Cidade de São Paulo bate recorde de feminicídios em 2025
Cidade de São Paulo bate recorde de feminicídios em 2025
De janeiro a outubro, a capital teve 53 casos, o número mais alto desde o início da série histórica em 2015. No estado de SP, foram 207 feminicídios neste ano e, no mesmo período de 2024, 191.
Por Amanda Lüder, Daniel Morbi, GloboNews e g1 SP — São Paulo

Cidade de SP registra recorde de feminicídios em 2025
Em 2025, a cidade de São Paulo registrou o maior número de casos de feminicídio para um ano desde que a série histórica foi iniciada, em abril de 2015. Entre janeiro e outubro, foram 53 ocorrências.
Mesmo sem os dados de novembro e dezembro, o ano já acumula o recorde de casos de feminicídio na capital paulista.
Os dados foram levantados pela GloboNews com base nos números divulgados no Portal da Transparência da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo.
São considerados apenas os feminicídios consumados, ou seja, não estão inclusas as tentativas de feminicídio, como o caso da mulher que foi atropelada e arrastada por mais de 1 km no sábado (29) (leia mais abaixo).
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Mulher teve pernas amputadas após ser arrastada por homem por mais de 1 km em SP — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
FEMINICÍDIOS NA CIDADE DE SP
- 2025 (até out): 53
- 2024: 51
- 2023: 38
- 2022: 41
- 2021: 33
- 2020: 40
- 2019: 44
- 2018: 29
- 2017: 26
- 2016: 13
- 2015 (a partir de abril): 6
Fonte: SSP
🔍 O crime de feminicídio foi tipificado em lei federal em março de 2015. A partir disso, os casos começaram a ser contabilizados separadamente de outros tipos de homicídio. A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. As penas variam de 12 a 30 anos de prisão.
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Feminicídios na cidade de São Paulo, segundo a SSP. — Foto: Arte/GloboNews

Cidade de São Paulo registra 1º semestre com maior número de feminicídios da história
Em todo o estado de São Paulo, foram registrados 207 feminicídios entre janeiro e outubro deste ano. No mesmo período do ano passado, foram 191. Um aumento, portanto, de 8% considerando os dez primeiros meses do ano.
De acordo com Silvana Mariano, coordenadora do Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), o número maior de registro de casos pode ser explicado não somente pelo aumento da misoginia, ou o ódio pelas mulheres, como também por causa da Lei do Feminicídio, que tipifica o crime como homicídio qualificado e crime hediondo.
“Uma hipótese que tínhamos com a nova lei, tendo o feminicídio como crime autônomo, era de passarmos também um período em que isso iria contribuir para o crescimento dos números”, afirma.
“Por um lado, cresce mesmo a violência contra a mulher. E, por outro, as autoridades estão ficando mais preparadas para olhar para a morte violenta e intencional de mulheres com essa perspectiva de gênero que leva à classificação como feminicídio.”
No entanto, a coordenadora do Lesfem lembra que a questão do feminicídio é transversal, não se limitando somente à segurança pública. “Políticas de educação, saúde, assistência social, renda, trabalho e habitação precisam estar integradas nesse processo de prevenir a violência contra a mulher e estancar essa violência para que não chegue ao feminicídio”, segundo Silvana.
Sobre esse aumento, a Prefeitura de São Paulo disse, em nota, que possui diversas iniciativas e serviços para o atendimento de mulheres em situação de violência, como as Casas da Mulher e o programa Guardiã Maria da Penha da Guarda Civil Metropolitana, que já atendeu a mais de 20 mil mulheres.
O governo do estado disse que o enfrentamento à violência contra a mulher é prioridade e destacou iniciativas como a ampliação de 142 delegacias de defesa da mulher e o app Mulher Segura, que possui botão de pânico para pedidos de ajuda.
Ao final da reportagem, leia as notas na íntegra.
Capital paulista
Na manhã de sábado (29), uma mulher de 31 anos foi atropelada e arrastada por mais de um quilômetro por um carro dirigido por um ex-ficante até a Marginal Tietê, em São Paulo. De acordo com o boletim de ocorrência, ela passou por cirurgias e teve as pernas amputadas devido à extensão das lesões. Ela segue internada em estado grave.
Segundo a Polícia Civil, o crime ocorreu após a vítima, Tainara Souza Santos, sair de um bar no Parque Novo Mundo, na Zona Norte. Ela, que é mãe de dois filhos, um de 12 e uma de 7 anos, foi levada ao Hospital Municipal Vereador José Storopolli, na Vila Maria, também na Zona Norte. O motorista, Douglas Alves da Silva, foi preso.
