Moradores da Zona Norte de SP pedem urgência da Prefeitura para que Hospital da Brasilândia deixe de ser exclusivo para Covid

Unidade foi inaugurada em 2020. Com queda nas internações por Covid, comunidade reclama de superlotação de AMAs e UBSs por outras especialidades. Vereador Delegado Palumbo (MDB) entrou com ação na Justiça para que unidade seja aberta como hospital geral liminarmente.


O Hospital Municipal da Brasilândia, na Zona Norte de SP, que trata exclusivamente de pacientes com Covid-19 — Foto: Divulgação/PMSP

O Hospital Municipal da Brasilândia, na Zona Norte de SP, que trata exclusivamente de pacientes com Covid-19 — Foto: Divulgação/PMSP

Moradores da comunidade da Brasilândia, na Zona Norte da capital paulista, têm pedido que a Prefeitura de São Paulo converta urgentemente o hospital da região destinado apenas aos pacientes de Covid-19 para atendimento geral da população.

Desde quando foi inaugurado pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB), em maio de 2020, o hospital tem funcionado exclusivamente para o tratamento de pacientes com coronavírus.

Porém, com a queda dos casos da doença e o aumento da vacinação na população paulistana, os líderes comunitários da região afirmam que “já passou da hora de a Secretaria da Saúde abrir as portas do hospital para o tratamento de outras doenças”, como afirmou a coordenadora da Associação de Moradores do Alto Brasilândia (AMAVB), Cida Honório.

“O nosso território tem enfrentado falta de médicos em várias UBSs e AMAs, além de superlotação no principal Pronto Socorro da região, que é o Pronto Socorro Municipal 21 de Junho. A situação vai se agravar ainda mais porque esse hospital deve fechar as portas para uma reforma estrutural urgente e deve voltar como UPA ou AMA integrada. Isso vai piorar muito a situação do atendimento na região”, disse Cida.

“As pessoas aqui não entendem como é que um elefante branco daquele tamanho está pronto há dois anos e nenhum andar é usado para o socorro dos doentes que estão na fila do atendimento por horas, enfrentando até a falta de médicos”, completou.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirmou que, atualmente, a unidade conta com 205 leitos para o tratamento da Covid-19, sendo 90 de enfermaria e 115 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e que a taxa de ocupação da unidade é de 53% para enfermaria e 50% para UTI.

A pasta ressalta que já tem um chamamento público em andamento para a abertura do pronto-socorro do Hospital da Brasilândia para atendimento geral e não apenas referenciado para Covid-19, mas não disse quando esse processo será finalizado (veja mais abaixo).

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Prefeito Bruno Covas inaugura ala de hospital em Brasilândia
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Prefeito Bruno Covas inaugura ala de hospital em Brasilândia

UBSs e AMAs lotadas

A educadora Joana Darc Rosalvo faz parte do conselho gestor da UBS Vila Terezinha, também na Brasilândia. Ela conta que há mais de três meses a equipe de cinco clínicos-gerais da unidade foi reduzida para apenas três profissionais.

“Há uma rotatividade de médicos nessa região que é muito séria. Os profissionais deixam o posto, mas não são repostos. A UBS passa meses sem novos profissionais, agravando o problema no atendimento. Acontece aqui e na UBS Jardim Guarani também, no mesmo território”, contou.

“O Hospital da Brasilândia é uma promessa antiga de várias gestões. A ideia sempre foi que ele fosse um hospital geral portas abertas. Lamentável que uma conquista de anos ainda enfrente esse tipo de demora para iniciar os atendimentos gerais”, comenta Joana Darc.

Pacientes em pé aguardam atendimento na AMA/UBS Integrada da Vila Palmeiras, na Zona Norte de São Paulo, nesta terça-feira (24). — Foto: Acervo pessoal

Pacientes em pé aguardam atendimento na AMA/UBS Integrada da Vila Palmeiras, na Zona Norte de São Paulo, nesta terça-feira (24). — Foto: Acervo pessoal

Ação na Justiça

O vereador Delegado Palumbo, do MDB – mesmo partido do prefeito Ricardo Nunes – protocolou uma representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pedindo que sejam investigados os motivos da demora em iniciar o atendimento geral da unidade da Brasilândia.

