Mais brasileiros que estavam na Ucrânia chegam a São Paulo

Um deles, o jogador Júnior Moraes, é naturalizado ucraniano e corria o risco de ser convocado para lutar no conflito. Cento e quinze brasileiros já conseguiram cruzar as fronteiras da Ucrânia, mas muitos outros continuam tentando escapar dos bombardeios.


Mais brasileiros vindos da Ucrânia chegam a São Paulo

Mais brasileiros vindos da Ucrânia chegam a São Paulo

Mais brasileiros vindos da Ucrânia chegaram nesta quinta-feira (3) a São Paulo. Depois de oito dias procurando uma porta para escapar da guerra do outro lado do mundo, a corrida no aeroporto já nem era mais de fuga. Era de alívio. De saudade.

O jogador Júnior Moraes chegou cedo nesta quinta ao Aeroporto de Guarulhos, direto para os braços e os abraços dos filhos, da mulher e da mãe. O atacante brasileiro é naturalizado ucraniano e corria o risco de ser convocado para lutar no conflito.

“O Exército russo estava chegando cada vez mais perto, a gente não achava solução para ir embora. Então, cada minuto era angustiante, era difícil”, conta.

Júnior, Vitória e o filho deles, o Benjamin, estão na Holanda. Na sexta-feira (4), eles embarcam para o Brasil. Vai ser a última parte de uma viagem que começou na sexta-feira (25). Um dia depois de a guerra começar, a família pegou um trem de Zaporizhzhya para Lviv, do outro lado da Ucrânia. Dali, tiveram que seguir a pé para a fronteira com a Polônia. Foram informados que seria uma caminha de 20 quilômetros, mas foram mais de 70. Tiveram que dormir na estrada, num frio de – 4°C.

“A gente começou a tirar os nossos agasalhos e agasalhá-lo, porque a gente aguenta, mas uma criança de três anos, que não sabe nem o que estava acontecendo, não estava entendendo nada e sentir todo esse frio, essa temperatura baixa, realmente é muito difícil e desesperador”, relembra Júnior.

Eles chegaram à fronteira no sábado (26), mas só conseguiram autorização para entrar na Polônia na terça-feira (1°). Vitória temeu pela vida do filho.

“Eu só queria tirá-lo dali, bem, seguro. O medo era imenso; o pânico, nem se fala”, diz Vitória.

Cento e quinze brasileiros já conseguiram cruzar as fronteiras da Ucrânia, mas muitos outros continuam tentando escapar dos bombardeios, que ficam mais intensos à medida que o Exército russo avança. Para eles, a guerra no país distante é vista pela janela.

Cláudio Luís Garcia e Daniel Mendonça são jogadores de futsal e moram em Kherson, no sul da Ucrânia, cidade que foi tomada pelo exército russo na quarta-feira (2) à noite.

“A gente não podia sair na rua. Você saber que tem muito soldado, tanque para tudo que é lado, você fica na expectativa de que vai acontecer alguma coisa. Para mim, acho que foi um dos dias mais tensos”, diz Claudio.

Os jogadores sabem do perigo de pegar a estrada, mas, a cada dia, continuar em casa fica menos seguro. Eles querem voltar para o Brasil.

“A gente está tentando de todos os modos um jeito seguro, uma carona, um trem, mas o trem da cidade aqui não está funcionando também. A gente está em busca, a gente sabe que uma hora a gente vai conseguir e seguimos nessa”, afirma Daniel.

Fonte: G1

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