Ato na USP em defesa da democracia tem coro ‘sem anistia’

Movimentos sociais, estudantis e centrais sindicais participaram do evento, que ocorreu no salão nobre da Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco. Padre Julio Lancelotti e Mário Sarrubbo, Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, também estiveram presentes.


Durante o ato manifestantes gritaram "sem anistia".  — Foto: Reprodução/ TV Globo

Durante o ato manifestantes gritaram “sem anistia”. — Foto: Reprodução/ TV Globo

A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) realizou nesta segunda-feira (9) um ato em defesa da democracia após bolsonaristas golpistas e criminosos invadirem e depredarem, no domingo (8), o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, em Brasília.

O ato foi convocado pela reitora da USP e realizado no salão nobre da Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco, no Centro da capital.

Durante todo o ato, as pessoas que estavam presentes no local gritavam “sem anistia”, pedindo para que os responsáveis sejam punidos pela Justiça.

Entre as personalidades que discursaram estão Carlos Gilberto Carlotti Jr, reitor da USP; Patrícia Vanzolini, presidente da OAB-SP; Cláudio da Silva, ouvidor das polícias de SP; e Mário Sarrubbo, Procurador-Geral de Justiça.

Estudantes da USP também falaram, pediram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e protestaram contra o bolsonarismo.

Nesta segunda, chefes dos poderes divulgaram uma nota conjunta em que dizem “rejeitar” os atos terroristas de bolsonaristas radicais e pedem à população a “defesa da paz e da democracia”.

A nota é assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva; pelo presidente do Senado em exercício, Veneziano Vital do Rêgo; pelo presidente da Câmara, Arthur Lira; e pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.

Padre Julio Lancelotti, Juca Kfouri e conselheiro do TCE Roque Citadini e Thiago Lima, procurador-geral de Contas do TCE-SP. — Foto: Bruno Tavares/ TV Globo

Padre Julio Lancelotti, Juca Kfouri e conselheiro do TCE Roque Citadini e Thiago Lima, procurador-geral de Contas do TCE-SP. — Foto: Bruno Tavares/ TV Globo

“Nessa condição, venho aqui para reforçar que a democracia não cai do céu, é resultado do nosso trabalho cotidiano e do nosso comprometimento com os valores que alicerçam respeito à pessoa humana. Foi por isso e somente por isso que marcamos este ato aqui hoje na nossa respeitada Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco”, afirmou Carlos Gilberto Carlotti Jr, reitor da universidade.

“Estamos aqui para defender o estado democrático de direito e expressar o nosso repúdio aos atos de terrorismo que vimos ontem na capital federal do nosso país. A depredação da sede dos três poderes da nossa República só serviu para cobrir a nossa pátria de vergonha.”

“Líderes mundiais logo se mobilizaram para expressar solidariedade ao nosso país e ao nosso novo governo, eleito e empossado em absoluta normalidade e total legitimidade. O mundo se preocupa com a democracia brasileira”, continuou.

“Estamos aqui para exigir, sem meias palavras, que os responsáveis pelos crimes de barbárie que destroçaram a nossa imagem, instalações físicas do poder da nossa República, sejam todos eles, seus financiadores e seus agentes, diretos ou indiretos, investigados, julgados e punidos na forma da lei”, afirmou o reitor da USP.

Mário Sarrubbo, Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, discursou e afirmou que o MP-SP tem compromisso com “a punição dessa organização criminosa e com a mais absoluta defesa da ordem democrática e da nossa democracia”.

“A imensa maioria do povo brasileiro, a imensa maioria dos cidadãos desse país não concordam com o que aconteceu em Brasília ontem e o que vem acontecendo nos últimos anos no nosso país.”

“Como já disse em outras ocasiões no estado de São Paulo, essas são verdadeiras organizações criminosas que estão procurando subverter as ordens democráticas e tentando um golpe de estado na nossa democracia que foi conquistada em vida”, afirmou.

Faixas colocadas no salão nobre da USP. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Faixas colocadas no salão nobre da USP. — Foto: Reprodução/ TV Globo

“Primeiro, é importante que toda a comunidade jurídica fale em uníssono ‘é golpe e é crime; não é liberdade'”, afirmou Patrícia Vanzolini, presidente da OAB-SP.

“Durante muito tempo, eu acho que talvez um tempo longo demais, alguns ficaram com medo de usar essa palavra, achando que ela era forte, mas eu acho que o que nós vimos ontem dá razão aos que sempre temeram que nós passássemos por uma tentativa de golpe, foi o que aconteceu e nós resistimos.”

Claúdio Silva, ouvidor das polícias de São Paulo, afirmou que a ouvidoria sugeriu a Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador do estado, e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, a desmobilização imediata dos acampamentos, antes da decisão do ministro Alexandre de Moraes.

“A ouvidoria de polícia do estado de São Paulo, como uma conquista da sociedade civil, permanecerá alerta para atos antidemocráticos, alerta e dialogando com as forças institucionais do estado de São Paulo em defesa do estado democrático de direito”, afirmou.

Há cerca de 5 meses, acadêmicos, empresários, juristas e artistas se reuniram no mesmo local por um ato em defesa da democracia, quando pediram respeito ao sistema eleitoral.

O evento reuniu milhares dentro e fora da Faculdade de Direito da USP. No salão nobre, ex-ministro José Carlos Dias leu carta ‘Em Defesa da Democracia e da Justiça’, organizada por entidades. Nas arcadas, a cerimônia marcou leitura de manifesto feito por ex-alunos da instituição e terminou com gritos de ‘Fora, Bolsonaro’.

Carta em defesa da democracia foi lida nesta quinta (11) na USP. — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Carta em defesa da democracia foi lida nesta quinta (11) na USP. — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Ataque terrorista

O ataque às sedes dos Três Poderes e à democracia é sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.

O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros, ainda não foi calculado.

Fonte: G1

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