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Reclamações de barulho aumentam nos primeiros meses de 2022 em São Paulo

As queixas na ouvidoria do município passaram de 325, de janeiro a março de 2021, para 594, no mesmo período de 2022. Em parte, a alta de 83% veio com a flexibilização das medidas restritivas da pandemia.


Reclamações de barulho aumentam nos primeiros meses de 2022 em São Paulo

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Reclamações de barulho aumentam nos primeiros meses de 2022 em São Paulo

A maior cidade do Brasil viu as reclamações de barulho aumentarem nos primeiros meses de 2022.

A maioria dos prédios já estava construído quando o viaduto trouxe o barulho dos veículos para dentro de casa. Mas na maior parte do tempo, o que se vê por lá é um ruído fora do tom, especialmente para um endereço.

É em uma sala ampla e com luz natural que o luthier André Luiz do Amaral Ferreira se concentra para fabricar violinos, violoncelos, violas. Já faz tempo que a música clássica faz parte da vida dele. Mas há mais ou menos dois anos ele montou um ateliê e adicionou novos sons ao repertório do cotidiano.

Ele trabalha de frente para o elevado João Goulart, o Minhocão. E lá a sinfonia tem outro nome: poluição sonora.

“Eu acabei me adaptando, mas quando começa a ficar um pouco complicado em relação à sonoridade eu coloco um fone de ouvido, escuto uma música clássica mais relaxante e aí dá para conseguir conciliar”, diz André.

O André precisa trabalhar com as janelas fechadas: “Com a janela aberta fica impossível, principalmente quando tem algum violonista aí, que está tocando um instrumento, está experimentando um instrumento”, conta.

A cidade de São Paulo vem sofrendo cada vez mais com o barulho. E, claro, reclamando mais também. As queixas na ouvidoria do município passaram de 325, de janeiro a março de 2021, para 594, no mesmo período de 2022. Em parte, a alta de 83% veio com a flexibilização das medidas restritivas da pandemia. A prefeitura disse que só nos três primeiros meses desse ano autuou 236 estabelecimentos.

A personal trainer Clóe Celentano escolheu um apartamento na Zona Leste por causa da tranquilidade. Mas o sossego acabou com a chegada de uma arena de esportes no terreno ao lado, com restaurante e shows. Eles geralmente vão até as 22h, mas o barulho para desmontar a estrutura avança até o início da madrugada.

“Não precisamos viver numa bolha, estamos em São Paulo. Mas de quinta-feira a domingo ficar ouvindo música o dia inteiro sem você querer não é agradável”, afirma Clóe Celentano.

E isso pode afetar a saúde, explica o otorrino Ítalo Medeiros, da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.

“Desde prejuízos como uma certa intolerância, irritabilidade, questões emocionais, distúrbios do sono associado a essas questões e até perdas auditivas”, explica o otorrino Ítalo Medeiros.

Os vizinhos da cozinha industrial se juntaram e conseguiram que os donos do estabelecimento reduzissem a intensidade do barulho. E a assessora de comunicação Mariana Paker foi além: reforçou o isolamento da casa dela com uma estrutura de vidro.

“Quando eles começaram, o barulho era muito pior, era tipo uma turbina de avião. Hoje, o barulho é equivalente, a gente explica que ele é equivalente a um secador de cabelo profissional na nossa cabeça”, conta Mariana Paker.

Moradores de um prédio recorreram ao Ministério Público para obrigar a direção do estádio do Palmeiras a instalar janelas antirruídos. Agora, os shows não incomodam mais.

A responsável pela cozinha industrial disse que cumpre todas as regulações aplicáveis e que mantém uma equipe para manutenção. A arena na Zona Leste declarou que a maior parte dos shows musicais é realizado nos fins de semana e não passa das 22h; disse ainda que mantém o diálogo com os vizinhos.

Fonte: G1

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