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Adolescentes denunciam racismo em loja de eletrodomésticos do Shopping Pátio Higienópolis, área nobre de SP

Jovens filmaram momento em que estavam sendo seguidos por segurança do estabelecimento. Em nota, FastShop informou que ‘repudia todo e qualquer ato discriminatório’ e que “iniciou uma investigação para apurar o ocorrido’.


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Adolescentes denunciam caso de racismo estrutural

Familiares de três adolescentes negros abriram um boletim de ocorrência contra uma loja de eletrodomésticos do Shopping Pátio Higienópolis, na Zona Oeste de São Paulo, por racismo. Os garotos gravaram o momento em que estavam sendo seguidos por um segurança da loja FastShop.

No vídeo com cerca de 2 minutos, é possível ver que o funcionário passa atrás dos garotos pelo menos sete vezes.

Segurança aparece cerca de 7 vezes atrás dos adolescentes — Foto: Reprodução/TV Globo

Segurança aparece cerca de 7 vezes atrás dos adolescentes — Foto: Reprodução/TV Globo

“Seguinte, mano, tem um cara olhando para nós, para todo lugar que nós vai, então vão ficar olhando. Aí, o cara vem atrás, o cara vem atrás, ó”, disseram em vídeo.

Os jovens tinham ido ao cinema e resolveram dar uma volta no shopping depois do filme. Ao perceber que o caso se tratava de racismo estrutural, a mãe de um dos garotos ligou para o shopping para conversar com a gerente.

“Ela [gerente da loja] até falou que a loja tem tido muita reclamação dos clientes não estarem sendo atendidos, não ter alguém por perto. Nisso, eu respondi: ‘Mas o que uma criança de 13 anos vai comprar no setor de geladeira e fogão?’ Eles estavam ali sendo adolescentes. Foram ali fazer uma graça e só isso. O fato de eles serem pretos determinou a postura do profissional”, afirmou Sandra Regina Leite Campos, professora universitária.

O jornalista Djalma Campos, pai de um dos garotos que gravou o vídeo, abriu um boletim de ocorrência contra a loja.

“Eu tenho 51 anos e isso acontece comigo há 48 anos, desde que eu me conheço por gente. Mas eu não posso ficar calado quando isso acontece com meu filho. Eu não posso mais aceitar que ele seja perseguido em shoppings, em aeroportos, que ele seja perseguido em lojas que eu frequento até. Eu não posso aceitar isso. E isso acontece com muita frequência. Isso acontece todo dia, isso acontece sistematicamente com a gente”, afirmou.

“Senti muito nervosismo. Era a minha primeira saída sozinho e logo de cara acontece isso”, disse um dos garotos.

Em nota, a FastShop informou que “repudia todo e qualquer ato discriminatório” e que “iniciou uma investigação para apurar o ocorrido”. Disse ainda que “caso seja comprovada qualquer atitude irregular ou discriminatória por parte de algum colaborador, todas as medidas cabíveis serão adotadas”.

O Shopping Pátio Higienópolis afirmou que “entrou em contato com a cliente e com o lojista para apurar os fatos” e que “repudia qualquer ato que denote discriminação ou qualquer forma de racismo”.

Recorde de denúncias em 2022

Segundo dados da Secretaria de Justiça e Cidadania do estado de São Paulo, somente em 2022, já foram registrados 265 casos de discriminação pelos canais da pasta. O número já é maior do que o total registrado entre 2019 e 2021, quando foram 251 casos.

O secretário da pasta, Fernando José da Costa, informou que atualmente, não é preciso que a vítima abra uma denúncia para que seja instaurado um processo administrativo.

“Qualquer notícia de caso de discriminação nós abrimos um procedimento administrativo, tentamos uma mediação entre o suposto ofensor e o ofensivo num convênio com o Tribunal de Justiça e, não se chegando à mediação, a um acordo, abrimos um processo administrativo. Racismo é crime com pena de prisão. Além da pena de prisão, existe o nosso processo administrativo no estado de São Paulo.”

Fonte: G1

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