Estado de SP registra 110 casos da dupla infecção por Covid e gripe desde o início da pandemia
Especialistas dizem que infecção simultânea não aumenta riscos das duas doenças.
Flurona: entenda a dupla infecção simultânea por gripe e Covid-19
Pelo menos 110 moradores do estado de São Paulo foram diagnosticados com gripe e Covid-19 ao mesmo tempo desde o início da pandemia, segundo dados divulgados nesta terça-feira (4) pela Secretaria de Estado da Saúde. Deste total, 59 casos ocorreram na cidade de São Paulo.
Os dados são relativos apenas a casos de pacientes que foram hospitalizados e que tiveram resultado positivo para Influenza e SARS-CoV-2 por meio de teste rápido de antígeno ou também de exames do tipo RT-PCR.
Mais cedo, a prefeitura da capital paulista confirmou 24 casos do diagnóstico duplo na cidade.
Apesar dos relatos de dupla contaminação, especialistas alertam que parte dos casos pode ser de codetecção, e não de coinfecção. Isto significa que parte dos pacientes pode ter recebido o diagnóstico ao mesmo tempo, mas não ter o os vírus da gripe e da Covid-19 atuando no organismo simultaneamente.
“Os métodos para identificar vírus no nosso corpo, como o teste PCR, são muito sensíveis. Eles detectam facilmente pedaços do vírus que não necessariamente estão trazendo infecção ou doença para o indivíduo. Essa codetecção é muito frequente, mas não significa que os dois vírus estão agindo no corpo”, disse o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em entrevista ao g1.
Moradores de SP testam positivo para Covid e gripe ao mesmo tempo
Na capital paulista, há relatos de hospitais que identificaram a dupla infecção pelos vírus Influenza e coronavírus com diagnósticos feitos na mesma semana ou até no mesmo dia.
Em outros lugares do Brasil, como Rio de Janeiro e Ceará, também há registros da “flurona” (veja no vídeo abaixo).
Em São Paulo, a jornalista Giulia Fernandez recebeu a confirmação para Covid-19 e Influenza na mesma ocasião. Os testes foram feitos no dia 20 de dezembro em um hospital particular.
“Como meus sintomas começaram no mesmo dia e fiz teste no mesmo dia, e os dois deram positivo, o período de isolamento foi o mesmo, 10 dias. Mas foram dias muito complicados, quatro dias de cama que eu não conseguia levantar, e a partir disso fui melhorando aos pouquinhos”, contou.
Covid e Influenza: Rio, São Paulo e Ceará têm casos de dupla infecção
O tratamento duplo ocorreu também na casa do contador Mario Martins Bastos Junior. Tanto ele quanto a esposa foram diagnosticados com Covid-19. Antes disso, o filho, de 19 anos, recebeu um teste positivo para Influenza.
O resultado dos exames tem dois dias de diferença: dia 28 de dezembro para influenza e dia 30 para Covid-19.
“Meu filho está bem, nós três estamos bem, medicados, só o que está perturbando mais é a tosse seca”, disse o contador.
Mulher usando máscara de proteção facial passa diante de um cartaz com alerta sobre o coronavírus na região central de São Paulo — Foto: NELSON ANTOINE/ESTADÃO CONTEÚDO
Como ficam os sintomas e o tratamento
Médicos ouvidos pela TV Globo explicaram que a dupla infecção não deve trazer, necessariamente, um aumento no sintoma das duas doenças.
Segundo a infectologista Mirian Dal’Ben, do Hospital Sírio Libanês, a infecção dupla não aumenta as chances de óbito nem faz com que as doenças sejam mais leves.
“O importante é que as pessoas precisam saber que a gente não tem nada ainda na ciência que fale pra gente que pegar as duas coisas ao mesmo tempo aumente as chances da pessoa morrer ou que faça a doença talvez ser mais leve. Nenhuma das duas coisas”, disse a médica.
“A gente acaba tendo que acompanhar as duas doenças como a gente faria se a pessoa tivesse pegado de forma independente”, explicou.
Aumento de casos
Pacientes ficam deitados em corredores à espera de atendimento no Hospital do Servidor, na Zona Sul de SP — Foto: Reprodução TV Globo
Hospitais públicos e privados da cidade de São Paulo têm registrado aumento no fluxo de pessoas com sintomas gripais nas últimas semanas, o que tem provocado filas e maior tempo de espera por atendimento. Em prontos-socorros municipais, pacientes afirmam que a espera pode chegar a 6 horas.
Os hospitais São Camilo, Beneficência Portuguesa, Einstein e Santa Catarina confirmaram aumento repentino de pacientes.
Além dos vírus Influenza A e B, que provocam a gripe, a circulação de outros vírus também pode estar por trás do crescimento repentino de um “conjunto de doenças respiratórias”, segundo os médicos.
As hospitalizações de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 também aumentaram. A média móvel de pacientes internados com Covid-19 nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no estado voltou a crescer após 6 meses de queda, de acordo com dados do governo.
Fonte: G1