Com julho atípico, São Paulo tem inverno com índice de chuvas 38% abaixo da média histórica

O Instituto Nacional de Meteorologia registrou 92,4 mm de chuva acumulada em todo o período, que teve 48 dias seguidos sem precipitação. Inverno acabou nesta quinta.


Vista de São Paulo em dia de sol forte e calor e destaque para a poluição do horizonte na tarde de sábado, 23 de julho — Foto: BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Vista de São Paulo em dia de sol forte e calor e destaque para a poluição do horizonte na tarde de sábado, 23 de julho — Foto: BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

A cidade de São Paulo teve neste ano um inverno mais seco do que de costume, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Foram 92,4 mm de chuva acumulada – um índice 38,4% menor do que média histórica para a estação –, com chuvas significativas (de 1 mm ou mais) em apenas 13 dos 93 dias. A primavera começou nesta quinta-feira (22).

O mês de julho se mostrou atípico na capital paulista, sendo o único com apenas um dia de chuva desde 1933, quando o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) iniciou suas medições no território paulistano. Também foi essa precipitação que quebrou a sequência de 48 dias de seca na cidade.

Do início da estação até a tarde desta quinta-feira (22), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 954 focos de incêndio em todo o estado, o que representa uma queda acentuada de 79,1% em relação ao inverno de 2021, quando esse número foi de 4.565.

Relembre como foi o inverno do último ano – São Paulo tem estação marcada por retorno das geadas, mortes de moradores de rua, queimadas, fuligem e recordes de calor no ano

Veja como foi o inverno mês a mês

Junho – a partir de 21/06

  • Chegada da primeira frente fria do inverno, deixando as temperaturas abaixo de 20ºC;
Pessoas agasalhadas enfrentam manhã de frio intenso na Grande São Paulo, na segunda-feira, 13 de junho — Foto: SAULO DIAS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Pessoas agasalhadas enfrentam manhã de frio intenso na Grande São Paulo, na segunda-feira, 13 de junho — Foto: SAULO DIAS/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

  • Temperatura máxima registrada no mês foi de 28°C, no dia 23, quando também houve a maior amplitude térmica diária (diferença entre a maior e a menor temperatura do mesmo dia) de junho, 15,2°C.
  • A qualidade do ar se manteve entre “boa” e “moderada” na Região Metropolitana de São Paulo, atingindo o índice “ruim” para partículas inaláveis finas (MP2,5) somente em um dia, em duas estações de medição, devido à atuação de massas de ar seco e estável sobre o território paulista, o que dificultou a dispensão das partículas poluentes, provocando a concentração desse material na atmosfera.

Julho

  • Houve apenas dia de chuva significativa (maior ou igual a 1 mm) na capital paulista após 48 dias consecutivos de tempo seco. Ao todo, choveram apenas 9,2 mm de água na cidade em todo o mês, segundo o Inmet, fazendo com que o índice de precipitação acumulada ficasse 81% abaixo do esperado para o período.
Vista da névoa de poluição que encobre a cidade de São Paulo, na quarta-feira, 28 de julho  — Foto: BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Vista da névoa de poluição que encobre a cidade de São Paulo, na quarta-feira, 28 de julho — Foto: BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

  • São Paulo registrou média de temperaturas máximas de 25,5°C, a maior já registrada em julho pelo Inmet desde o início de suas medições, em 1943. O valor é 2,6°C mais quente do que o esperado.
  • As altas temperaturas propiciaram a formação do poluente Ozônio, conhecido como “gás do efeito estufa”, que durante três dias chegou a atingir qualidade “ruim” em diversas estações de medição e “muito ruim” em uma – historicamente as maiores concentrações desse gás ocorrem no verão e na primavera, por conta da maior incidência solar.
 Um incêndio de grandes proporções atinge um edifício comercial na rua Barão de Duprat, na região da 25 de Março, importante polo do comércio popular no centro de São Paulo, na manhã desta segunda-feira, 11 de julho de 2022. Os bombeiros tentam nesta manhã controlar as chamas, que começaram por volta das 21h do domingo, 10. O Corpo de Bombeiros enviou 30 viaturas e aproximadamente 85 homens para atender a ocorrência. Pelo menos dois bombeiros foram socorridos com queimaduras de 2º grau. De acordo com a corporação, o edifício abriga uma galeria comercial de artigos populares e para festa. — Foto: BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Um incêndio de grandes proporções atinge um edifício comercial na rua Barão de Duprat, na região da 25 de Março, importante polo do comércio popular no centro de São Paulo, na manhã desta segunda-feira, 11 de julho de 2022. Os bombeiros tentam nesta manhã controlar as chamas, que começaram por volta das 21h do domingo, 10. O Corpo de Bombeiros enviou 30 viaturas e aproximadamente 85 homens para atender a ocorrência. Pelo menos dois bombeiros foram socorridos com queimaduras de 2º grau. De acordo com a corporação, o edifício abriga uma galeria comercial de artigos populares e para festa. — Foto: BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

