Torcedor do Flamengo preso no Rio por morte de palmeirense chega em SP e será ouvido nesta manhã

Segundo a Polícia Civil, ele aparece arremessando uma garrafa de vidro em vídeos de uma confusão entre torcedores de Flamengo e Palmeiras antes do jogo, em 8 de julho, pelo Campeonato Brasileiro de futebol masculino.

Investigadores do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) o levaram para fazer exames no IML (Instituto Médico Legal). Jonathan passou a madrugada no 8º DP (Brás), Zona Leste da capital paulista, e deve retornar ao DHPP, no Centro, no começo da manhã para ser ouvido pelos delegados do caso e prestar depoimento.

O torcedor do Flamengo foi preso em sua casa, no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, por policiais de São Paulo — que contaram com auxílio da Polícia Civil fluminense.

Segundo o laudo do IML, Gabriela Anelli morreu por conta de uma “hemorragia aguda externa traumática”. De acordo com o documento assinado pelo legista Douglas Alexandre França Bezerra, a morte ocorreu em decorrência de ação “vulnerante de agente corto-contundente”. Gabriela chegou a ser internada, mas não resistiu ao corte no pescoço.

Câmeras de reconhecimento facial da arena do Palmeiras ajudaram a identificar o torcedor do Flamengo Jonathan Messias Santos da Silva, preso nesta terça-feira (25) pela Polícia Civil de São Paulo, no Rio de Janeiro, suspeito de lançar a garrafa de vidro que matou a palmeirense Gabriela Anelli.

A informação do reconhecimento consta no pedido de prisão feito pelo Ministério Público de São Paulo (leia abaixo) e foi confirmada pela Polícia Civil.

A jovem, de 23 anos, foi atingida no pescoço durante uma confusão entre torcidas no entorno do estádio do Palmeiras, Zona Oeste da capital paulista, no dia 8 de julho. O crime aconteceu horas antes do jogo entre os times pelo Campeonato Brasileiro de futebol masculino.

“Foi identificada a pessoa. Era um cara de barba e ele entra para o estádio logo depois e é identificado pelo reconhecimento facial que tem no estádio e era a mesma pessoa”, afirmou Ivalda Aleixo, delegada do DHPP que comanda as investigações do caso, ao explicar como chegou a Jonathan.

A delegada afirmou que Jonathan é a única pessoa a jogar garrafa naquele momento em direção aos palmeirenses. Segundo o DHPP, foram mapeados os torcedores do Flamengo que vieram do Rio de Janeiro a São Paulo para assistir a partida contra o Palmeiras.

Ivalda Aleixo afirmou que em um dos vídeos que o DHPP teve acesso é possível identificar o som da garrafa se quebrando. “[A gente] Separou os ruídos de quando a garrafa bate, tem estilhaço e em um segundo ele atinge a Gabriela”, disse. “Tem imagem dele pegando uma garrafa no chão. Ele se levanta, joga. Não tinha mais nenhum objeto naquela direção que fosse causar o ferimento que causou na Gabriela”.

Segundo ela, uma outra garrafa lançada por um palmeirense em direção aos torcedores do Flamengo ocorreu depois que Gabriela já estava com a mão no pescoço. Os investigadores afirmaram que laudo necroscópico indicou que a lesão fatal causou um corte de 3 cm e provocou grave hemorragia.

Em nota, o advogado José Victor Moraes Barros, que representa o torcedor do Flamengo, informou que ele “se declara inocente. Por outro lado, estamos ingressando e pedindo acesso à investigação em curso. Com isso a defesa técnica vai requerer a revogação da prisão temporária, estando o investigado com intuito de colaborar com as investigações”.

A Polícia Civil de São Paulo prevê que Jonathan Messias Santos da Silva chegue a São Paulo ainda nesta terça-feira. A prisão é válida por 30 dias e pode ser prorrogada. Ele passará por audiência de custódia e, depois, levado para um Centro de Detenção Provisória de SP.

O promotor Rogério Leão Zagallo cita a imagem obtida na entrada do estádio para associar Jonathan ao homem de barba que foi filmado jogando uma garrafa em direção ao palmeirenses — nesta terça, Jonathan aparece de barba mais rala em comparação ao dia da partida (compare na foto acima).

“O DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, responsável pela investigação] teve acesso ao sistema de monitoramento feito por câmeras de segurança instaladas no estádio de futebol pertencente à Sociedade Esportiva Palmeiras, sendo que da avaliação dos dados que nele repousam, exsurgiu a identificação daquele ‘indivíduo de camisa cinza’, o qual não mais estava trajando tal vestimenta, pois, apurou-se, logo após ter feito o arremesso mortal, ele trocou de roupa, passando a vestir camiseta de seu time, a saber, o Flamengo”, alega Zagallo.

No pedido à Justiça, o promotor relembra a prisão de outro torcedor do Flamengo feita no dia do crime pelo delegado César Saad. Ele foi solto após o próprio Zagallo não ver provas que sustentassem a acusação de que ele lançou a garrafa em direção aos palmeirenses. A Justiça acatou o pedido e libertou Leonardo Felipe Xavier Santiago.

“O DHPP deu prosseguimento à apuração das circunstâncias do triste e lamentável fato, em especial, para identificar e individualizar a pessoa responsável pelo arremesso mortal. Esse trabalho foi exitoso e Jonathan Messias Santos da Silva foi apontado como sendo a pessoa que realizou esse arremesso”, disse o promotor.

