Conhece o Belito? Técnico do Palmeiras não parava em casa e tinha fama de rebelde em Penafiel

Reportagem do ge vai à terra natal de Abel, onde amigos e familiares contam como foi sua infância


Conheça Penafiel, a cidade de Abel Ferreirahttps://02dca177813b7acf0e8baab2e80f312c.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Multicampeão pelo Palmeiras, Abel Ferreira convive com uma fama cada vez maior no Brasil, mas aqueles que o conhecem desde a infância em Portugal veem no comandante do Verdão ainda hoje muito do Belito, como ele era chamado nos primeiros anos de vida em Penafiel.

A cidade ao norte de Portugal ainda carrega grande parte da história do treinador. Na rua 33, onde começou a jogar futebol com amigos, o espaço em que montavam o campinho foi ocupado pela casa onde moram hoje seus tios. Os pais também moram na região, que o ge visitou (veja acima o vídeo contando a vida de Abel em Penafiel).

Caderno com Abel Ferreira nos tempos de FC Penafiel — Foto: Arquivo pessoal

Caderno com Abel Ferreira nos tempos de FC Penafiel — Foto: Arquivo pessoal

Amigos e familiares que cresceram com o hoje treinador o definem como uma criança “rebelde”, no sentido de estar sempre na rua, inventando brincadeiras, mas principalmente jogando futebol, nem que precisasse improvisar uma bola com papéis ou pequenas pedras. Em uma cidade pacata a cerca de 40 km do Porto, ver o pequeno Abel em casa era fato raro.

— Era uma criança alegre e rebelde, tipicamente portuguesa, que vivia brincando com amigos na rua de casa, fazendo “traquinices”, jogando bola, às vezes batia nos vidros dos vizinhos e partia ou estragava os carros. O Abel e nós da rua passávamos o dia todo a brincar — relembrou Miguel Tika, ainda hoje um dos melhores amigos do técnico.

— O Abel era muito rebelde, gostava de se divertir, como os outros. Não sei se hoje há mais maldade, mas aquela época era tudo muito puro e ele queria era jogar e brincar. Nunca foi uma criança de ficar muito tempo sentada vendo TV em casa, queria sempre atividade, estar na rua — acrescentou Arlindo Gomes, seu primo.

Abel durante sua infância no FC Penafiel; ele é o quinto agachado, da esquerda para a direita — Foto: Arquivo Pessoal

Abel durante sua infância no FC Penafiel; ele é o quinto agachado, da esquerda para a direita — Foto: Arquivo Pessoal

Foi durante a infância de Abel que começou a se criar o grupo dos cinco amigos que mantêm contato até hoje: Tika, Carlos Manuel (o Nelinho) e Miguel da 33 eram moradores da mesma rua e logo se aproximaram. André Arrifana, seu colega na escola, juntou-se a eles. A turma agora se fala principalmente por trocas de mensagens.

— Todos jogávamos bola, e ele jogava futebol. A gente não pensava em mais nada, e o Abel desde pequeno era diferente. Não era só para se divertir, ele queria ser jogador de futebol, notava-se. E tinha cuidados que pessoas da idade dele não tinham. Mesmo que não fosse um craque, compensava porque se preparava muito bem — contou André Arrifana.

Nelinho, André, Abel Ferreira, Miguel Tika e Miguel 33 com camisas do Palmeiras — Foto: Acervo Pessoal

Nelinho, André, Abel Ferreira, Miguel Tika e Miguel 33 com camisas do Palmeiras — Foto: Acervo Pessoal

Das brincadeiras na rua de infância, Abel e seus amigos foram mudando os programas em Penafiel a partir de mais idade. Começaram com reuniões no restaurante Arrifana, da família de André, até os passeios no Renault 5, carro do Miguel 33 e que se transformou no nome do grupo dos amigos no WhatsApp.

O automobilismo é uma das paixões de Abel e também compartilhada por eles, que se juntavam para assistir a corridas de Fórmula 1 — o técnico é um grande fã de Ayrton Senna — e depois para dar voltas em pistas na região com o kart adquirido pelo então lateral-direito.

Presente que os amigos de Abel Ferreira entregaram a ele em Penafiel — Foto: Acervo Pessoal

Presente que os amigos de Abel Ferreira entregaram a ele em Penafiel — Foto: Acervo Pessoal

A partir do momento em que deu sequência à carreira de jogador fora de Penafiel, Abel passou a visitar a cidade com menos frequência, mas sua casa continua na região. É nela que moram Ana Xavier e suas duas filhas, que no segundo semestre vão se mudar para o Brasil.

A relação com a família é outra parte importante do Abel fora do trabalho. Muito discreto, o técnico não gosta de conviver com os holofotes da sua carreira e dá muito valor à privacidade daqueles que o cercam.

— Conheço o Abel desde a escola, e é a mesma pessoa de hoje. Está onde está devido ao que trabalhou e continua a trabalhar. Fora dele, continua sendo humilde, amigo do amigo. Apesar de longe, está sempre perto e não esquece as raízes nem os amigos que deixou na terra. A fama para ele não sobe na cabeça — opinou André Arrifana.

Quando pode, apesar do trabalho e do fuso horário de quatro horas de diferença, Abel troca mensagens com a turma em Penafiel para matar saudades. A rotina do futebol brasileiro, a pressão e distância da família fizeram com que os amigos o sentissem para baixo em alguns momentos no ano passado.

Nos momentos mais complicados, o grupo enviou mensagens, mesmo sabendo que Abel prefere ficar mais quieto em situações assim. Em compensação, na festa do último Paulista, entre o fim da goleada sobre o São Paulo e a ida até a entrevista coletiva, o treinador fez questão de mandar um áudio brincando com o português do Brasil e chamando os amigos de “galera” (como faz com os jogadores) para agradecer ao apoio.

— Ele sentiu dificuldades no início, pela pressão, a mídia, os clubes brasileiros que mandam embora (técnicos) facilmente, o torcedor não entendia quando o clube não vencia sempre. Eu sempre achei que ele não ia aguentar muito tempo pela distância, porque sei o quanto é apegado à família, o quanto gosta da esposa, eles namoram desde a escola. E também gosta muito das filhas, que são muito ligadas a ele — afirmou Miguel Tika.

Montagem que os amigos de Abel Ferreira fizeram para o treinador do Palmeiras — Foto: Acervo Pessoal

Montagem que os amigos de Abel Ferreira fizeram para o treinador do Palmeiras — Foto: Acervo Pessoal

A maioria das pessoas ligadas a Abel que o ge ouviu nos últimos dias mostrou surpresa com a renovação do seu contrato com o Verdão até 2024. Mais ainda o fato de ter conseguido fazer sua família se mudar para São Paulo e acompanhá-lo.

Aos amigos, restará tentar uma viagem para visitar o ilustre penafidelense onde se tornou um dos grandes da história do Palmeiras.

— Gostaria de vê-lo treinando em Portugal ou em outro clube na Europa? Claro que queria. Mas neste momento fico muito satisfeito por estar no Palmeiras e quero que ele fique por muito tempo, porque é prova do seu sucesso, e o Palmeiras é um grande clube a nível mundial. Já está no topo, e o importante é ganhar raízes — concluiu Tika.

Fonte: Ge

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