Já na segunda-feira (1°), um homem atirou seis vezes, usando duas armas ao mesmo tempo, contra a ex-companheira Evelin de Souza Saraiva, de 38 anos, no bairro Jardim Fontalis, na Zona Norte de São Paulo.
A tentativa de feminicídio ocorreu dentro de uma pastelaria onde Evelin trabalha, e foi registrada por uma câmera de segurança. A vítima foi socorrida pelo helicóptero Águia da PM e levada para o Hospital das Clínicas. Passou por cirurgia e está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O quadro é considerado delicado.
Bruno Lopes Barreto fugiu do local em uma moto após o crime e, até a última atualização desta reportagem, permanecia foragido. Um pedido de prisão temporária foi feito à Justiça.
O que dizem a prefeitura e o governo de SP
Abaixo, veja a íntegra da nota da Prefeitura de SP:
“A Prefeitura de São Paulo possui diversas iniciativas e serviços para o atendimento a mulheres vítimas de violência. Uma delas é o programa Guardiã Maria da Penha, da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que já atendeu mais de 20 mil mulheres, acompanha outras 6 mil e conta com 23 viaturas para patrulhamento na capital – no último ano essa frota quase dobrou. Além disso, a corporação tem uma Inspetoria de Defesa da Mulher e Ações Sociais (IDMAS), formada por 165 agentes especializados. As mulheres atendidas também conseguem acesso ao Aplicativo da Mulher, integrado ao Smart Sampa, que permite monitoramento constante e o acionamento imediato de viaturas, garantindo resposta rápida em situações de emergência.
Nas áreas de assistência social e direitos humanos, a rede municipal conta hoje com cerca de 70 serviços ativos, entre eles as Casas da Mulher, os Centros de Defesa e Convivência da Mulher, a Casa da Mulher Brasileira (aberta 24 horas) e unidades sigilosas para mulheres em risco de morte. Desde 2021, já foram entregues 19 novos equipamentos exclusivos para mulheres, como Centros de Acolhida e Repúblicas. A Prefeitura ainda oferece o Auxílio Ampara, destinado a crianças e adolescentes que perderam suas mães ou responsáveis vítimas de feminicídio, e o auxílio-aluguel para mulheres vitimizadas e seus filhos menores de 18 anos. As políticas incluem também serviços especializados de acolhimento, orientação jurídica, apoio psicológico e atendimento socioassistencial.”
Abaixo, veja a íntegra da nota do governo de SP:
“A SSP destaca que o enfrentamento à violência contra a mulher é prioridade do Governo. A pasta mantém diversas iniciativas voltadas ao tema, entre elas a Cabine Lilás, que já realizou cerca de 14 mil atendimentos a mulheres vítimas de violência em todo o Estado de São Paulo. Criada de forma inédita no âmbito do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), a Cabine Lilás oferece atendimento humanizado por policiais femininas treinadas para acolher e orientar vítimas de violência doméstica. As agentes fornecem informações sobre medidas protetivas, canais de denúncia e serviços de apoio, além de despachar viaturas quando necessário. O projeto, inicialmente implantado na capital, foi ampliado para a Grande São Paulo e para o interior, com unidades nas regiões de Campinas, São José dos Campos, Bauru, São José do Rio Preto, Sorocaba, Presidente Prudente e Piracicaba.
Mais proteção às mulheres
Entre as iniciativas da SSP, cabe também ressaltar as 142 Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) territoriais – duas inauguradas no atual governo – e as salas DDM 24h, que foram ampliadas em 174,1% na atual gestão, com um total de 170 espaços em plantões policiais, para que as vítimas sejam atendidas por videoconferência por uma delegada mulher. As DDMs de todo o estado também tiveram reforço em seu efetivo com 473 novos policiais, enquanto as vagas da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial – Dejec para policiais civis atenderem na DDM online, de forma voluntária em sua folga, dobrou, passando de 140 para 280.
Há que mencionar, ainda, o aplicativo SP Mulher Segura, que permite o registro de boletim de ocorrência e possui botão de pânico para pedidos de ajuda; e o tornozelamento eletrônico de autores de violência doméstica, que atualmente monitora 191 infratores, dos quais 89 já foram presos por descumprimento de medidas impostas pelo judiciário.”
Fonte: G1