Ele inclui no documento enviado à Justiça imagens (veja abaixo) que seriam de Jonathan durante a confusão na Rua Padre Tomás, onde Gabriela morreu, para sustentar o pedido de prisão.

A juíza Marcela Raia de Sant’Anna aceitou o pedido e avaliou que “há fundados indícios de que os crimes investigados nos presentes autos tenham sido por ele praticados”, sustentou, ao se referir ao torcedor do Flamengo Jonathan. “A prisão do suspeito se mostra imprescindível para o êxito das investigações”, determinou.

Segundo o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Jonathan Messias Santos da Silva é o homem com barba que aparece em vídeo de uma câmera de segurança atirando uma garrafa (veja abaixo).

Ele foi encontrado no bairro de Campo Grande, no Rio de Janeiro, após mandado de prisão ser expedido pela Justiça. A Delegacia de Homicídios Central (DHC) do Rio deu apoio à ação, que apreendeu o aparelho celular do torcedor para auxiliar nas investigações.

Ainda conforme a polícia, o homem está em uma unidade policial do Rio de Janeiro e, em seguida, será levado para a delegacia de São Paulo. Imagens mostram o momento que Jonathan Messias chega à delegacia de homicídios na capital fluminense (veja abaixo).

Uma coletiva de imprensa será feita pelos investigadores de São Paulo, às 11h, para detalhar como se deu a identificação e prisão do suspeito.

A Polícia de SP havia prendido Leonardo Felipe Xavier Santiago, também torcedor do Flamengo, no dia do crime. No entanto, o Ministério Público de SP pediu sua soltura e a Justiça concedeu por não ter convicção de que foi ele quem atirou a garrafa que vitimou Gabriela (leia mais abaixo).

Segundo o MP, um torcedor que tem barba, de blusa cinza, teria jogado a garrafa contra os palmeirenses, entre eles Gabriela.

Gabriela era frequentadora assídua do Allianz Parque e costumava ir ao local com os pais. Segundo o pai dela relatou à TV Globo, o Palmeiras era a vida dela.

“A diversão dela era praticamente essa. Aos finais de semana, as viagens que ela fazia. Foi a forma que ela se encontrou. Tem meninas da idade dela que gostam de ir em baile funk, gostam de ir para sertanejo, ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa. Palmeiras, e a torcida. Era isso”, disse Ettore Marchiano Neto.

A mãe da jovem também afirmou que Gabriela já tinha passado por cirurgias e superado diversos problemas de saúde ao longo da vida.

“Não foi o problema de saúde que ela tinha que matou ela, foi uma garrafa que cortou a jugular dela”, disse Dilcilene Prado Anelle dos Santos.

Os dois também estavam no estádio e só souberam do ocorrido quando a filha estava na Santa Casa.

“Nós participamos do jogo também, estávamos aguardando por ela porque a gente ficou junto com a Mancha, só que ela não chegou a entrar no estádio. Eu fiquei sabendo quando acabou o jogo, porque não tinha sinal de celular lá dentro, uma ligação. Nisso, ela já tinha sido operada, já estava descendo pra UTI.”

Na última quinta-feira (13), o delegado-geral Artur José Dian informou que a morte da torcedora Gabriela passaria a ser investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A mudança ocorreu por determinação da Justiça e após a revogação da prisão do torcedor do Flamengo Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos. Na decisão, a juíza considerou o delegado incialmente responsável pelo caso como “despreparado”.

Santiago havia sido preso e indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por homicídio doloso consumado. Ele foi liberado na quarta-feira (12) por volta das 17h40 do Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, em São Paulo.

Foram ao menos duas confusões envolvendo torcedores dos dois times. A primeira, que vitimou Gabriela, ocorreu na Rua Padre Tomás por volta de 18h. A segunda confusão teve início na Rua Caraíbas, do outro lado do estádio e próximo ao portão “A”.

Nas primeiras imagens, gravadas pela emissora ESPN, Gabriela, que fazia parte de uma torcida organizada, aparece tentando entrar na área destinada aos torcedores do Flamengo.

Na sequência, um homem de barba e blusa clara atira uma garrafa em direção aos torcedores do Palmeiras que estavam do outro lado do portão. A imagem não mostra onde a garrafa caiu.

Outros vídeos mostram momentos depois que a torcedora foi atingida pela garrafa de vidro. Em uma das imagens, é possível ver Gabriela colocando a mão no pescoço, próxima a uma barreira que divide as torcidas do Palmeiras e Flamengo na Rua Padre Tomás.

No local, há um portão para entrada de quem verá o jogo como visitante e outros dois para quem verá na torcida do Palmeiras, dona da casa.

Depois, em outro vídeo, ela está caída no chão. Ela recebe atenção de outros torcedores e primeiros socorros.

Familiares da jovem contaram ao g1 que profissionais de saúde que estavam em uma ambulância do estádio ajudaram a socorrê-la. Gabriela foi levada à Santa Casa, no Centro da capital paulista.

O corpo da palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, foi enterrado na última terça-feira (11) em Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo.

O cortejo foi marcado por forte emoção de amigos e amigas. A bateria da Mancha Verde, torcida organizada do Palmeiras da qual Gabriela fazia parte, também prestou homenagem.

“Tchau, bebê. Te amamos”, disse a avó de Gabriela.

Ao todo, cerca de 200 pessoas participaram da cerimônia. Os torcedores cantavam: “O dia que eu morrer, quero o meu caixão pintado de verde e branco, como meu coração”.