de Roraima e Amazonas, o território é alvo de garimpo ilegal, que acarreta em diversas mazelas para os habitantes – em torno de 30,4 mil.
O mercúrio usado na extração de ouro polui rios e contamina peixes, impactando a principal fonte de água e alimento. Além dos graves danos ambientais, gera problemas neurológicos nas pessoas. Os garimpeiros são ainda responsáveis por constantes ataques armados às comunidades.
Casos de desnutrição e malária são muito comuns na população local, que sofre ainda com a falta de atendimento médico regular. Estudo do Unicef (braço da Organização das Nações Unidas para a infância) e a Fiocruz aponta que oito em cada dez crianças menores de 5 anos têm desnutrição crônica – nas regiões de Auaris e Maturacá – dentro da terra indígena.
Mulher Yanomami com desnutrição sendo pesada. — Foto: Reprodução/Instagram/urihiyanomami
Em entrevista ao g1, o secretário de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, primeiro indígena a ocupar o cargo, já havia dito que a sua prioridade número um seria combater esses males na Terra Yanomami.
Missão
A missão é composta por duas equipes diferentes.
Com oito integrantes, a equipe de campo conta com técnicos do ministério, epidemiologistas, antropólogos e médicos e se deslocará entre os Polos Base de Surucucu e Xitei, onde ficam os postos de saúde que atendem as comunidades do entorno. O acesso a essas regiões é difícil e, em parte, só acontece com ajuda do Ministério da Defesa.
Eles irão coletar informações sobre os atendimentos prestados e insumos disponíveis para mapear as demandas e necessidades de saúde da população.
Outra equipe, com nove pessoas, está na cidade de Boa Vista, onde farão um trabalho mais de gestão, organizando o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), que responde para a Sesai.
Estima-se que cerca de 20 mil garimpeiros estejam infiltrados na Terra Yanomami — Foto: Chico Batata / Greenpeace
A ação é uma parceria entre a Secretaria Executiva, Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Secretaria de Vigilância em Saude (SVS), Secretaria de Atenção Especializada (SAES), além da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério da Defesa, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Roraima, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), lideranças indígenas do Conselho Distrital Yanomami (Condisi) e a Hutukara Associação.
Nos últimos anos, os Yanomami passaram por diversos problemas de acesso aos atendimentos de saúde. Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas.
Além disso, só no ano de 2020, o garimpo ilegal avançou 30% no território.
Fonte: G1