O parlamentar também disse que protocolou uma ação popular na Justiça de São Paulo pedido uma liminar para abertura do hospital para atendimento de todos os casos, não apenas de Covid-19.

O vereador de São Paulo Delegado Palumbo (MDB) — Foto: Reprodução/Instagram

O vereador de São Paulo Delegado Palumbo (MDB) — Foto: Reprodução/Instagram

“Não é aceitável que um hospital deste tamanho permaneça fechado até agora, sobrecarregando todo o sistema de saúde do distrito, a AMA da Vila Palmeira, o Freguesia do Ó e o Hospital de Taipas. Isso é um absurdo. Todo mundo que anda na Zona Norte ouve reclamação que as UBSs estão sobrecarregadas, enquanto o hospital está vazio”, disse Palumbo.

“A prefeitura tem bilhões de reais em caixa atualmente. Não podemos aceitar que esse hospital gigantesco permaneça fechado e não atendendo as pessoas humildes daquela região. Por isso entramos com ação judicial, oficiamos o Ministério Público e a própria Secretaria da Saúde”, comentou o vereador do MDB.

As obras de construção do Hospital da Brasilândia teve investimento de R$ 275 milhões pela prefeitura e começaram em 2015, ainda na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Na época que foi inaugurado, a promessa da gestão Covas/Nunes era que o Hospital da Brasilândia funcionaria como um hospital geral e maternidade, com 305 leitos, beneficiando cerca de 2,2 milhões de pessoas que moram na região.

Fachada do Pronto Socorro da Freguesia do Ó, que sofre com superlotação na Zona Norte de São Paulo. — Foto: Acervo Pessoal

Fachada do Pronto Socorro da Freguesia do Ó, que sofre com superlotação na Zona Norte de São Paulo. — Foto: Acervo Pessoal

O que disse a Prefeitura de São Paulo

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) admitiu por meio de nota os problemas de falta de médicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da Vila Terezinha e Jardim Guarani, conforme a reclamação de lideranças comunitárias do bairro, e disse que as duas unidades “estão realizando contratações para a ampliação das equipes”.

“Os atendimentos estão sendo realizados normalmente nas duas unidades”, disse a nota da pasta.

Sobre o Pronto-Socorro Municipal 21 de Junho, a secretaria também confirmou que a unidade passará por reforma, mas será mantido em pleno funcionamento o atendimento à população da área durante as obras.

“O início das obras está previsto para o segundo semestre de 2022. A unidade está operando com o quadro de profissionais da saúde completo, realizando o acolhimento dos munícipes que procuram atendimento no equipamento. A SMS informa que após a reforma, a unidade passará a ser uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, declarou.

Questionada, a Prefeitura de SP não se pronunciou sobre as ações movidas pelo vereador Palumbo (MDB), do mesmo partido do prefeito Ricardo Nunes.

Pedido de investigação do MP para o Hospital da Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. — Foto: Reprodução

Pedido de investigação do MP para o Hospital da Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. — Foto: Reprodução

Referência da Covid

No auge da segunda onda da Covid-19, o Hospital da Brasilândia chegou a ser o principal centro de referência de tratamento da Covid-19 na rede municipal da Zona Norte de São Paulo.

Em 27 de janeiro, a unidade havia atingido 96% de ocupação de UTIs com pacientes internados por causa da doença. Atualmente, a taxa de ocupação da unidade é de 53% para enfermaria e 50% para UTI, segundo a gestão Nunes.

O cenário na cidade também mudou: o último relatório da prefeitura mostra que o índice de UTIs ocupadas em toda a cidade caiu para 37% nesta terça-feira (24), enquanto a lotação das enfermarias exclusivas para a doença atingiu 33%.

No total, toda a cidade de São Paulo tinha 133 pacientes internados nos hospitais municipais por causa da doença, sendo 65 em leitos de UTI e 68 em enfermarias, segundo o relatório diário da Secretaria Municipal da Saúde.

Números da Covid-19 na cidade de São Paulo neste terça-feira (24).  — Foto: Reprodução/Prefeitura de SP

Números da Covid-19 na cidade de São Paulo neste terça-feira (24). — Foto: Reprodução/Prefeitura de SP

Fonte: G1

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