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Média diária de mortes por Covid em SP salta de 77 para 97; dados represados podem ter causado aumento

Problema em sistema de notificação pode ter distorcido informações, mas também foi registrado aumento de casos da doença nesta terça-feira (17). Internações estão em queda no estado.


Profissional de saúde em atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com covid-19, do Hospital Geral de Vila Penteado, na Zona Norte da capital paulista, em foto de outubro. — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Profissional de saúde em atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com covid-19, do Hospital Geral de Vila Penteado, na Zona Norte da capital paulista, em foto de outubro. — Foto: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

A média móvel diária de mortes por Covid-19 no estado de São Paulo aumentou de 77 na terça-feira (16) para 97 nesta quarta-feira (18). O valor, no entanto, pode estar artificialmente acima do normal por conta de um problema no sistema de notificação oficial relatado na semana passada (leia mais abaixo).

A média desta quarta é 59% maior do que a registrada há 14 dias, o que, segundo critério usado por especialistas, indica tendência de alta na epidemia.

Nesta quarta-feira, foram notificadas 147 novas mortes nas últimas 24 horas. Os novos registros nos boletins diários não significam, necessariamente, que as mortes ocorreram naquela data, mas sim que foram computadas em sistema neste período. Habitualmente, as notificações são menores às segundas-feiras, finais de semana e feriados, já que muitos municípios trabalham em esquema de plantão.

Por conta da variação nos registros diários, especialistas consideram que a média de mortes dos últimos sete dias (a chamada média móvel) consegue medir de maneira mais fiel a evolução da epidemia.

Zero morte e problema no sistema

Após não registrar nenhuma morte por Covid pela primeira vez desde o início da pandemia no dia 8 de novembro, o estado de São Paulo contabilizou 414 óbitos na sexta-feira seguinte, dia 12 de novembro (veja mais no vídeo abaixo). https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Média diária de mortes por Covid em SP sobe após represamento de dados

Média diária de mortes por Covid em SP sobe após represamento de dados

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde disse que houve falha no sistema de notificação do Ministério da Saúde e que, por isso, óbitos que não haviam sido informados anteriormente entraram de uma vez.

Como o registro de 414 ainda está entre os dias considerados para a média móvel desta quarta-feira, é possível que o valor da média esteja maior do que o normal. O número de casos confirmados, no entanto, também está em tendência de alta.

Mortes pararam de cair

O estado de São Paulo está há 37 dias seguidos com a média móvel diária de mortes abaixo de 100. O valor, no entanto, não baixou para menos de 50 nesse período (a única exceção aconteceu no dia 11 de novembro, quando o represamento de dados fez com que a média ficasse artificialmente em 45).

Após um período de 20 dias com tendência de forte queda, em outubro, as mortes voltaram a registrar alta ou estabilidade em novembro. Isso fez com que o patamar da média móvel se mantivesse em um intervalo inferior ao verificado nos piores momentos da pandemia, mas ainda distante do zero.

No pior momento da pandemia, em abril deste ano, o estado chegou a registrar 890 mortes em média por dia. Com o avanço da vacinação, as mortes começaram a cair bruscamente, mas a tendência de queda se interrompeu. https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Funcionários trabalham em sepultamentos e abertura de novas covas no Cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina, na zona leste de São Paulo, em abril de 2021 — Foto: ROBERTO COSTA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Funcionários trabalham em sepultamentos e abertura de novas covas no Cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina, na zona leste de São Paulo, em abril de 2021 — Foto: ROBERTO COSTA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Para o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, o aumento de mortes ainda pode estar relacionado a dados represados no sistema de notificação.

“O que nós tivemos na 45ª semana epidemiológica (de 7 a 13 de novembro), em relação à 44ª, foi uma estabilização do número de óbitos em 77 pessoas que perderam [em média], infelizmente, a sua vida. Esses números estão estabilizados, não houve incremento. Nós, claro, usamos esses números com atenção pra ver se eles possam ser aportados. Porque, assim como nós tivemos incremento por acumulo de número de casos, poderemos sim ter um incremento de acúmulo de óbitos que possam ter sido represados”, disse nesta quarta-feira.

Internações por Covid

Apesar da instabilidade nos dados de mortes e casos de coronavírus, a média móvel de internações por Covid-19 está em queda sustentada no estado de São Paulo.

Isto ocorre porque o número de novas internações (UTI e Enfermaria) de pacientes confirmados ou com suspeita de COVID-19 nos últimos 7 dias foi menor do que o verificado nos 7 dias anteriores. Essa variação, que chegou a ser de -12% no início de novembro, foi de -4% nesta terça-feira (16).

Foram internados, em UTI ou enfermaria, 2.264 novos pacientes na última semana, contra 2.364 nos 7 dias anteriores.

Já no pior momento da pandemia, em março de 2021, o estado de São Paulo chegou a ter quase dez vezes mais internações: em 26 de março, foram 23.796 novos pacientes internados em uma mesma semana.

Em todo o estado, há atualmente 1.197 pessoas em leitos de UTI Covid-19 e outras 1.394 em leitos de enfermaria.

No ápice da segunda onda, no início de abril de 2021, São Paulo chegou a ter 13.119 pessoas em leitos de UTI e outras 17.841 em enfermarias.

Nesta quarta-feira, o governo estadual também anunciou que 37 hospitais estaduais já não têm mais pacientes de Covid-19. Eles correspondem a 56% das unidades de referência que receberam os pacientes infectados pelo coronavírus no decorrer da pandemia. Com a queda das internações, as unidades estão sendo direcionadas para atendimentos de outras doenças.

Fonte: G1

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