  • No dia 11, a mistura do tempo seco com a fuligem de um incêndio que atingiu prédios comerciais na região da Rua 25 de Março causou desconforto em moradores e frequentadores do Centro da cidade, que relataram dificuldade para respirar e ardência nos olhos. A condição foi amenizada pelos ventos, que dissiparam as partículas de poluição.
  • Durante 5 dias, a qualidade do ar na Região Metropolitana de SP chegou a atingir o indicador “ruim” para partículas inaláveis finas (MP2,5) em quatro estações de medição da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de SP) e para partículas inaláveis (MP10) em uma.

Agosto

  • No dia 20, a cidade registrou 8,3°C, a menor temperatura deste inverno. Neste mesmo dia, um morador em situação de rua foi encontrado morto na Zona Sul da capital paulista e a suspeita é de tenha ido a óbito em decorrência de um quadro de hipotermia.
Pedestres enfrentam tarde de frio intenso na região central da cidade de São Paulo, no sábado, 20 de agosto — Foto: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO

Pedestres enfrentam tarde de frio intenso na região central da cidade de São Paulo, no sábado, 20 de agosto — Foto: CRIS FAGA/ESTADÃO CONTEÚDO

  • Devido às baixas temperaturas, a estação Pedro II do Metrô teve que ser reativada como abrigo para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade algumas vezes durante o mês.
  • A média das temperaturas máximas foi de 23,5°C, ficando 1°C abaixo do esperado para junho.
  • Ao todo, choveram 37,2 mm no mês, um desvio positivo de 15,1% do esperado, em relação à média, mas ainda dentro da faixa da normalidade, segundo a avaliação do Inmet.
Tarde de ventania na capital paulista — Foto: Renata Bitar/g1

Tarde de ventania na capital paulista — Foto: Renata Bitar/g1

  • O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura da capital registrou rajadas de vento de 74 km/h na tarde do dia 10. Essa condição resultou em mais de 200 solicitações ao Corpo de Bombeiros relacionadas a quedas de árvore ao longo do dia.
  • A passagem de quatro frentes frias pelo litoral do estado somada à atuação de massas de ar frio favoreceu a dispersão de poluentes, mantendo a qualidade do ar nos índices “boa” e “moderada”. Somente uma estação atingiu a classificação “ruim” para partículas inaláveis durante um dia.

Setembro – até 22/09

  • No dia 9, os termômetros do Inmet registraram 33,2°C, a temperatura mais elevada deste inverno.
Cidade de SP amanhece coberta por fumaça cinza e moradores relatam cheiro de queimado  — Foto: Reprodução/TV Globo

Cidade de SP amanhece coberta por fumaça cinza e moradores relatam cheiro de queimado — Foto: Reprodução/TV Globo

  • Na mesma data, a capital amanheceu com o céu coberto por um nevoeiro cinza e moradores de diferentes regiões da cidade relataram sentir cheiro de queimado. De acordo com o INMET, o avanço de uma frente fria em direção ao Oceano Atlântico transportou a fumaça das queimadas na Amazônia para as regiões Sudeste e Sul do país, com o agravante de que parte desta fumaça foi redirecionada ao continente quando atingiu a costa brasileira, degradando a qualidade do ar em níveis próximos à superfície e atingindo de forma direta a população da cidade de São Paulo.

Equinócio de Primavera

Jardim com flores em São Paulo — Foto: Renata Bitar/g1

Jardim com flores em São Paulo — Foto: Renata Bitar/g1

A primavera começa com a ocorrência de um fenômeno astronômico chamado Equinócio, no qual a Terra se inclina de tal forma que os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz solar, fazendo com que dia e noite tenham praticamente a mesma duração (12h).

Em 2022, o Equinócio de Primavera ocorreu nesta quinta-feira (22), às 22h04, colocando um fim ao inverno e determinando o início da estação que tende a ser marcada por um prolongamento no período diário de luz solar e por maiores amplitudes térmicas diárias, que são as diferenças entre temperaturas máximas e mínimas registradas em um mesmo dia, segundo o prognóstico do INMET.

Com a chegada da nova estação, chuvas tendem a ser mais frequentes, especialmente a partir de outubro, quando tem início o período chuvoso no estado de São Paulo.

Fonte: G1

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