Novo delegado-geral da Polícia Civil de SP atuou no sequestro de Silvio Santos, no caso de racismo contra Grafite e tem perfil midiático
Osvaldo Nico Gonçalves ingressou na Polícia Civil em 1979 como investigador. Antes de assumir o cargo de delegado-geral no lugar de Ruy Ferraz Fontes, ele foi responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) e pelo GARRA. Ele diz que desafio é combater os crimes cometidos por motociclistas em SP e quadrilhas de golpes via PIX.
O delegado Nico dá voz de prisão ao jogador argentino Leandro Desábato, em 2005, no estádio do Morumbi, em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo
Indicado pelo governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), como novo delegado-geral da Polícia Civil do Estado, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, o doutor Nico, como é chamado pela corporação, é um dos rostos mais conhecidos da polícia paulista.
De perfil bastante midiático, com inúmeras entrevistas em programas de televisão, ele já atuou em grandes casos de São Paulo, como o sequestro da filha e do apresentador Silvio Santos (2001), o caso de racismo envolvendo o jogador de futebol Grafite (2005) ou a prisão do ex-assessor da família Bolsononaro, Fabrício Queiroz (2020).
No caso mais famoso tocado por ele em 2005, Nico entrou em campo ao final da partida entre São Paulo e Quilmes, pela Copa Libertadores da América, e deu voz de prisão ao jogador argentino Leandro Desábato, acusado de injúria racial contra o atacante brasileiro Grafite, no estádio do Morumbi.
O caso foi parar na capa dos principais jornais do mundo, que estamparam o rosto do delegado, hoje com 65 anos.
Em todos as investigações que atuou, Nico sempre abria espaço na agenda para dar entrevistas aos jornalistas e prestar esclarecimentos sobre os crimes, abrindo caminho para que outros delegados, geralmente avessos às entrevistas, fazerem o mesmo. Ele também sempre foi visto em jantares com apresentadores e artistas.
O novo delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves. — Foto: Reprodução/GESP
Currículo
Osvaldo Nico ingressou na Polícia Civil em 1979, como investigador. Antes de assumir o cargo de delegado-geral, era responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE) desde 2019.
Diversas vezes disse em entrevistas, porém, que o vínculo dele com a polícia de São Paulo começou ainda menino, quando era engraxate na porta do 17º Distrito Policial do Ipiranga, na Zona Sul de SP, e era incentivado pelo então delegado-titular da área, Aldo Galiano, que trabalhou 32 anos na Polícia Civil.
Depois de passar pela chefia do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), do Grupo Armado de Repressão a Roubos (GARRA), do Grupo Especial de Resgate – GER (DEIC) e ajudar a fundar o Grupo de Operações Especiais (GOE) paulista, ele também comandou a Segurança de grandes eventos no país, como a visita do Papa em 2007 e a Copa do Mundo de 2014.
O governador Rodrigo Garcia (PSDB) dá posse ao novo delegado-geral da Polícia Civil de SP, Osvaldo Nico Gonçalves. — Foto: Reprodução/TV Globo
Nico foi empossado nesta quarta-feira (27) em uma nova função na polícia paulista: ser o delegado-geral que comanda toda a Polícia Civil de São Paulo.
Ele substitui Ruy Ferraz Fontes, que deixou o cargo após uma troca de comando de todas as polícias de São Paulo, promovida pelo recém-empossado governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é candidato à reeleição em 2022.
O agora ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes. — Foto: Reprodução/TV Globo
Alta dos crimes em SP
Ao anunciar a troca de comando na Polícia Civil, o Palácio dos Bandeirantes destacou que o novo delegado-geral “se destacou pela experiência na rua no combate à criminalidade”.
O principal objetivo da troca nos comandos da Polícia, segundo Garcia, é frear o crescimento da violência no Estado de São Paulo. Em março, o número de roubos, furtos e homicídios cresceu no estado em comparação com o mesmo período de 2021, de acordo com os dados mensais da própria Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Os furtos em geral tiveram aumento de 52%, de 33.237 para 50.467, e roubos em geral subiram 22%: de 16.951 para 20.719.
Alguns dos crimes que mais avançaram foram os roubos e latrocínios promovidos por motoqueiros disfarçados de entregadores de aplicativos, além das quadrilhas especializadas em aplicar golpes por meio do PIX.
Garcia diz que vai convocar representantes de aplicativos de entrega, como iFood e Rappi, para debater crimes cometidos por falsos entregadores na região metropolitana da capital.
Governador Rodrigo Garcia em evento no interior de São Paulo — Foto: Divulgação/Ascom/GESP
O governador também afirmou que vai anunciar, em 4 de maio, novas estratégias para “justamente prender bandido que se disfarça de operador de aplicativo”.
Promessa de ‘polícia na rua
O delegado Nico assumiu o novo cargo como o trabalho de baixar os índices de violência, sob pena de comprometer o projeto de reeleição do governador.
Na posse desta quarta (27), prometeu “polícia na rua” e ações de inteligência para deter a alta dos crimes.
“Vou me empenhar muito nessas ações de polícia na rua, porque é a minha cara. É o que vou fazer: cobrar os policiais e estar junto com eles. Vou fazer operações com investigação, levantando os autores dos crimes e prendendo. Vou me empenhar como se fosse o meu primeiro dia de polícia”, afirmou o novo delegado-geral (veja vídeo abaixo).
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Para ajudar nessa tarefa, Nico chamou de volta ao Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo a delegada Elisabete Ferreira Sato, que volta a comandar a divisão depois de ocupar o posto entre 2013 e 2019.
Sato segue como a primeira e única mulher a comandar o departamento na história da Polícia Civil.
A delegada Elisabete Ferreira Sato, que volta a comandar o DHPP em São Paulo. — Foto: Divulgação/SSP
Fonte: G1