Saúde

Bem-Estar #321: saúde masculina: reposição de testosterona e os riscos no tratamento

Por Bem-Estar

As mulheres falam cada vez mais sobre menopausa e cuidados com o envelhecimento, mas quando o assunto é o envelhecimento masculino, o silêncio ainda predomina. O receio de lidar com a disfunção erétil e com a perda de vitalidade faz com que muitos homens deixem de buscar ajuda médica.

Nesta edição, o podcast do Bem-Estar discute o Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), condição que costuma ser chamada de forma equivocada de “andropausa”.

Jorge Félix conversa com Fernando Facio, chefe do Departamento de Andrologia, Reprodução e Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia. Segundo o médico, o DAEM é bem diferente do que ocorre nas mulheres.

O que é DAEM e por que não é “andropausa”

 

De acordo com Facio, a menopausa representa o fim da ovulação e uma queda abrupta dos hormônios femininos. Já nos homens, a produção de testosterona diminui de forma lenta e contínua, sem interrupção completa.

“A partir dos 40 anos, há uma queda média de 1,2% da testosterona por ano. Quando o homem chega aos 55 ou 60, essa perda pode causar sintomas que afetam a qualidade de vida”, explica o médico.

Por isso, ele reforça que o termo “andropausa” é incorreto: “O homem não deixa de produzir espermatozoides, diferentemente da mulher, que para de liberar óvulos. O nome mais adequado é DAEM, o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino.”

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Sintomas aparecem de forma gradual

 

Os sinais do DAEM surgem aos poucos e variam de pessoa para pessoa. Entre eles estão queda da libido, irritabilidade, ganho de peso, sono ruim, ronco, perda de energia e disfunção erétil.

“O homem vai se transformando ao longo do envelhecimento. O problema é que ele só procura o médico quando o sintoma já está instalado, principalmente quando tem dificuldade de ereção”, diz o especialista.

Segundo ele, a falta de prevenção é um dos fatores que explicam por que os homens vivem de três a cinco anos menos que as mulheres.

Nem todo homem com testosterona baixa precisa de reposição

 

Facio alerta que a reposição hormonal deve ser feita apenas sob prescrição médica. “Não basta ter testosterona baixa para repor. É preciso avaliar sintomas e fazer exames complementares”, afirma.

O uso sem necessidade pode trazer riscos sérios, como problemas no fígado, aumento de glóbulos vermelhos (com risco de trombose) e alterações no coração.

“Outro perigo é a compra de testosterona no mercado paralelo. Muitos pacientes usam produtos sem procedência, o que representa uma ameaça à saúde pública”, destaca.

Uso indevido de tadalafila também preocupa

 

O urologista explica que medicamentos como a tadalafila, indicados para disfunção erétil, têm boa eficácia quando usados corretamente — mas podem causar efeitos adversos graves se tomados sem acompanhamento.

“O uso excessivo pode provocar queda de pressão, dor muscular e dor de cabeça. A ereção depende de um equilíbrio entre hormônio, nervos e circulação. Por isso, o tratamento precisa ser individualizado”, afirma Facio.

Reposição hormonal pode afetar a fertilidade

 

Homens que ainda desejam ter filhos devem redobrar a atenção. “A testosterona pode reduzir a produção de espermatozoides, por isso não é indicada para quem quer ser pai”, explica o especialista.

Segundo ele, existem outras formas de tratamento para melhorar os níveis hormonais sem comprometer a fertilidade.

Testosterona não causa câncer de próstata, mas exige acompanhamento

 

Facio esclarece um mito comum: “A testosterona não causa câncer de próstata, mas o urologista precisa descartar a presença da doença antes de iniciar a reposição.”

Por isso, todo tratamento deve incluir exames regulares e acompanhamento próximo. “O médico avalia se o paciente tem sintomas compatíveis e se o nível hormonal realmente exige intervenção”, afirma.

DAEM também pode causar sintomas emocionais

 

Os efeitos do DAEM vão além do físico. O urologista explica que a queda de testosterona pode gerar sintomas parecidos com depressão, como desânimo, irritabilidade e falta de motivação.

“O médico precisa diferenciar o que é quadro emocional e o que é hormonal. A avaliação clínica é essencial para evitar diagnósticos errados e tratamentos desnecessários”, diz Facio.

Homens estão falando mais sobre saúde sexual

 

O comportamento masculino tem mudado, segundo o especialista. Hoje, muitos homens vão ao urologista acompanhados das esposas ou filhas e essa participação ajuda na conversa e no diagnóstico, segundo ele.

Facio destaca que o mesmo ocorre entre casais LGBTQIA+, que também procuram orientação sobre saúde sexual e reprodutiva: “A medicina sexual é inclusiva. O importante é buscar qualidade de vida, independentemente da identidade de gênero”.

A partir dos 45 anos, visitas regulares ao urologista

 

O médico recomenda que os homens comecem o acompanhamento a partir dos 45 anos. “Essa é uma idade de virada hormonal. Mesmo sem sintomas, é o momento ideal para prevenir doenças e ajustar o estilo de vida”, orienta.

Entre os exames recomendados estão testosterona, PSA, função hepática e renal. “O urologista não cuida só da próstata. Ele avalia o homem como um todo — físico, emocional e sexualmente”, diz Facio.

SUS oferece atendimento e tratamento hormonal

 

O Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino pode ser acompanhado e tratado pelo SUS. “Há serviços públicos com atendimento especializado em urologia e andrologia. Em alguns casos, até as medicações são oferecidas gratuitamente”, explica o médico.

“Cuidar da saúde masculina é uma forma de viver mais e melhor. Prevenção e acompanhamento médico são essenciais para um envelhecimento saudável”, conclui Facio.

Logo do podcast Bem-Estar — Foto: Arte/Bem Estar

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Saiba mais sobre reposição de testosterona

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