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Médico que defendeu uso da cloroquina no tratamento contra Covid representará SP como conselheiro no CFM

Por Kleber TomazRenata Bitar, g1 SP — São Paulo

Infectologista Francisco Eduardo Cardoso Alves  — Foto: Everton Rosa/Divulgação

Infectologista Francisco Eduardo Cardoso Alves — Foto: Everton Rosa/Divulgação

O infectologista Francisco Eduardo Cardoso Alves, que defendeu o uso da cloroquina no tratamento contra Covid, representará os médicos do estado de São Paulo como conselheiro federal na nova gestão eleita para o Conselho Federal de Medicina (CFM), com sede em Brasília.

Francisco Cardoso chegou a defender o uso do medicamento antiparasitário para o tratamento precoce da doença durante a sua participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado em 2021.

“De todos os remédios testados, o que apresentou inicialmente o melhor desempenho [contra a Covid] foi a cloroquina e sua prima farmacológica, a hidroxicloroquina”, havia dito Francisco Cardoso durante sessão na CPI à época.

“Nós temos resultados, excelentíssimos senadores, nós temos resultados, não é opiniões, são fatos. Se o remédio funciona, se ele deve ou não ser aplicado de acordo com o caso clínico, dentro da autonomia médica, compete aos médicos a sobre a guarda do CFM e dos conselhos regionais de medicina. Se nesse momento eu não consigo descrever com precisão seu mecanismo de ação, isso é secundário, que os cientistas pesquisem e publiquem. Nós médicos estamos aqui para atender pessoas e salvar vidas, nada pode nos desviar desse destino”, falou Francisco Cardoso naquela ocasião.

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Apesar dessas declarações em defesa da cloroquina, a Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que não há comprovação científica de que o remédio seja eficaz no combate ao vírus.

Ainda em 2021, a presidência da Câmara de Uberaba pediu o afastamento de Francisco Cardoso do Comitê Técnico Municipal de Enfrentamento à Covid. O motivo foram os posicionamentos do médico na defesa de métodos ineficazes de combate à doença.

A escolha de Francisco Cardoso para representar os médicos paulistas no CFM ocorreu após eleição entre os membros do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp). Ele concorreu pela Chapa 2, chamada “Força médica”.

Dentre as quatro chapas que concorreram, a Força Médica foi a única que defendeu em suas propostas a resolução do CFM sobre o fim da assistolia fetal em casos de estupro.

O procedimento consiste em uma injeção de produtos que induz à parada do batimento do coração do feto antes de ser retirado do útero da mulher. Ele é recomendado pela Organização Mundial da Saúde para casos de aborto legal acima de 22 semanas.

Francisco Eduardo Cardoso Alves em depoimento na CPI da Covid no Senado Federal — Foto: Reprodução/TV Senado

Francisco Eduardo Cardoso Alves em depoimento na CPI da Covid no Senado Federal — Foto: Reprodução/TV Senado

Francisco Cardoso será conselheiro efetivo no Conselho Federal de Medicina. Enquanto o médico Krikor Boyaciyan, da mesma chapa, será seu suplente.

No total, quatro chapas concorreram à vaga para representar os médicos de São Paulo no CFM. A chapa 2 venceu com 31,37% de aprovação, recebendo 39.620 dos 126.308 votos apurados. Em segundo lugar ficou a chapa 3, “ConsCiência CFM”, com 28,19% das intenções (35.601 votos).

Francisco Cardoso terá um mandado de cinco anos junto à direção do Conselho Federal de Medicina. Todos os estados da federação terão um representante, além de um escolhido do Distrito Federal. A posse deles ocorrerá em 1º de outubro. E todos serão conselheiros até 30 de setembro de 2029.

Os conselheiros têm papel importante no CFM, principalmente em discussões e aprovações sobre métodos e procedimentos em diversos tratamentos médicos.

Fonte: G1

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