CET demite engenheiro responsável pela Faixa Azul

A demissão ocorre após a imprensa tomar conhecimento que a CET perdeu o prazo para ampliar a Faixa Azul.

O projeto da Faixa Azul foi elaborado pela CET durante a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) com o objetivo de reduzir o número de acidentes envolvendo motociclistas e teve resultados positivos. Nunes deve tentar se reeleger nas eleições municipais de 2024.

A primeira faixa foi implementada em janeiro de 2022 na Avenida 23 de maio. Um ano depois, a via não registrou acidentes mortes.

Por conta do vazamento da informação à imprensa, entre a semana passada e esta segunda (28), outras pessoas ligadas ao ex-secretário municipal de Mobilidade e Trânsito, Ricardo Teixeira, também foram desligadas.

• A Secretaria Nacional de Trânsito deu prazo de 1 ano — a partir de 8 de agosto de 2022 — para que o município implementasse mais de 14 quilômetros de faixas exclusivas para motos nas Avenidas Santos Dumont, Tiradentes, Prestes Maia e Rubem Berta, além de ampliar na Av. dos Bandeirantes;
• Atualmente, as faixas azuis existem nas Avenidas 23 de Maio e Bandeirantes;
• Nesses trechos, não houve mortes de motociclistas entre janeiro e julho de 2023;
• Nos demais endereços, mais de 200 motociclistas morreram em acidentes na cidade.

Até junho, Luiz Fernando Romano Devico ocupava a diretoria de Projetos e Planejamento da CET, mas perdeu o cargo e foi transferido para o Departamento de Banco de Dados.

Foi ele quem trouxe o conceito, concepção teórica, convocou técnicos, motociclistas, sindicatos, viajou para os Estados Unidos e outros países para entender e desenvolver o projeto.

Favorável ao projeto, Nunes iniciou uma série de mudanças no comando da CET por conta do problema gerado após a Companhia perder o prazo para ampliação e a informação chegar até a imprensa.

Na semana passada, ele nomeou o engenheiro Hemilton Tsuneyoshi para a direção do departamento de trânsito da cidade.

Tsuneyoshi tem mais de 30 anos na Companhia, mas é também sócio em uma empresa de consultoria de engenharia, a Via Expressa Engenharia Limitada, como consta no cadastro nacional da pessoa jurídica. A empresa foi aberta em 1997.

Questionado sobre um possível conflito de interesses, uma vez que o engenheiro passa a assumir cargo de chefia dentro da Companhia, o prefeito afirmou que a empresa não está em operação desde 2019, apesar de a situação cadastral aparecer como ativa.

“O engenheiro Hemilton é um engenheiro de carreira, de muitos anos na CET. A questão dele ter uma empresa não desqualifica seu histórico profissional, a sua dedicação à CET e todo trabalho que desenvolveu até aqui. Essa empresa está há mais de dez anos sem atividade. Ela consta ativa na Receita Federal, mas sem atividade, inclusive sem a emissão de nenhuma nota fiscal. Também checamos que ela nunca prestou serviços para a Prefeitura de São Paulo ou para empresas que tenham ligação com a CET”

A gestão municipal ainda alega que Hemilton Tsuneyoshi vai se desligar do quadro de sócio.

O projeto Faixa Azul, uma sinalização de segurança para as motos, já existe nas avenidas 23 de Maio e dos Bandeirantes, e precisava de uma autorização da Secretaria Nacional de Trânsito para ser ampliado.

Essa autorização foi dada no dia 5 de agosto do ano passado e a Prefeitura de São Paulo tinha um ano para ampliar o trecho da Avenida dos Bandeirantes e implementar as faixas das avenidas Santos Dumont, Tiradentes, Prestes Maia e Ruben Berta – o que não foi feito.