Canindé e Pari: conheça região de São Paulo em que variedade de povos, línguas e culturas se encontram

Programa Mistura Paulista deste sábado (4) também visitou o bairro do Grajaú, na Zona Sul da capital.


Denise Thomaz circula pela Feira Kantuta, no Pari, que reúne música, dança, gastronomia e artesanato bolivianos  — Foto: Reprodução/TV Globo

Denise Thomaz circula pela Feira Kantuta, no Pari, que reúne música, dança, gastronomia e artesanato bolivianos — Foto: Reprodução/TV Globo

Caminhar pelo Canindé, na Zona Norte da capital paulista, e pelo vizinho Pari, no Centro, é como estar por alguns instantes fora do Brasil. Isso porque é possível encontrar pessoas de várias nacionalidades e ouvir pelas ruas conversas em árabe, espanhol, chinês e outros idiomas.

O grande fluxo comercial nessa localidade fez com que esses bairros se tornassem, há muito tempo, uma espécie de porta de entrada para imigrantes que chegam ao país. Neste sábado (4), no terceiro episódio desta temporada do Mistura Paulista, o programa mostra o que torna o Pari e o Canindé bairros tão plurais. Esta edição também visitou o Grajaú, na Zona Sul.

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Forte desde o início do século passado no Canindé, a comunidade portuguesa é bastante importante para o bairro – a partir dela foi criada a Associação Portuguesa de Esportes, que deu origem ao time da Portuguesa. E foi graças a esse time que várias transformações ocorreram na localidade, com a construção do estádio doutor Oswaldo Teixeira Durante, mais conhecido como “estádio do Canindé”.

Ponto de referência até os dias atuais, o estádio foi erguido numa área que mais parecia uma lagoa, já que era cercado por água. Com o tempo, as áreas ao redor também foram aterradas e deram espaço para novas construções e o desenvolvimento do bairro.

No fim da década de 1960, a venda de um jogador ao Corinthians permitiu uma grande reforma no espaço, que incluiu a troca da antiga arquibancada de madeira por uma de concreto. O jogador em questão era Ivair Ferreira, que fez sucesso em campo e foi apelidado de príncipe do futebol pelo rei Pelé. Ivair chegou a morar num alojamento embaixo da arquibancada de madeira no Canindé, quando ainda jogava pela Portuguesa.

Ivair Ferreira, ex-jogador da Portuguesa, conversa com Denise Thomaz no estádio do Canindé — Foto: Reprodução/TV Globo

Ivair Ferreira, ex-jogador da Portuguesa, conversa com Denise Thomaz no estádio do Canindé — Foto: Reprodução/TV Globo

Mas não é só o futebol que tem história e sucesso no estádio do Canindé. Dentro do complexo, funciona o restaurante da dona Tereza, muito conhecido pela venda de quitutes originalmente portugueses, em especial os bolinhos de bacalhau. Em dias de jogos e aos fins de semana, o movimento é intenso no local.

Falando em gastronomia, um restaurante de raízes armênias é outro que há várias décadas vem conquistando a clientela do Pari. O fundador, Carlinhos Yaroussalian, morto em 2013, deixou o legado para os filhos, Fábio e Fernando, assim como uma receita única que ele criou e foi até patenteada pela família: o arais.

O prato, feito à base de pão árabe e carne de kafta, surgiu por acaso, num dia em que Carlinhos teve vontade de comer uma esfirra e não tinha nenhuma pronta. Para agilizar, ele resolveu colocar o recheio da esfirra num pão sírio e levar tudo para a chapa. O resultado foi melhor do que o esperado, e ele decidiu compartilhar o feito com os clientes.

O sucesso foi tanto que não demorou para o arais entrar no cardápio. Hoje, este prato é o carro chefe do estabelecimento e tem várias opções de recheio, criados pelo sucessor de Carlinhos na cozinha, o filho Fábio.

Também no Pari é possível encontrar um pedacinho da Bolívia todos os domingos, que é a proposta da Feira Kantuta — que reúne num só lugar música, dança, gastronomia e artesanato bolivianos.

As barracas são comandadas por imigrantes e há muita opção de comidas típicas, muitas das quais preparadas na hora. Toda a divulgação na feira e os cardápios estão em espanhol. Além da música-ambiente de artistas latinos, é comum uma dança típica feita pela comunidade semanalmente, que também realiza os ensaios no mesmo espaço. Bolsas, roupas e artesanatos também são comercializados em várias barracas.

Assim como portugueses, armênios, bolivianos, pessoas de outras nacionalidades já se estabeleceram no bairro e trazem essa mistura de culturas. Muitos outros imigrantes, principalmente refugiados, continuam chegando a essa região. O Canindé tem, inclusive, uma série de abrigos destinados a dar o suporte inicial a quem chega ao Brasil.

Os desafios, no entanto, começam logo na chegada. Num país em que apenas uma pequena parcela da população brasileira fala um segundo idioma, como o inglês, é quase impossível conseguir trabalhar e se estabelecer sem domínio da língua portuguesa. Este desafio também inclui as crianças, filhas de imigrantes, quando são matriculadas nas escolas.

Na EMEF Infante Dom Henrique, em que pelo menos a metade dos alunos é de outras nacionalidades, essa preocupação sempre foi presente, mas em 2015, com a chegada de uma família que falava apenas o árabe, foi preciso adotar uma medida mais efetiva, com a criação de classes específicas para ensinar português a estrangeiros.

A ideia inicial era um reforço para alunos da própria escola, mas ao perceber a grande demanda e necessidade da comunidade ao redor, a direção da escola ampliou a iniciativa, que hoje atende estrangeiros em geral, sejam pais de alunos ou não.

Aqueles que desejam continuar os estudos ainda podem cursar o EJA (Educação de Jovens e Adultos). O grupo conta com apoio de voluntários para manter pelo menos duas classes em funcionamento: uma para quem fala línguas latinas ou estão mais familiarizados com o português, e outra para quem fala outros idiomas. As aulas acontecem às terças e quintas.

Resumindo

  • Estádio do Canindé
  • Restaurante Cais do Porto Taverna
  • Carlinhos Restaurante
  • EMEF Infante Dom Henrique
  • Feira Kantuta

Serviço

Estádio Canindé

Cais de Porto Taverna

  • Endereço: R. Comendador Nestor Pereira, 33 – Canindé, São Paulo – SP, 03034-070
  • Funcionamento: De segunda-feira a domingo, das 11h às 19h
  • Telefone: (11) 3228-2627

EMEF Infante Dom Henrique

Carlinhos Restaurante

  • Endereço: R. Barão de Ladário, 566 – Brás, São Paulo – SP, 03010-050
  • Funcionamento: De segunda a sábado, das 11h30 às 15h30. Aos sábados e feriados, das 11h30 às 16h30

Feira Kantuta

  • Endereço: Praça Kantuta, 924 – Canindé, São Paulo – SP, 03034-000
  • Funcionamento: Domingos, a partir das 11h

Fonte: G1

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