Saúde

Prefeituras diminuem ritmo de aplicação da BCG por causa da redução do envio de doses pelo Ministério da Saúde

Levantamento feito pelo JN revela que 17 estados e o DF têm recebido menos doses da vacina. Produção brasileira do imunizante está suspensa porque a única fábrica nacional paralisou atividades para se adequar às exigências da Anvisa.


Prefeituras diminuem ritmo de aplicação da BCG por causa da redução do envio de doses pelo Ministério da Saúde

Prefeituras diminuem ritmo de aplicação da BCG por causa da redução do envio de doses pelo Ministério da Saúde

Em várias cidades brasileiras, prefeituras precisaram diminuir o ritmo de aplicação da vacina BCG por causa da redução do envio de doses pelo Ministério da Saúde.

A vacina que costuma deixar a marquinha no braço direito é uma das primeiras que o brasileiro recebe ao nascer. Na semana passada as maternidades municipais de Teresina ficaram sem a BCG, que protege contra as formas graves de tuberculose. Nesta terça-feira (16), a Secretaria Municipal de Saúde recebeu 500 doses, que devem durar três semanas.

Em Cuiabá, a vacinação chegou a ser suspensa por 20 dias. Levantamento feito pelo Jornal Nacional revela que 17 estados e o Distrito Federal têm recebido menos doses da BCG.

Sorocaba, no interior de São Paulo, está fazendo agendamento. Demorou para o filho de Luísa Gabrielli Tenório de Carvalho, auxiliar de açougue, conseguir a vacina.

“Agora eu posso ver minha mãe, ver minha família, porque graças a Deus já tomou a vacina”, diz.

Em vez de 36, agora só dez postos de saúde de Belo Horizonte aplicam a vacina. A autônoma Flávia Pinto Ferreira teve que passar em quatro até achar.

“Quase chorei de desespero porque ele não tem nem imunidade direito. Ele está com 10 dias de vida de nascido”, conta.

A capital paulista oferece a vacina em maternidades, mas não há ampla oferta de BCG porque as unidades de saúde têm um dia específico na semana para a aplicação. Menos da metade da quantidade necessária do imunizante tem chegado ao estado de São Paulo.

Em um documento enviado às secretarias de Saúde, o Ministério da Saúde informou que “a disponibilidade limitada da vacina BCG no estoque nacional se deve às dificuldades na aquisição desse imunobiológico e que, a partir de abril, haveria a diminuição das doses distribuídas aos estados durante sete meses”.

Entidades científicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações, afirmam que a produção brasileira do imunizante está suspensa porque a única fábrica nacional – que pertence à Fundação Ataulpho de Paiva – paralisou as atividades no Rio de Janeiro para se adequar às exigências da Vigilância Sanitária.

Segundo a Anvisa, “a fabricação da vacina não pode ser retomada até que os ajustes sejam concluídos e, a fábrica, inspecionada”.

Adriano Massuda, que já foi responsável, no Ministério da Saúde, pelos contratos de insumos, afirma que, neste momento de baixa cobertura vacinal, o esforço deveria ser o de ampliar estoques.

“O Ministério da Saúde deveria ter se antecipado, identificado o problema de produção, buscado soluções para evitar chegar nessa situação da necessidade de fazer um racionamento de um insumo que é extremamente importante. Se a pessoa vai ao posto de saúde e não encontra esse insumo pode acontecer de não voltar. E aí a gente perder então essa oportunidade”, diz Adriano Massuda, médico sanitarista e professor de gestão em saúde da FGV.

O Ministério da Saúde tem buscado doses por meio da Organização Pan-Americana da Saúde. O que preocupa a Sociedade Brasileira de Imunizações é que a vacina também é disputada por outros países.

“As duas formas graves da tuberculose não podem voltar de maneira nenhuma. Somos um país com uma alta prevalência de circulação do bacilo que causa tuberculose. Então, crianças não vacinadas em um ambiente como esse correm um alto risco de adquirir a doença nos seus primeiros meses de vida e aí ter um desfecho possivelmente grave”, explica a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Ballalai.

O Ministério da Saúde disse que começou a negociação para compra da vacina com a Organização Pan-Americana da Saúde em 2021, após a interdição do fornecedor nacional pela Anvisa. O ministério disse que não há desabastecimento da BCG no país, que dois milhões de doses foram entregues aos estados entre abril e julho deste ano, e que a situação será normalizada no mês que vem.

Fonte: G1

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