Líder comunitária alimenta famílias em São Paulo há 20 anos: ‘O governo dá migalha’
Claudete Cordeiro atua com outras mulheres levando comida a famílias e moradores de rua na Zona Oeste de São Paulo. ‘Temos sempre que viver em sociedade, um lutando pelo outro’, diz ela.
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O Profissão Repórter desta terça (8) mostrou histórias de mulheres que trabalham para proteger e transformar a vida de outras mulheres.
Claudete Cordeiro é uma líder comunitária que vive na mesma região da Zona Oeste de São Paulo há mais de 40 anos. Há pelo menos duas décadas, ela trabalha para melhorar as condições das mais de quatro mil famílias que também moram no local.
Ela prepara 100 marmitas com a ajuda das vizinhas e fornece comida para as famílias que ficaram sem renda desde o início da pandemia. Com anos de trabalho voluntário, Claudete conta o que despertou o interesse em ajudar o próximo. https://311a360f780e9c7e6f37b1aca1e03ac6.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“Foi o sentimento de a gente estar abandonado. A gente não tinha e continua sem ter o poder público de verdade fazendo políticas públicas dentro das periferias”, afirma a líder comunitária.
A líder comunitária entende os problemas da região onde vive, já que a família reside no mesmo local desde os anos 1970. Na casa onde mora, ela criou os filhos e conviveu com a mãe até ela morrer, há quatro anos. Claudete conhece tão bem a comunidade que participou da construção de uma praça como área de lazer para as crianças.
Líder comunitária ajuda vizinhos há mais de 20 anos https://311a360f780e9c7e6f37b1aca1e03ac6.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Rede de apoio
A rede de apoio montada por Claudete tem pelo menos oito mulheres. Entre elas está Paula, dona de um bar onde as comidas são servidas, e Gracinha, que mora na parte baixa da comunidade. Ela anda quase um quilômetro para buscar as marmitas e distribuir aos moradores.
Ellen Amaral é voluntária da rede de apoio popular do Butantã e também participa da ação. Ela diz que as mulheres são maioria nesse tipo de trabalho.
“É quase unânime, são mulheres que estão acudindo seus vizinhos, acudindo suas famílias […] O protagonismo de toda ação social que eu tenho acompanhado é de mulheres”, conta Ellen.
Ellen Amaral é uma das voluntárias que ajuda na preparação de marmitas para os moradores da comunidade https://311a360f780e9c7e6f37b1aca1e03ac6.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
‘Um lutando pelo outro’
Essa dedicação de Claudete a famílias carentes do bairro começou há mais de 20 anos por influência da mãe, uma imigrante que nos anos 1980 veio de Pernambuco, fugindo da fome e do desemprego.
Com uma foto em que aparece com os irmãos ainda criança, Claudete relembra que um dos ensinamentos da mãe que levou para a vida foi o de ser dona da sua própria liberdade.
Na foto, Claudete aparece à esquerda, junto dos irmãos
Aos 49 anos, com cinco filhos e três netos, ela ainda alimenta o desejo de fazer uma faculdade de Serviço Social.
“Depois que eu tive o meu terceiro filho, voltei para a escola para terminar meus estudos. Você tem que estar sempre aprendendo. O governo dá migalha e você acha que a migalha está bom, e não está”.
Claudete participou da construção da praça, que hoje é um espaço de lazer na comunidade — Foto: PREP
“A gente tem que sempre estar pensando nessa geração que está vindo agora […] Temos sempre que viver em sociedade, um lutando pelo outro”.
Fonte: G1