A Polícia Civil de
São Paulo investiga a denúncia de ameaça de morte recebida pela atriz e roteirista Lívia La Gatto feitas pelo
coach e influencer Thiago Schutz. O inquérito foi instaurado nesta terça-feira (28).
A artista já havia registrado um boletim de ocorrência eletrônico do caso e esteve nesta terça no 27° DP, onde representou criminalmente contra Schutz.
As ameaças foram enviadas a ela por meio de mensagens privadas em redes sociais. Lívia postou um vídeo debochando de conteúdos de homens que têm discurso de ódio contra mulheres. Na sátira, ela ironiza Schutz, sem citar o nome dele.
Depois disso, passou a receber ameaças do influenciador. Ela conta que recebeu mais de dez ligações pelo Instagram.
Ao g1, o delegado do caso, Eduardo Luís Ferreira, titular do 27º DP, afirmou que a polícia está “representando na Justiça pelas medidas protetivas para a modelo”.
O caso
Atriz Lívia La Gatto fez sátira sobre homens que divulgam conteúdo de ódio contra mulheres — Foto: Reprodução/Redes Sociais
“Você tem 24 horas para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso é processo ou bala. Você escolhe”, diz uma das postagens enviadas para a artista.
O influenciador viralizou por relatar em um vídeo como se recusou a tomar cerveja com uma mulher porque já estava bebendo Campari.
Após o episódio, ele ficou conhecido como “Coach do Campari”. No vídeo, ele afirma que a oferta seria uma espécie de “teste” das mulheres para ver o quanto ele se manteria autêntico e original.
Print das ameaças recebidas pela atriz Lívia La Gatto — Foto: Reprodução/Redes sociais
Atriz também ironizou outras tentativas de contato do coach após a ameaça — Foto: Reprodução/Instagram
Em seu site oficial, o coach Thiago Schutz se define como “escritor, palestrante e apresentador”.
Ele diz fazer parte de aconselhadores “red pill”, um movimento masculino que deturpa o conceito que veio do filme “Matrix” para supostamente valorizar a masculinidade e propagar o ódio contra grupos, em especial contra as mulheres.
Em “Matrix”, Morpheus (interpretado por Laurence Fishburne) apresenta a Neo (Keanu Reeves) duas pílulas de cores diferentes: com a azul, continuará na ilusão; com a vermelha, saberá a “verdade” do mundo que o cerca. Neo engole o comprimido vermelho e descobre que os humanos estão dominados pela inteligência artificial que criaram e presos num programa de computador.
Schutz administra uma conta no Instagram chamada Manual Red Pill Brasil, que tem mais de 330 mil seguidores.
Em vídeos publicados na página, ele afirma que mulheres são “mais caras que uma GP [garota de programa]”.
“Para o cara conseguir dar uma transadinha rápido, ele precisa comprar um carro para a mulher.” Ele diz ainda que libertinagem sexual da mulher faz com que ela “tenha muito problema para casar.”
Também critica mulheres por usarem “roupas curtas”. “De repente aquele cara não está confortável com a namorada dele usando aquela porra daquela roupa.”
Postagem feita nas redes sociais — Foto: Reprodução/Instagram
Outras denúncias
Além de Lívia, outras duas mulheres relataram à reportagem também terem sido alvo de ameaças do influenciador.
Andressa Ricci conta que viu o post que ele printou da conversa com a atriz Lívia La Gatto. Ela respondeu a publicação dizendo para ele mostrar também a ameaça que fez contra ela.
Em seguida, ela conta que ele ligou para ela pelo Instagram e que ela não atendeu.
Na sequência, ele mandou dois áudios. O primeiro dizendo que as mesmas ameaças feitas contra a Lívia, eram contra ela também. Esse ele apagou na sequência.
No segundo áudio, ele a intima para uma conversa pessoalmente, perguntando se ela era mulher só pela internet.
Ela disse que pretende registrar um boletim por ameaça.
A intérprete e sambista Bruna Volpi também postou um vídeo sobre Thiago Schultz e diz ter recebido inúmeras ligações durante a madrugada de sábado (25) por meio do perfil dele nas redes sociais.
Print de intimidações enviadas pelas redes sociais a mulheres — Foto: Reprodução/TV Globo
Grupo Campari emite nota contra misoginia e ameaças
O Grupo Campari emitiu uma nota afirmando não ter nenhuma relação com o influenciador.
“O Grupo Campari, em razão dos últimos acontecimentos envolvendo o nome da companhia, vem a público informar que não tem, e nem nunca teve, nenhum tipo de relação, vínculo ou contato com Thiago Schutz”, diz.
No texto, a empresa ainda afirma que “se solidariza com todas as mulheres que foram envolvidas nesse caso de misoginia e ameaças, e rechaça veementemente toda atitude preconceituosa e violenta manifestada por este influenciador.”*.
Fonte: G1