Dois anos após o 1º caso de Covid em São Paulo, taxa de mortalidade chega a ser 5 vezes maior nos extremos da cidade

Secretaria Municipal de Saúde afirma que as ações de combate à pandemia são planejadas para atender a população que mais necessita dos serviços, e que isso se reflete em maior oferta de serviços em regiões periféricas; veja a cronologia da pandemia no Estado.


2 anos após o 1º caso de Covid em SP, taxa de mortalidade é 5 vezes maior na periferia

2 anos após o 1º caso de Covid em SP, taxa de mortalidade é 5 vezes maior na periferia

Neste sábado, dia 26 de fevereiro, completam-se dois anos desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, que foi registrado na cidade de São Paulo.

Neste período, o vírus afetou os paulistanos de maneira desigual, apesar da Secretaria Municipal de Saúde afirmar que as ações de combate à pandemia são planejadas para atender a população que mais necessita dos serviços.

Nos bairros localizados nas regiões mais extremas da cidade, a taxa de mortalidade chegou a ser cinco vezes maior do que nos bairros mais próximos ao Centro.

Uso de máscara passou a ser obrigatório em espaços públicos de São Paulo em maio de 2020. — Foto: Jefferson Severiano Neves/EPTV

Uso de máscara passou a ser obrigatório em espaços públicos de São Paulo em maio de 2020. — Foto: Jefferson Severiano Neves/EPTV https://fcfaa1f900b06b3e927f5b71ec9004b1.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

A produção da TV Globo fez um levantamento da média de mortes por 100 mil habitantes em diferentes regiões da capital desde o início da pandemia.

Nos distritos mais distantes do Centro, especialmente no extremo da Zona Leste, como Iguatemi, a taxa de mortalidade (3,9) foi mais de três vezes maior do que a registrada em bairros nobres, como Alto de Pinheiros.

No momento mais crítico da pandemia – entre março e abril de 2021 -, a diferença aumentou, e a mortalidade na periferia (4,9) chegou a ser quase cinco vezes maior do que em Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo.

De acordo com o especialista em Urbanismo Aluízio Marino, pesquisador do laboratório LabCidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, a desigualdade na taxa de mortalidade por Covid tem a ver com a condição social da população de cada lugar.

“No começo da pandemia, antes da vacinação, os territórios mais afetados eram também os territórios onde vivem os trabalhadores das atividades essenciais. São pessoas que não tiveram condição de isolamento, e que o ‘fique em casa’ não era uma política possível, que estiveram mais vulneráveis ao longo da pandemia, principalmente antes do processo vacinal”, disse Marino. https://fcfaa1f900b06b3e927f5b71ec9004b1.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Taxa de mortalidade por Covid-19 no Jardim Iguatemi, na Zona Leste de SP. — Foto: Reprodução/TV Globo

Taxa de mortalidade por Covid-19 no Jardim Iguatemi, na Zona Leste de SP. — Foto: Reprodução/TV Globo

Para o pesquisador, agora, com a vacinação, é preciso dar mais atenção aos distritos onde ocorreram mais mortes.

“Acho que a estratégia agora para as doses de reforço é pensar uma política vacinal que também vá aos territórios, que tenha uma força maior aí. Por exemplo, com vacinação em terminais de ônibus e em estações de trem”, explicou.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse que todas as ações de combate à pandemia são planejadas para atender a população que mais necessita dos serviços, e que isso se reflete em maior oferta de serviços em regiões periféricas.

Ainda de acordo com o órgão, durante estes dois anos a rede foi reestruturada para não deixar ninguém desassistido. Ao todo, foram aplicadas 28.196.861 doses de vacina na capital.

Veja a cronologia da pandemia em São Paulo

26/02/2020: O Ministério da Saúde confirma oficialmente o primeiro caso de Covid-19 no país. Era um brasileiro de 61 anos que viajou para a Itália e foi atendido no Hospital Albert Einstein, na capital.

05/03/2020: O governo de São Paulo anunciou a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 por “transmissão local” – ou seja, não eram “casos importados”, de gente que pegou o vírus numa viagem. Mas isso ainda não queria dizer que havia “transmissão comunitária”.

11/03/2020: OMS declara pandemia global do novo coronavírus.

12/03/2020: Infectologista David Uip anuncia que o Estado de São Paulopossui “transmissão comunitária” do vírus. Esse é o marco que os epidemiologistas usam pra determinar o início de uma epidemia em uma comunidade.

