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Se matar bandido resolvesse alguma coisa

“Se matar bandido resolvesse alguma coisa, o Rio de Janeiro seria um pedacinho do Jardim do Éden”, diz ex-secretário Nacional de Segurança Pública

Ricardo Balestreri defende que ações devem ser voltadas ao coração financeiro das facções criminosas

Mauro PIMENTEL / AFP
Balestreri diz que “chefes do crime não estão nas favelas”.Mauro PIMENTEL / AFP

Ex-secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Ricardo Balestreri criticou a megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (30), ele defendeu ações policiais com foco no “coração financeiro” das organizações criminosas.

Balestreri, que também é coordenador do Núcleo de Segurança Pública do Insper, diz que ações policiais como a Operação Contenção resultam em um trauma muito grande para moradores de comunidades “já abandonadas”. Ele argumenta que “tudo o que é importante para o crime organizado não está nas favelas”.

— A gente olha para a favela porque é mais cômodo, onde estão os pobre e indefesos. Líder de crime mora em condomínio de luxo, em cobertura horizontal nos lugares mais caros e nobres das cidades. Líder de crime não anda em voo de carreira, anda em jatinho particular — disse em entrevista ao Gaúcha Mais.

Como exemplo de ação bem sucedida contra o crime organizado, Balestreri cita a Operação Carbono Oculto, deflagrada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, para “asfixiar o dinheiro” que financia os grupos. O especialista explica que o tráfico nas favelas é bilionário, mas é “apenas um dedo” do braço criminal que sustenta as facções.

— Se matar bandido resolvesse alguma coisa, o Rio de Janeiro seria já um pedacinho do Jardim do Éden em segurança pública. O Rio de Janeiro vem há décadas matando e a situação só piorou — declarou.

Balestreri também apontou diferenças operacionais entre o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) – as duas primeiras facções criminosas do Brasil.

Segundo ele, o PCC é “mais inteligente e menos violento”. Por outro lado, o Comando Vermelho busca conquistar novos territórios e controlar suas áreas com base na violência, aponta.

— O PCC é a única estrutura criminal com nível de máfia que nós temos no Brasil. PCC é muito mais inteligente do que o Comando Vermelho, já conquistou o seu território e está muito mais estabilizado como um negócio — diz.

— O PCC é capaz de cometer atos bárbaros e altamente violentos, mas não gosta de atuar com base na violência. É um grupo estável de negócios, comete violência quando necessário, mas não gosta da violência como regra, não banaliza a violência— argumenta.

Deflagrada na terça-feira (28), a Operação Contenção resultou na morte de 121 pessoas – sendo quatro policiais e 117 suspeitos. A ação, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, mirou líderes do Comando Vermelho.

Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro classificou a operação como “um sucesso” e afirmou que este foi o “maior baque” que o Comando Vermelho já sofreu. Até o início da tarde desta quinta, os corpos de ao menos 80% dos mortos já haviam sido liberados.

A operação também dividiu a opinião pública. Moradores e defensores dos direitos humanos apontam excessos por parte das polícias Civil e Militar, especialmente do Batalhão de Operação Especiais (Bope).

No dia seguinte à operação, mais de 70 corpos foram retirados por moradores, de uma área de mata do Complexo da Penha e enfileirados na Praça São Lucas. Familiares dos mortos acusam as forças de segurança de decapitar e efetuar golpes de faca em alguns suspeitos.

Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi rechaçou as denúncias.

— Quem disse que foi a polícia que cortou a cabeça? Os criminosos podem ter feito novas lesões nos corpos, podem ter feito isso ai (cortado a cabeça) para chamar a atenção da imprensa — declarou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (30) no Centro de Integrado de Comando e Controle do Rio de Janeiro, conforme o g1.

Fonte: GauchaZH

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