Ozonioterapia: técnica só poderá ser usada como procedimento complementar; entenda


Ozonioterapia virou alvo de polêmicas durante a pandemia de Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Tribuna

Ozonioterapia virou alvo de polêmicas durante a pandemia de Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Tribuna

A terapia com ozônio, chamada de ozonioterapia, que teve o seu uso autorizado após sanção do presidente Lula (PT) nesta segunda-feira (7), só poderá ser feita como um procedimento de caráter complementar.

A prática esteve no centro de controvérsias durante a pandemia de Covid-19, depois que o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), chegou a sugerir seu uso mesmo sem comprovação alguma de eficácia contra o coronavírus.

De acordo com a nova lei, precisarão ser atendidas as seguintes condições:

  • A aplicação somente poderá ser realizada por profissional de saúde com formação superior e inscrito no conselho de fiscalização profissional.
  • Só poderá ser usada por meio de equipamento de produção de ozônio medicinal regularizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
  • O profissional responsável deverá informar ao paciente que o procedimento possui caráter complementar.

Na lei, não há qualquer menção ao uso em tratamentos contra Covid ou outra doença em específico.

👉 No entanto, a Anvisa indica a ozonioterapia apenas para tratamentos odontológicos ou fins estéticos:

  • Dentística: tratamento da cárie dental – ação antimicrobiana;
  • Periodontia: prevenção e tratamento dos quadros inflamatórios/infecciosos;
  • Endodontia: potencialização da fase de sanificação do sistema de canais radiculares;
  • Cirurgia odontológica: auxílio no processo de reparação tecidual; e
  • Estética: auxílio à limpeza e assepsia de pele.

A agência reiterou que, na prática, a aprovação da legislação não traz alterações substanciais. Ou seja, a indicação deve continuar valendo exclusivamente para essas aplicações.

Anvisa afirmou ainda que empresas que quiserem a regularização de novos equipamentos para outros usos deverão fornecer estudos clínicos validando sua eficácia e segurança.

O uso de dispositivos não regularizados pela agência ou com indicações de uso diferentes configura infração sanitária.

Críticas de entidades médicas

A autorização da ozonioterapia contraria os posicionamentos de diversas entidades médicas do país, que alegam falta de evidências científicas para o uso terapêutico dela.

A Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz) alega que o procedimento é uma opção para tratar várias condições médicas, incluindo feridas causadas por problemas de circulação, úlceras diabéticas e queimaduras diversas.

A entidade também defende que a terapia com ozônio é uma possível alternativa para casos de hérnias de disco, dores nas costas e até para aliviar dores nas articulações decorrentes de inflamações.

No entanto, vozes críticas dentro do campo médico levantam dúvidas sobre a eficácia de tratamentos do tipo e citam a ausência de estudos científicos como o principal ponto de comprovação de sua ineficácia.

A Academia Nacional de Medicina (ANM) e a Associação Médica Brasileira (AMB), por exemplo, têm manifestado ceticismo em relação ao uso do ozônio como terapia.

Alinhado a esse ponto de vista, o Ministério da Saúde expressou inclusive a recomendação de rejeitar a lei, fundamentando-se na mesma razão, apesar de a terapia fazer parte do SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2018. Apesar disso, a pasta diz que só disponibiliza a ozonoterapia em tratamentos odontológicos.

g1 questionou o CFM para saber a posição do órgão após a aprovação da nova lei e se a entidade poderia ampliar os usos da técnica no país. Até a última atualização desta reportagem, não havia se manifestado.

Fonte: G1

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