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Reclamações de atraso na entrega de leite da Prefeitura de São Paulo triplicam em um ano

Desde 2017, mais de 59 mil reclamações foram registradas pelo Portal 156. O programa Leve Leite, da prefeitura da capital, atende 320 mil crianças que residem no município.


Mais de 8 mil pessoas reclamaram de atrasos no programa Leve Leite no 1º semestre

O número de reclamações sobre a não entrega do leite do programa Leve Leite explodiu nos últimos anos, segundo dados obtidos pela produção da TV Globo através do Portal 156, da Prefeitura de São Paulo.

Houve um aumento de 208% nas reclamações registradas de janeiro a junho de 2022, comparado ao mesmo período do ano passado. O primeiro semestre deste ano já teve mais reclamações do que o ano inteiro de 2019, totalizando 8.475 (confira mais abaixo).

O programa Leve Leite atende 320 mil crianças matriculadas na rede municipal de educação infantil, de acordo com a Prefeitura. Para aderir ao programa, as famílias devem ter um cadastro atualizado no CadÚnico e assinar um termo de adesão na escola no ato da matrícula. A partir desse momento, a cada quatro meses devem ser entregues latas de leite em pó integral diretamente na creche (para as crianças menores de 1 ano de idade) ou em casa, através dos Correios.

Na prática, a realidade das famílias atendidas pelo programa é outra. As mães com quem a reportagem conversou disseram que a entrega do leite tem atrasado e que, quando abrem uma reclamação no Portal 156, o prazo dado para a resolução é de quatro meses.

Embalagem do leite em pó do programa Leve Leite, da Prefeitura de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

Embalagem do leite em pó do programa Leve Leite, da Prefeitura de São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

É o caso de Cibele Gomes, que aguarda a entrega do leite da filha caçula desde março deste ano: “Eu fiz o NIS, a minha filha tem 10 meses agora e não recebeu nenhuma lata. Você liga no 156 para fazer a reclamação e eles pedem quatro meses para dar a resposta. Aí nesse tempo o bebê já faz mais de um ano e troca a fórmula”, conta.

O caso dela não é isolado. Graciele Souza, moradora do Grajaú, tem filhos gêmeos cadastrados no programa Leve Leite. O problema é que, apesar de os irmãos morarem no mesmo endereço, apenas um deles recebe o leite da prefeitura. “Chega o [leite] de um e o outro, o Correio coloca que não encontrou o endereço. Eu ligo no 156 e quem me atende fala que vai passar para outro e nunca resolveram. Já faz mais de 7 meses que não recebo o leite”, explica.

Aumento expressivo

Segundo os dados disponibilizados pelo Portal 156, entre janeiro e junho de 2022 foram registradas 8.475 reclamações sobre a não entrega do leite. Esse número é 208% maior do que o mesmo período do ano passado, quando 2.270 reclamações foram feitas. Se compararmos com o cenário anterior à pandemia, em 2019, o aumento em relação ao ano atual é de 144,8%. Veja abaixo:

Reclamações de não entrega do leite

ANOJAN – JUNTOTAL
20172.4254.966
20181.5286.273
20193.4627.684
20206.75219.506
20212.75012.950
20228.4758.475
TOTAL59.854

Fonte: Portal 156

Questionada pela reportagem, a prefeitura da capital afirmou que respondeu a maioria das reclamações sobre o tema que constam no Portal 156 e que ainda irá reponder as 400 restantes, dentro do prazo estipulado.

Sobre o caso de Cibele, a gestão municipal disse que entregou os leites correspondentes ao primeiro e ao segundo ciclos do programa “Leve Leite” deste ano e que ela irá receber o produto novamente no início de setembro. Já sobre Graciele, a Prefeitura afirmou que o endereço cadastrado estava desatualizado, mas que a questão já foi resolvida e a entrega será realizada também no início do próximo mês.

A reportagem também questionou os Correios sobre o modelo de entrega dos leites, mas não obteve um retorno até a publicação desta matéria.

Fonte: G1

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