Com Cracolândia espalhada pelo Centro, cidade de SP terá Virada Cultural menor e descentralizada
Intitulado ‘Virada do Pertencimento’, o evento, que acontece neste sábado (28) e domingo (29), promete ser mais democrático, ao levar grandes atrações para regiões periféricas da cidade.
Gloria Groove, Kevinho, Rincon Sapiência e Jorge Aragão estão entre as atrações da Virada Cultural deste ano. — Foto: Montagem/Divulgação
Depois de dois anos de hiato por causa da pandemia, a Virada Cultural deste ano será descentralizada, com grande parte dos shows mais aguardados fora do Centro da cidade, local que tradicionalmente recebia os principais palcos, mas que agora enfrenta o aumento de roubos com a dispersão da Cracolândia.
Intitulado Virada do Pertencimento, o evento, que acontece neste sábado (28) e domingo (29), promete ser mais democrático, ao levar grandes atrações para regiões periféricas de São Paulo.
Outra mudança é que a programação será mais enxuta: serão 300 apresentações em 96 endereços (cinco palcos, 63 equipamentos culturais municipais, 8 teatros e 11 bibliotecas). A expectativa é que as atrações reúnam 2 milhões de pessoas.
Em 2019, foram 1.200 apresentações em mais de 250 pontos de São Paulo, e o público estimado foi de 5 milhões de pessoas.
Tradicionalmente, a Virada tinha programação em centros culturais e palcos menores fora da região central, e os principais shows ficavam em vários pontos do Centro, como República, Santa Cecília, Vale do Anhagabaú, Sé, e era possível percorrer diversos palcos a pé. Neste ano, no entanto, na região central o evento ficará concentrado apenas próximo ao Vale do Anhangabaú.
Entre as principais atrações deste ano estão Ludmilla, Criolo, Kevinho, Maestro João Carlos Martins, Barões da Pisadinha e Luísa Sonza.
Rua no Centro de SP após nova operação policial contra o tráfico de drogas na região da nova Cracolândia, nesta quinta (19) — Foto: Bruno Rocha/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Fortalecimento da periferia
Segundo a prefeitura, esta edição foi pensada para fortalecer a periferia e os equipamentos públicos da capital, visando levar as principais atrações para a população que reside mais distante do Centro.
No entanto, os números de violência na cidade aumentaram consideravelmente no primeiro trimestre e, além disso, a Cracolândia se espalhou por diversos pontos do centro histórico, após seguidas operações da Polícia Civil, que argumenta que, com a dispersão, é mais fácil prender traficantes e convencer os usuários a se tratar. Já os moradores da região reclamam do aumento da sensação de insegurança, com comércios depredados e roubos.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os furtos aumentaram em 36,7% na capital, se comparado a 2021, chegando a 53.200 casos, o que representa 24 crimes deste tipo a cada hora na cidade. Em 2020, foram 58.331 casos, e em 2019, 60.431.
Os números de latrocínios, que é o roubo seguido de morte, também vêm subindo em São Paulo. Em 2020, foram 46 registros: na média, 11,5 a cada trimestre. Em 2021, 53: média de pouco mais de 13. Entre janeiro e março deste ano, já foram 17.
Na Santa Cecília, bairro central, os roubos cresceram 137% no mês de abril em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com abril de 2019, antes da pandemia, o aumento foi de 24,5%.
Segurança reforçada
A Polícia Militar vai reforçar a segurança da cidade durante a Virada, por meio de ações integradas com as equipes da CET, de socorristas e brigadistas, da GCM, dos organizadores do evento e da prefeitura, segundo a corporação.
A PM não informou, no entanto, quantos agentes estão sendo escalados para garantir a segurança do público do evento.
Em 2019, foram mais de 5 mil oficiais tanto no sábado quanto no domingo. Além de três postos policiais centrais, no Vale do Anhangabaú, na Praça Roosevelt e na sede do Copom, no Bom Retiro.
Neste ano, a PM disse apenas que “desenvolveu um detalhado planejamento junto às unidades subordinadas que receberão os palcos e as atividades atinentes ao evento para garantir a segurança dos participantes”.
Como esta edição é descentralizada, “para todos os shows foram dimensionados policiamento, considerando as características e peculiaridades de cada uma das apresentações e regiões”, segue a nota.
Ainda segundo a Secretaria da Segurança, além das ações do policiamento a pé e motorizada, o evento contará com Bases de Policiamento Comunitário, instalações físicas, emprego do efetivo da Operação Sufoco nos pontos com maior concentração de público, além do apoio do Comando de Trânsito, Comando de Policiamento de Choque e Comando de Aviação.
“As câmeras de videomonitoramento da Polícia Militar terão suas lentes voltadas para a identificação de condutas suspeitas, anti-sociais e criminosas, além dos policiais estarem durante todo evento portando as Câmeras Operacional Portáteis”, finaliza a nota.
Já a prefeitura informou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) atuará no policiamento preventivo com um efetivo de 540 agentes e 176 viaturas no serviço operacional, além de 15 viaturas da Inspetoria de Operações Especiais (IOPE).
Serviço
Com um pouco mais de 24 horas de duração, a Virada Cultural 2022 inicia às 17h do sábado (28), com abertura oficial no Palco Freguesia do Ó, com apresentação do maestro João Martins com a bateria da Vai-Vai, e termina com as últimas atrações por volta das 21h no domingo (29).
Como atrações principais, a edição deste ano conta com diversos artistas conhecidos nacionalmente, que se apresentam pelos palcos instalados em diversos pontos da cidade.
Na região central, o evento conta com a presença de Vitor Kley, Margareth Menezes, Kevinho, Luísa Sonza e Planet Hemp.
Na Zona Leste, o evento recebe Glória Groove, Pocah, Djonga, Barões da Pisadinha, Mc Hariel e Karol Conká.
Na Zona Sul, se apresentam Zeca Baleiro, Xande de Pilares, Mumuzinho, Mc Don Juan, Yasmin Santos e Bicho de Pé.
Na Zona Norte, as atrações são Kevin O Chris, Jorge de Aragão, Sidney Magal, Péricles, Rincon Sapiência, Diogo Nogueira e Ludmilla.
Na Zona Oeste, sobem ao palco Chico César + Geraldo Azevedo, Arnaldo Antunes, Pitty e Plutão Já Foi Planeta.
Fonte: G1