12/03/2020: Nesse mesmo dia também ocorreu a primeira morte por Covid. No entanto, essa morte só foi confirmada de fato no fim de junho.

13/03/2020: Um dia após o anúncio da transmissão comunitária, uma sexta-feira, o governo estadual anunciou a suspensão gradual das aulas presenciais a partir da segunda-feira seguinte. Foi nesse dia que as pessoas começaram a fazer o “isolamento voluntário”.

24/03/2020: A quarentena entra em vigor. Inicialmente ela duraria apenas 15 dias, mas acabou sendo prorrogada 35 vezes e, no fim, durou 511 dias, com regras mais ou menos flexíveis.

06/04/2020: Inauguração do primeiro hospital de campanha em São Paulo.

07/05/2020: Uso de máscara passou a ser obrigatório em espaços públicos.

01/06/2020: O Plano São Paulo entra em vigor.

06/07/2020: Após 104 dias fechados, bares, restaurantes e salões de beleza voltam a abrir as portas na capital.

26/09/2020: A cidade de São Paulo fecha o quarto e último hospital de campanha.

09/10/2020: São Paulo avança para a fase verde do Plano São Paulo e pode reabrir cinemas, teatros e museus.

02/12/2020: São Paulo volta à fase amarela do Plano São Paulo.

04/01/2021: Confirmados os dois primeiros casos de infecção da variante Gama em São Paulo.

17/01/2021: Início da vacinação.

Enfermeira Mônica Calazans foi a primeira brasileira a receber uma dose de vacina contra a Covid-19 fora dos testes clínicos — Foto: Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo

Enfermeira Mônica Calazans foi a primeira brasileira a receber uma dose de vacina contra a Covid-19 fora dos testes clínicos — Foto: Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo

Março/2021: A variante gama se torna dominante no Estado de São Paulo, segundo monitoramento da Rede Genômica da Fiocruz e segundo dados da Prefeitura.

15/03/2021: O Estado de São Paulo entra na fase emergencial para evitar o colapso hospitalar.

30/03/2021: Só na Grande São Paulo, a produção da TV Globo contabilizou pelo menos 230 mortes de pacientes esperando leito de UTI Covid.

Abril/2021: Outro levantamento mostra que, entre fevereiro e março, a maior parte dos pacientes que precisaram de UTI Covid no período de maior pressão hospitalar acabou morrendo.

11/04/2021: O Estado sai da fase emergencial e volta à fase vermelha, após queda das novas internações.

18/04/2021: São Paulo entra na chamada “fase de transição” do Plano São Paulo, com reabertura de comércios.

23/04/2021: A fase de transição é prorrogada pela terceira vez no Estado de SP, devido ao aumento de mortes.

30/06/2021: Junho volta a ter aumento de mortes, principalmente entre os adultos não-idosos.

07/07/2021: Governo de SP confirma que variante delta da Covid-19 circula no estado e avalia reduzir intervalo da 2ª dose de vacinas.

16/08/2021: Fim da quarentena – após 511 dias, estabelecimentos não têm mais restrição de horário de funcionamento ou limite de público. Máscara segue sendo obrigatória:

16/08/2021: Início da vacina para os adolescentes de 12 a 17 anos.

30/09/2021: Delta se torna a variante predominante no Estado de São Paulo.

11/10/2021: O Estado de São Paulo atinge a marca de 80% da população adulta com duas doses da vacina.

13/10/2021: Retorno das aulas presenciais obrigatórias no Estado de São Paulo.

30/11/2021: Confirmados os primeiros casos da variante ômicron.

16/12/2021: Anvisa aprova uso emergencial da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.

04/01/2022: Ômicron já é a variante dominante na capital.

06/01/2022: Prefeitura de SP estima que casos leves de Covid são recorde desde o início da pandemia.

15/01/2022: Por causa da ômicron e do surto de gripe fora de época, Prefeitura restringe a testagem apenas para grupos de risco.

20/01/2022: Anvisa aprova uso emergencial da Coronavac em crianças de 6 a 17 anos.

25/01/2022: Estado de SP já registra 140% mais mortes por Covid-19 de pacientes infectados em janeiro do que em dezembro.

05/02/2022: Novas internações começam a cair em São Paulo.

20/02/2022: Novas internações chegam a patamar mais baixo do ano, um indício de que o pico da ômicron já passou.

Fonte: G1

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