Adolescente e jovem são agredidos por seguranças durante confusão em estação do Metrô em SP; VÍDEO
Caso ocorreu na Estação Belém, na noite de quarta-feira (9). Metrô alega que foram os jovens que agrediram os funcionários ao tentarem passar pela catraca sem bilhetes; imagens das câmeras de segurança da estação e dos uniformes dos agentes vão ser usadas para esclarecer os fatos.
Vídeos mostram jovens sendo agredidos por seguranças do Metrô
Um adolescente de 17 anos e um jovem de 18 anos foram agredidos por seguranças na Estação Belém do Metrô, na noite desta quarta-feira (9), na capital paulista.
O caso foi registrado como resistência, ato infracional de resistência e lesão corporal pelo 8º Distrito Policial, e será investigado.
Em nota, o Metrô alega que foram os jovens que começaram a confusão agredindo os funcionários da segurança ao tentarem passar pela catraca sem pagar bilhetes (veja nota completa abaixo).
Vídeos gravados por passageiros que estavam na estação mostram o adolescente, no chão, sendo imobilizado por seguranças da linha 3-vermelha do Metrô.
Nas imagens, é possível ver que um dos agentes usa um objeto para enforcar o rapaz (assista acima).
Adolescente e jovem são agredidos por segurança durante confusão no metrô de SP — Foto: Reprodução
Depois das agressões, a vítima alega que foi levada para uma sala, dentro da própria Estação Belém. O adolescente ressalta que a confusão começou depois que ele e um amigo tentaram passar na catraca juntos com apenas um bilhete.
“Eu estava vindo do curso, entrei no metrô, eu e um amigo que faz o curso também. Aí fui passar na catraca com ele junto, aí o agente do segurança veio, entrou na minha frente. Aí falei “oxi, tô fazendo o quê? Sai da minha frente”. Aí o segurança veio pular na catraca, não sabendo nem o que estava se passando e falou ‘já algema, já algema’. E eu falei: ‘algema por quê? Não sou nenhum ladrão. Eu sou um ser humano’. Eles não procuraram nem saber o que estava se passando”.
“O segurança veio, me jogou no chão, me bateu, pisou em cima da minha garganta. Aí vieram outros agentes. Depois disso, eles me levaram para salinha, ficaram me batendo mais. Eu até quase desmaiei. Aí eu fui e fiquei lá, sentado. Aí eles vieram, continuaram me batendo mais dentro da sala restrita”.
As marcas das agressões ficaram espalhadas pelos braços, costas e pescoço do adolescente, que faz parte de um projeto que ensina artes plásticas para jovens que cumprem medidas socioeducativas e estão no processo de reinserção social. Ele voltava para casa.
Marcas da agressão no adolescente de 17 anos — Foto: Reprodução/TV Globo
Uma das coordenadoras do projeto foi informada sobre a confusão e foi até a estação. Contudo, acabou detida.
“Nós trabalhamos com projeto de ressocialização social. Esse projeto é para atender adolescentes que, atualmente, cumprem medidas socioeducativas e estão no processo de reinserção social. Hoje, após a aula, na hora em que eu estava saindo do galpão, onde a gente ocupa, comecei a receber vários áudios dos adolescentes pedindo para que eu corresse até o metrô, até a estação Belém, porque alguns dos adolescentes estavam sendo agredidos. Dois adolescentes estavam sendo agredidos. E fui até o metrô. Quando cheguei lá, tinha por volta de 12 seguranças formando uma barreira”, diz Daniela Machado, produtora de arte.
“Quando vi que eles estavam em 12 seguranças levando o menino para a ambulância, entrei na frente da ambulância, bati na frente da ambulância, pedi pra eles não levarem, ou informar para onde eles estavam sendo levados. E nessa hora, eu já estava num desgaste emocional enorme. Foi quando mais ou menos 10 me cercaram, me algemaram e saíram me arrastando para o metrô. Antes deles me arrastarem pelo metrô, algemada. A hora que fui algemada, que já estava imobilizada, um deles jogou spray de pimenta no meu rosto e falou: ‘pode levar antes que eu chute a cara dela’.”
Marcas de agressão no adolescente de 17 anos, em SP — Foto: Reprodução/TV Globo
De acordo com o boletim de ocorrência, a coordenadora admitiu ter se exaltado ao presenciar a detenção do adolescente, e que se colocou à frente da viatura, na qual desferiu socos, para impedir que ela saísse e conduzisse os demais à delegacia.
Depois da confusão, todos foram para delegacia. Tanto os jovens quanto os seguranças foram ouvidos durante a madrugada e, segundo a Polícia Civil, as imagens das câmeras de segurança da estação e dos uniformes dos agentes vão ser usadas para esclarecer os fatos.
Os seguranças do metrô não quiseram comentar sobre o caso. No boletim de ocorrência, os agentes disseram que abordaram o adolescente, que continuava a se portar de modo agressivo, e passaram a usar de força física para contê-lo, momento em que ele mordeu o braço dos agentes e, por isso, foi algemado.
O rapaz que passou a catraca junto com o adolescente falou que, além das agressões, os seguranças também apagaram os vídeos que ele tinha gravado no próprio celular.
“Eu estava me aproximando mesmo assim, porque ele estava falando para eu me afastar. Eu estava me aproximando. Aí foi nessa hora que um deles sacou o spray de pimenta e jogou sobre os meus olhos. Foi aí que eu me afastei. Eu me afastei, limpei o spray de pimenta que estava no meu olho. Aí eles chamaram mais segurança. Aí a gente foi para a salinha. Aí na salinha teve mais agressão. Depois que acabou a agressão, eles pediram o meu celular e falaram pra desbloquear. E eu tinha todo o vídeo gravado. Eu desbloqueei, dei na mão deles e eles apagaram todas as provas”, afirmou Matheus Willian.
Os adolescentes agredidos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal para fazerem exame de corpo de delito.
Em nota, o metrô disse que os funcionários da companhia foram agredidos pelo adolescente, que ultrapassou a linha de bloqueio sem pagamento, e que o outro jovem, que acompanhava o menor de idade, se juntou às agressões.
Também informou que repudia qualquer ato de violência, sendo que todas as ações dos seguranças são avaliadas e que qualquer excesso será punido. E que se coloca à disposição das autoridades policiais.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse, em nota, que apura o caso.
Fonte: G1